Usando fogo para transmutar energia, cone hindu é terapia bem curiosa
A técnica também promete alivio de sintomas físicos da sinusite, alergias respiratórias e dores de cabeça..
Observando de longe, a prática é no mínimo curiosa. Em um ambiente tranquilo, a monotonia da meia luz é quebrada pela inconstância do fogo acendido na extremidade mais larga de um cone, enquanto a ponta mais fina é colocada no ouvido de quem está deitado na maca.
Depois de assistir ao processo e conversar por cerca de uma hora com as terapeutas do projeto “Mão de Luz”, também tive a curiosidade de testar. Feito com algodão, embebido em parafina e cera de abelha é “escorregadia” ao toque, com textura sedosa, muito similar a uma vela. A experiência é peculiar e pode parecer estranha no começo, principalmente, dentro do ouvido.
Aos poucos, o calor se alastra pelo tubo, nem quente demais, nem muito morno, apenas o suficiente para trazer com ele a sensação de relaxamento. Vindo da ponta, o som do crepitar é quase distante, ficando um pouco mais alto a medida que a cera queima, capturando a atenção para si e trazendo lentamente uma sensação de isolamento, deixando de fora qualquer outro som ou pensamento.
A técnica conhecida como Cone Hindu, ou Cone Chinês, é milenar e com fins terapêuticos, ao contrário do que muita gente pensa, não é usado na remoção de cera. O fogo “consome” o ar dentro do tubo, criando uma suave sucção que retira o excesso de muco acumulado nas vias auditivas. “Aplicando no ouvido e acendendo a ponta, o fogo causa um turbilhonamento dentro do cone, produzindo energia que é responsável por melhorar os sintomas que ela tem, tanto físicos, quanto emocionais”, explica a terapeuta Rosane Zamberlan Bellé, de 58 anos, especializada no assunto, ela realiza a sessão há cerca de dois anos.
Quando se trata de “dores do corpo” a prática ajuda a atenuar os sintomas de dores de cabeça, enxaquecas, excesso de muco na garganta, no ouvido, e no nariz, labirintite, inflamação nas vias olfativas, auditivas e até gustativas, sinusite, rinite e outros tipos de alergia respiratória. Já o alinhamento dos chakras cuida da alma e das dores emocionais como ansiedade, estresse, nervosismo, melhora a atenção e centraliza a energia emocional e espiritual, trazendo mais clareza aos pensamentos.
As sessões duram de 30 a 40 minutos, Adriana Moreli, de 49 anos, uma das idealizadoras do “Mãos de luz” relata que o tempo médio depende da pessoa que recebe o tratamento. “Alguns cones vão queimar mais rápido, outros vão demorar mais. Se esse paciente está energeticamente bloqueado, leva mais tempo. Às vezes existe a necessidade de usar mais de um cone. O fogo é transmutação, essa energia é muito presente”.
Durante a queima, a cera não escorre e quem aplica garante que nenhum resíduo cai no ouvido do cliente. Os resíduos encontrados na base do cone ao fim da prática são passíveis de interpretação de acordo com Iara Carvalho, de 58 anos, parceira de Andreia no projeto. “Às vezes, quando você abre a base do cone fica um pó bem fininho, semelhante a uma cinza, mas é que é resultado dos fluidos vibracionais, ligado às emoções. Quando os sintomas são físicos o resultado é uma secreção”.
Indicada por uma amiga, a pedagoga Karine Matilde de Souza Teixeira, de 41 anos, participa das sessões do projeto há dois anos. A primeira experiência dela foi com Barra Acesse, uma ferramenta da terapia energética que trabalha 32 pontos energéticos localizados na cabeça, O objetivo é desbloquear os sentimentos e emoções inconscientes. Depois de experimentar o processo e gostar, ela se interessou também pelas outras alternativas oferecidas, entre elas o cone hindu.
“Eu sentia muita coisa acumulada, estresse, andava muito nervosa. Com o tratamento do cone, veio também a clareza de ideias, o direcionamento das atitudes e um relaxamento profundo. As coisas passaram a fluir melhor”, relata.
Adriana diz que a prática não está relacionada a doenças, mas é uma questão de qualidade de vida e bem-estar. “O corpo não é apenas a matéria física, temos o físico, o espiritual e o emocional e trabalhamos em várias camadas. Se fossemos apenas o físico, a alopatia, tratamento feito com remédios, funcionária igual para todos. 90% das doenças têm um fundo emocional, existe o trabalho do médico e os tratamentos tradicionais, mas também existe essa opção que se torna uma aliada”, explica. É importante lembrar que as terapias holísticas não substituem ou excluem o acompanhamento médico, elas são um complemento.
Contradição - Existem poucos estudos científicos na área, o que deixa os otorrinolaringologistas com um pé atrás na hora de se pronunciar sobre a prática. A reportagem procurou alguns especialistas na Capital, mas teve dificuldades em encontrar alguém disposto a falar. Como opinião pessoal, médico que prefere não se identificar devido a complexabilidade do tema, alerta para os perigos da técnica.
“A cera é uma proteção do organismo, todos nós produzimos cera, ela tem um ph diferente que protege contra infecções. Mas se ela entupir o ouvido ou obstruir a audição é necessário remover, caso contrário, não". Segundo ele, também existe o risco de queimaduras ou de cair algum tipo de resíduo dentro do ouvido. "O cone é um tubo que, ao ser colocado no ouvido gera vácuo e puxa o que tem lá de dentro, funciona com um aspirador. É importante observar quem faz, do que é feito, é complicado você colocar algo no ouvido sem ver o que tem dentro ou em que condições o aparelho auditivo se encontra. Na medicina não podemos afirmar que algumas situações ocorram sempre, ou que nunca vão ocorrer Temos sempre que olhar com os dois lados, ver quem faz, que tipo de procedimento é”, adverte.
Mãos de luz - Terapeutas holísticas, Adriana Moreli e Iara Carvalho, são as responsáveis pelo projeto que conta com outras 12 profissionais. O trabalho realizado é ligado à energia das mãos, o que deu nome ao grupo que atende às terças-feiras com uma taxa social de R$ 35.
O objetivo é ampliar o alcance das terapias energéticas, principalmente barras access e o reiki, prática japonesa que canaliza energia universal através das mãos, restabelecendo o equilíbrio da energia vital. As terapeutas também realizam o cone hindu.
Para agendar o atendimento é possível entrar em contato pelos números: (67) 99225-2115 (Adriana Moreli) ou (67) 99292-2380 (Iara Carvalho)