Treino online prova que isolamento não é sinônimo de sedentarismo
Com a proibição de frequentar espaços lotados e parques, a solução é usar colchão do quarto e garrafa com água para se exercitar
O isolamento imposto para algumas pessoas pelo risco de contágio do coronavírus aumenta a vontade de pedir um lanche no iFood e ficar deitado o dia inteiro assistindo série. Academia, corrida, caminhada no parque e qualquer outra atividade física é geralmente deixada para depois. Mas as estratégias criadas por algumas academias de Campo Grande buscam provar que a quarentena pode ser um ótimo momento para deixar de lado o sedentarismo.
A rotina do proprietário de uma academia de treino funcional, a Life30, Eder Vagner, mudou bastante nos últimos cinco dias. Com a recomendação de evitar locais com aglomeração de pessoas e grandes chances de contato físico, emitida através do decreto Prefeitura Municipal no último dia 15, esvaziaram os 18 horários de treino no espaço, que tem 260 alunos. Para que não ficassem sem se exercitar, ele decidiu gravar as aulas com seu próprio celular e disponibilizar para os alunos em seu canal no Youtube. A primeira gravação aconteceu nessa quarta-feira (18).
“A gente sabe que se exercitar quando estamos em coletivo é muito mais fácil. Ficar em casa não tem que ser um momento de ausência de atividade física, pode servir para mostrar para os nossos alunos que eles podem se superar, porque conseguir fazer uma atividade sozinho não é fácil, depende só de você”, explica.
A ideia é usar objetos que já estão na sala de estar, cozinha e quarto, para continuar o que já era feito na academia. “Aqui os alunos tem seu próprio colchonete e halteres para treinos. Em casa podem pegar os colchões e garrafas com água para fazer peso, por exemplo”.
Enquanto grava a série de exercícios do dia, Eder se preocupa mais do que com a iluminação do vídeo e o tom de voz no microfone, acoplado a uma caixa de som com amplificador. Ao seu lado, um dos nove personais da academia 30 explica, para quem está em casa, como fazer os movimentos sem se machucar. “Além do exercício físico aumentar a imunidade, que é o que precisamos nesse período de medo do coronavírus, há também o estresse causado pela quarentena, e se exercitar pode ajudar a reduzir isso”, afirma Eder.
Um dos instrutores, Júnior Lourenço, explica que os treinos são montados de acordo com a necessidade dos alunos e respeitando o que cada um consegue fazer. “Apesar de termos treinos programados por dias da semana, o corpo de cada um é o limite respeitado. Quem tem problema na coluna, por exemplo, vai substituir alguns exercícios pesados por mais leves”, detalha.
Com o passar dos dias, Eder planeja gravar mais vídeos “para deixar de gaveta”. Por enquanto, serão postados um por dia, com o tempo equivalente às aulas, que é de trinta minutos.
O que não faltam são lives e vídeos no Youtube para incentivar quem pratica exercícios a não parar. Instrutora de yoga, Fabrícia Sampaio tem feito as aulas através do Skype e os alunos que desejam manter o equilíbrio podem se conectar e praticar no match em casa.
Há também quem esteja fazendo isso abertamente, em ao vivos, para todo o público, como a instrutora Bia Godoy pelo Instagram ou no canal no Youtube.