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Tem hospital preocupado com gente que muda rota para achar ginásio Pokémon

Thailla Torres | 05/08/2016 06:20
Casal resolveu almoçar próximo de um dos ginásios e (Foto: Fernando Antunes)
Casal resolveu almoçar próximo de um dos ginásios e (Foto: Fernando Antunes)

Desde que o aplicativo Pokémon Go foi lançado no Brasil, em Campo Grande tem muita gente que até mudou o percurso habitual para capturar o maior número de monstrinhos possível. Além das praças e parques, que vem atraindo os jogadores por conta da maior concentração de Pokémons, até igreja e hospital virou "ginásio" do jogo e local de parada dos usuários.

O Hospital El Kadri, na Rua Arthur Jorge, é um dos locais representados no aplicativo como ginásio, onde os monstros são colocados para batalhar. Neste caso, quem for mais forte, assume o comando do prédio. Mas é lógico que só de brincadeira.

A recepção do centro médico também serve de PokéStop, para jogadores recarregarem pokebolas, outra novidade e tanto para funcionários que até então sofriam só com a vida real.

Pela manhã empregados e pacientes já estavam ouvindo pelos corredores que o hospital seria alvo de pessoas em busca de Pokémons, mas muitos ainda não compreendem o que isso significa.

Diretor de hospital foi pego de surpresa com sucesso do jogo. (Foto: Fernando Antunes)
Diretor de hospital foi pego de surpresa com sucesso do jogo. (Foto: Fernando Antunes)

Mafuci Kadri, médico e diretor, pede só bom senso da garotada. "Eu apenas vi no noticiário, mas o resto desconheço. Acho apenas que é uma brincadeira, mas as pessoas precisam entender que aqui é um hospital. Existe a preocupação de alguém começar a andar por aqui procurando algo, mas eu não acho que as pessoas de Campo Grande vão fazer isso...", comenta. 

O estudante Andrei de Farias, de 26 anos, enquanto aguardava o horário de visita, tirou o celular do bolso na esperança de achar um Pokémon na recepção, aproveitando uma oportunidade que não parece nada agradável. "Eu estava esperando por isso faz dias. Meu avô está internado e eu soube hoje que aqui era um ginásio, então resolvi aproveitar ", ri. 

Já o advogado João Marcos Daniel, de 23, precisou até mudar a rota na hora do almoço. "Pessoal está tudo meio doido né. Mas eu estava indo pagar conta, resolvi pegar esse caminho pra ver se achava alguns em frente ao hospital", explica.

Ramon e Lucas diminuíram o almoço para passar em frente a estátua. (Foto: Fernando Antunes)
Ramon e Lucas diminuíram o almoço para passar em frente a estátua. (Foto: Fernando Antunes)

Também é o caso dos amigos Lucas Delmondes, de 19 anos, e Ramon dos Santos, de 17. Eles foram ao extremo, deixaram de lado o almoço e correram para estátua Themis, Deusa da Justiça, que fica em frente ao Fórum, na Rua da Paz. Ali também é um espaço de batalha e não foi difícil encontrar adultos na caçada.

"A gente prometeu para o chefe que chegaria na hora, por isso a gente almoçou rapidão e veio pra rua. Não temos muito tempo", diz Lucas. Já o amigo, nem se importou muito com a alimentação. "Desde ontem a gente está na captura e comida a gente tem todo dia, mas Pokémon não. E a gente veio aqui para tentar entrar no comando do ginásio", justifica. 

Pelas ruas é muito fácil achar marmanjos fascinados pelo aplicativo que usam a saudade dos tempos de desenho animado para justificar a nova mania. João Bellé, de 30 anos, assume que já virou vício. "Vai ser difícil ficar sem, isso daqui é para gente que tem mais de 30 anos, porque nós acompanhamos também o desenho. Na verdade isso daqui é a vontade que a gente mais tinha quando era mais novo", comenta.

E a busca começou já de madrugada. "A gente estava no médico e resolveu almoçar aqui perto para passar em frente ao Forúm. Ficamos até de madrugada no condomínio caçando Pokémon, acho que os vizinhos pensaram que somos loucos", explica a esposa, Andreia Luiz Ferreira, de 31 anos.

E vale de tudo achar um ginásio lotado de monstrinhos. (Foto: Fernando Antunes)
E vale de tudo achar um ginásio lotado de monstrinhos. (Foto: Fernando Antunes)

Entre um julgamento e outro, na frente do Fórum, até advogado resolveram descobrir o jogo que conquistou o mundo. "Tenho filhos adolescentes em casa. Meu amigos já comentaram em grupos e eu resolvi baixar para descobrir se consigo achar um Pokémon mesmo", disse o advogado Paulo Ribeiro.

No entanto, tem gente que ainda está achando a brincadeira surreal. O vendedor de água de coco, em frente ao Belmar Fidalgo, Antônio de Almeida, de 46 anos, diz que ficou assustado quando viu aglomerado de pessoas na praça. "Eu desde cedo comecei a ver todo mundo olhando pro celular e não estava entendendo. De repente, um menino se ajoelhou na minha frente eu até achei que estava rezando, aí ele me explicou que era esse tal de Pokémon, mas eu sinceramente não sei pra que serve", diz. 

O servidor público José Bispo da Silva, de 58 anos, se preocupa com a desatenção dos jovens pelas ruas. "Fico preocupado com meus netos e essa gurizada andando sem olhar pra rua. Imagina se alguém é atropelado? Eu sinceramente não vejo razão pra isso isso existir", crítica. 

O trânsito realmente pode piorar se o povo não maneirar na mania mundial. Na Avenida Ceará, mesmo sem opção para estacionar, veículos param em comércios para capturar pokébolas e a garotada nem pensa em faixa de pedestres para atravessar a rua em busca de Pokémon. 

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Em turma, alunos de uma escola correm pela Avenida Ceára atrás dos monstrinhos. (Foto: Fernando Antunes)
Em turma, alunos de uma escola correm pela Avenida Ceára atrás dos monstrinhos. (Foto: Fernando Antunes)
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