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Se você não quer se frustrar no fim do ano, não desista da academia

Em janeiro todo mundo fica animado com o 'projeto fitness', mas poucos chegam ao Carnaval no mesmo pique

Por Jéssica Fernandes | 08/01/2024 07:03
No Belmar Fidalgo turma disputa partida de vôlei na areia. (Foto: Alex Machado)
No Belmar Fidalgo turma disputa partida de vôlei na areia. (Foto: Alex Machado)

O ano começa e muitos ficam inspirados a fazer musculação, caminhar no parque, jogar futebol e iniciar a dieta. Janeiro é o mês em que muitos se impõem a levar uma rotina mais saudável, sem excessos com a comida ou álcool, porém poucos terminam o ano tendo cumprido a promessa do ‘projeto fitness’.

“Esse ano eu vou secar", “Esse ano eu fico gostoso (a)”, “Agora vou levar a sério a academia” são algumas das frases usadas por quem promete pegar firme nos treinos , mas começa a desanimar antes do fim do Carnaval.

Ter constância, organizar a rotina e até mesmo preparar as marmitas não é tarefa fácil, mas também não é impossível. Para ajudar o pessoal a cumprir a promessa de ano novo, o Lado B conversou com o treinador Lucas Sousa Miralles, o Mira, que traz recomendações de como inserir a atividade física na rotina e estabelecer metas coerentes.

Em parques da cidade, público aproveita para fazer exercícios físicos. (Foto: Alex Machado)
Em parques da cidade, público aproveita para fazer exercícios físicos. (Foto: Alex Machado)

Além disso, a reportagem conversou com duas pessoas. Uma compartilha como conseguiu fechar 2023 sem desistir da ‘vida fitness’ e outra expõe quais são as principais dificuldades que sente quanto tenta retomar os treinos.

O primeiro exemplo é da Bárbara de Melo Meira, de 25 anos, que há 1 ano faz musculação e pilates. A publicitária começou para incentivar a mãe, fim pegou gosto e não parou mais. Antes de conseguir treinar seis vezes por semana, ela conta que enfrentou praticamente as dificuldades que todo mundo sente no começo.

“Os desafios do começo foram mais de dentro pra fora. Medo dos olhares das pessoas por eu não ter o corpo ‘perfeito’, por não saber fazer os exercícios, não pegar as cargas mais pesadas. Aos poucos fui deixando esses medos caírem por terra, afinal, todo mundo começa de algum lugar”, afirma.

Devido a questões pessoais, a mãe dela precisou parar de fazer atividade física. Para conseguir ter mais resultados, a publicitária buscou acompanhamento profissional e essa escolha também fez toda a diferença.

O resultado é que hoje Bárbara consegue aliar musculação, dieta e o pilates na rotina.  Um dos incentivos, segundo ela, foi ver que conseguia cumprir os treinos e separar algumas horinhas do dia para fazer os exercícios.

“Comecei dieta e acompanhamento profissional e fui pra uma academia maior. O que me fez continuar foi o sentimento de potência que um exercício físico te dá. Que eu consigo fazer o que me é proposto nos treinos, consigo seguir minha dieta, consigo priorizar aquele tempo na minha rotina”, comenta.

Claudia Borgonha, de 36 anos, teve o primeiro contato com a musculação aos 15 anos. Na época, ela entrou na academia por influência do pai que também malhava no local. A servidora pública, assim como muitos, enfrenta dificuldades em dar continuidade aos treinos. Por isso, entre idas e vindas, ela começa a treinar e para.

Além da academia na adolescência, ela chegou a fazer ginástica olímpica,  vôlei, basquete, handebol e futsal. Já na fase adulta fez funcional, crossfit e muay thai. “Mas faço por um tempo e acabo parando”, justifica.

Das principais dificuldades que enfrenta para não desistir dos exercícios, Cláudia cita as duas principais. “Acho que a rotina corrida de trabalho e afazeres de casa somada à monotonia dos exercícios de musculação são os impeditivos para permanecer focada”, diz.

No começo do ano, ela é uma das que ficam animadas para retomar a musculação. Por trabalhar a noite e só conseguir treinar no horário de almoço, a servidora pública acaba perdendo a frequência na musculação.

