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Sabor

Assaltada 8 vezes, Léia não desiste de matar a fome do trabalhador

Negócio no Bairro Amambaí significa recomeço na vida dela e da sócia

Jéssica Fernandes | 27/02/2023 07:13
Léia Gonçalves, de 27 anos, comanda churrasqueira da espetaria. (Foto: Jéssica Fernandes)
Léia Gonçalves, de 27 anos, comanda churrasqueira da espetaria. (Foto: Jéssica Fernandes)

Espetinho no ponto que o cliente gosta e acompanhado de uma jantinha que não decepciona. No Bairro Amambai, Léia Gonçalves, de 27 anos, e a sócia Maria Helena ‘matam a fome’ do pessoal que se hospeda em hotéis da região e também dos vizinhos.

O HL Espetu’s começou em 2019, mas elas passaram por vários perrengues em Praia Grande (SP) antes de se mudarem. No estado, as empreendedoras começaram com a venda dos espetinhos e viram que Campo Grande, principalmente o Bairro Amambaí, tinha mais potencial para receber o negócio.

Há quatro anos, Léia e Maria começaram preparando os espetinhos na calçada. Aos poucos, a espetaria foi crescendo e se estabeleceu num salão coberto com várias mesas à disposição.

Seja de linguiça, carne, frango ou medalhão, espetinho sai a R$ 8. (Foto: Jéssica Fernandes)
Seja de linguiça, carne, frango ou medalhão, espetinho sai a R$ 8. (Foto: Jéssica Fernandes)

A casa não conta com menu em QR Code, nem físico e tudo funciona na praticidade. “O menu sou eu”, brinca Léia. Quando o cliente chega, ela ou Maria falam as opções e pronto. Quem é freguês assíduo já se dirige à churrasqueira e fala o que quer.

O estabelecimento serve espetinho de coração, frango, linguiça, medalhão, queijo, carne e misto. Qualquer um deles sai a R$ 8 e o ponto é o cliente que define. Churrasqueira de mão cheia, Léia é quem assa a carne, enquanto Maria prepara a jantinha.

A jantinha é servida num prato generoso e composto por arroz, feijão, mandioca, vinagrete, farofa e até salada de maionese. Com toque caseiro, a refeição custa R$ 18 e o cliente pode escolher qualquer um dos espetinhos para acompanhar.

Com toque caseiro, refeição custa R$ 18 e traz vários acompanhamentos. (Foto: Jéssica Fernandes)
Com toque caseiro, refeição custa R$ 18 e traz vários acompanhamentos. (Foto: Jéssica Fernandes)

O lugar, conforme Léia, é uma grande ‘resenha’, pois muitos clientes frequentam o estabelecimento há anos. A maioria que se conhece é porque trabalha junto ou é vizinho de rua. Por isso, não é incomum ouvir o pessoal conversando entre si estando há duas ou mais mesas de distância. Os novatos são os hóspedes que estão de passagem pela cidade.

O clima no lugar é familiar e bastante descontraído com música ao fundo. Mesmo com muita demanda, Léia e Maria conseguem dar conta do recado.

Começo do espetinho - A churrasqueira relata que a ideia de vender espetinho surgiu a partir de uma necessidade em 2017. “A gente já tinha sofrido oito assaltos quando morava lá em Praia Grande. Num dos últimos eu tinha ido entregar currículo, estava voltando e nos assaltaram. Só tínhamos 500 e uns quebradinhos e ficamos naquela de comprar outro celular ou começar o espetinho que já era a ideia”, conta.

Espaço é composto por várias mesas e cadeiras para os clientes. (Foto: Jéssica Fernandes)
Espaço é composto por várias mesas e cadeiras para os clientes. (Foto: Jéssica Fernandes)

As duas apostaram no espetinho e começaram a vender na calçada próximo de um bar da região. “Passamos no bar e o Batista falou: ‘Pode pegar essa calçada toda, porque um monte de gente já tentou e nunca foi pra frente’. Eu pensei comigo: ‘Então essa vai ser a minha calçada’, recorda.

Os espetinhos fizeram sucesso e como no lugar não era costume acompanhar a carne com a mandioca, Léia vendia pão de alho. “Tinha dias que vendia mais pão que espeto, mas foi indo”, fala.

Devido a problemas financeiros, a vontade de continuar em São Paulo foi diminuindo, assim como o ânimo de Léia. “O churrasco me salvou porque entrei numa depressão muito pesada, porque lá não era o lugar que eu queria viver de fato”, comenta.

A solução foi juntar dinheiro para fazer as malas e partir rumo a Campo Grande. A ideia era abrir a espetaria próximo aos hotéis no Bairro Amambaí, pois ambas sabiam que à noite os hóspedes não tinham opções de lugares para jantar e a maioria não queria lanche.

“Naquela época tínhamos a visão que a noite aqui não tinha nada pro pessoal comer e o pessoal reclamava muito. Em 2016 estava muito longe de ter a cabeça que tinha hoje. Acredito que tudo que passamos em Praia Grande moldou até chegar aqui”, finaliza Leia.

Quem quiser conhecer a HL Espetu’s está localizada na Rua Barão do Rio Branco, 370, Bairro Amambaí. O horário de funcionamento é de segunda a sábado, das 18h às 21h.

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