Aos 58 anos, Antônio realizou sonho vendendo comida em borracharia
Nem precisar “andar” 17 km fez com que ele e a esposa desistissem de ter o ponto no Guanandi
Dividindo espaço com uma oficina mecânica e salão de carros, Antônio Santclair, de 58 anos, vem realizando o sonho de uma vida: ter um espaço para vender sua comida. Ao lado da esposa, Ercy Vieira Aguiar da Cruz, o motorista deixa sua casa diariamente no Indubrasil ainda de madrugada para abrir as portas da última conquista na Avenida Bandeirantes.
Integrada à oficina mecânica no bairro Guanandi, três mesas pretas e alaranjadas dividem espaço com os carros à venda. No pequeno espaço, o casal vem angariando fregueses que param no local para comprar os veículos ou fazer algum reparo, além de convidar quem passa pela avenida movimentada.
Ainda em fase de ajustes, Antônio não consegue deixar de comemorar o primeiro mês de funcionamento da cozinha. Ao lado de Ercy, ele comanda a “Cantina du Chef” com almoço tradicional, marmitex, salgados e pastéis fritos na hora.
Longe de ter imaginado que seu sonho se realizaria ao lado de pneus pendurados no teto, Antônio conta que Deus é quem preparou o espaço e o momento. Agora, narra que cabe a ele e a esposa “andarem” 17 quilômetros desde o lar até o trabalho para fazer a realização prosperar.
“Eu sempre cozinhei e gostei de cozinhar, isso desde criança. Quando cresci, cozinhei no serviço, depois conquistei minha esposa cozinhando e chegou a hora de cozinhar para os clientes”, diz Antônio. Confirmando a história, Ercy divide as panelas com o marido e garante que a clientela já tem aprovado.
De segunda até sexta-feira, os dois chegam à esquina da Bandeirantes com a Dr. Mario Quintanilha por volta das 6h e garantem que até 6h30min tudo já está em funcionamento. “De manhã a gente faz chipa, pão de queijo, salgado e vai fritando pastel. Aí lá pelas 9h começamos a fazer o almoço, cada dia é com um tipo de comida, mas sempre tradicional”, diz Ercy.
Contando que tudo está passando por testes, o proprietário conta que a ideia de ter seu espaço é antiga e que até tentou investir na própria marmitaria anos atrás. “Mas eu era bem novo, aí acabei voltando a ser motorista. Hoje eu ainda trabalho como motorista no outro turno, saindo de lá já venho para cá e consigo dormir um pouco depois de sair daqui, pela tarde”.
Mesmo com o longo trajeto a ser feito entre o Indubrasil e o Guanandi, além de lidar com a outra profissão, Antônio diz que tudo vale a pena. Explicando sobre sua história com a comida, ele se recorda de ainda criança cuidar da alimentação dos irmãos. Desde então, o carinho pela culinária não foi abandonada.
“Meus pais trabalhavam na roça e antes de eu ir para escola precisava cuidar dos meus irmão, então fazia a comida e deixava todo mundo de banho tomado. Depois, já adulto, continuei cozinhando e um dia, no serviço, precisei cozinhar. O pessoal adorou, meu chefe até perguntou se eu não queria mudar de motorista para cozinheiro”, detalha o proprietário.
Ele conta que na época não se via trabalhando profissionalmente como cozinheiro, mas o tempo passou e a vontade acabou crescendo até chegar à Avenida Bandeirantes. “Todo mundo se assusta quando a gente fala que é do Indubrasil porque é longe. Mas foi um bom local que encontramos aqui, precisamos vender até nosso carro para conseguir o ponto, mas sei que vai dar certo”, diz.
E, focando no sonho, o casal diz que nem se importa de madrugar e criar novas rotinas. Mas, é claro, esperam que cada hora de sono diminuída e quilômetro rodado continuem dando alegria no ponto.
Para conhecer o espaço do casal é necessário ir à Avenida Bandeirantes, esquina com Rua Dr. Mario Quintanilha, de segunda até sexta-feira, entre 6h30min e 15h. Lá, o almoço com espetinho, pastel e salgados são vendidos diariamente.
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