“A gente começa super empolgada, mas a rotina cansa e você entende que o feito é melhor que o perfeito. Admiro quem diz que ama treinar. Pra mim é bem chato por isso já tentei diversas outras atividades”, fala. Agora, Cláudia pretende retomar a musculação por acreditar que é a melhor atividade para quem passou dos 30 anos.

Como não desistir do projeto fitness -  Com seis anos de atuação na área, Mira sabe muito bem como é o movimento na academia no primeiro mês do ano. A demanda nesse período, segundo ele, realmente cresce e não só nesse espaço.

“Nesse começo de ano tem uma procura mais alta mesmo. E muito dessa procura são pelas promessas para o ano que se inicia, é uma ótima época pra tentar fazer com que as pessoas cuidem mais da saúde, da alimentação e tenham uma vida mais ativa. Normalmente esse é um período mais ‘lotado’ para as academias, estúdios e até em praças e parques públicos”, esclarece.

Trabalhando com vários alunos e observando o exemplo de cada um, Mira faz uma recomendação que é válida para todos que estão recomeçando ou começando pela primeira vez na musculação. A sugestão, segundo ele, é também uma boa forma de evitar ficar frustrado logo de cara.

“Vou fazer uma recomendação baseada na minha prática: tenha metas em níveis diferentes. Não adianta sair do zero total e do sedentarismo e querer ir 7 vezes por semana na academia, só comer salada, pegar muita carga nos exercícios etc. Comece devagar, coloque uma meta inicial de 3 vezes, mas se conseguir ir mais, depois vá aumentando”, destaca.

Dando um exemplo de como essas metas podem ser postas em prática, ele fala. “Pensar em níveis como um nível inicial: exercícios 3x na semana, dieta de segunda a sexta; intermediário: exercícios de 3 a 5x na semana, dieta de segunda a sábado; avançado: exercícios de segunda a sábado e dieta todos os dias, com uma a duas refeições livres na semana”, pontua.

Na rotina de atendimento, uma das principais abordagens utilizadas pelo treinador é alinhar o dia a dia da pessoa com as atividades e dieta. Conhecer os objetivos que o aluno tem também é um dos caminhos. “Eu procuro entender a rotina e o que a pessoa gosta, além de outros fatores que são necessários para prescrever o treino. O nutricionista da minha equipe monta o plano alimentar (dieta) de uma forma que a pessoa coma o que gosta, consiga pagar e tenha disponível. Nós sempre moderamos o que a pessoa quer e o que a pessoa precisa”, declara.

Outra parte que é essencial na busca por uma vida mais saudável não está ligada diretamente a constância nos treinos ou a dieta. Mira ressalta que é importante não se comparar com outras pessoas e o correto é olhar para si mesmo.

“As pessoas gostam de resultado, de ver seu trabalho dando certo. Logo, se comparar com você e não com outras pessoas é a forma ideal para ver resultados. Objetive os resultados que você quer em níveis também, como: dormir melhor e não cansar para subir as escadas; perder 5 a 10kg e voltar a vestir uma roupa antiga; me sentir bem em ir para a piscina e incentivar outras pessoas”, afirma.

Neste janeiro vale muito aproveitar a animação para se matricular na academia ou engatar qualquer outra atividade física. O negócio é ter disciplina e não desistir no meio do processo. “Aproveite a motivação para dar um gás, mas não dependa só da motivação. A constância é a chave para resultados mais consistentes”, conclui o professor.

Enquete - No domingo, o Campo Grande News realizou enquete com a seguinte pergunta: "Você tem dificuldade em incluir atividades físicas na rotina?". A maioria, 71%, disse que sim, enquanto 29% responderam que não. No Facebook, leitores deixaram comentários falando o motivo de não conseguirem começar a treinar, como conseguiram manter a constância e outras experiências pessoas.

"Tenho, principalmente em academia, vivem cheias, onde a maioria dos alunos apossam do aparelho, ficam uma eternidade pra fazer o ciclo de atividades porque mexem no celular e quando você pede para revezar fazem maior cara feia", escreveu Anderson Menezes.

"Tinha! Hoje não tenho mais. É só começar. Se obrigar a ir, lembrar que motivação é o que menos importa, o que é importante mesmo é a disciplina. Só vai", escreveu Pedro Gueiros.

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