Basílio chora ao falar de padaria e como conquistou o amor de sua vida
Além do pão e dos salgados, padaria tem história de luta e amor que já dura 45 anos
É só começar falar da história de vida e como conheceu seu amor, que Basílio Cristaldo se emociona e os olhos enchem de lágrimas. Em padaria simples da Vila Piratininga, além do pão fresquinho e das roscas doces, o freguês curioso leva para casa uma história de amor que já dura 45 anos.
Basílio lembra que se não tivesse passado fome em 1967, talvez o destino dele não teria cruzado com o de dona Regina, sua esposa. Ele conta que tinha 15 anos quando sua mãe e mais quatro irmãos passaram necessidade, e na tentativa de ajudar no sustento da família tentou ser engraxate e até vender picolé. Mas foi numa padaria, em Dourados, que tudo mudou.
Para alimentar os irmãos, ele chegou ao estabelecimento e pediu pão. Para conseguir, teve de lavar todas assadeiras. "Fiquei o dia inteiro. Fim do dia também ganhei dinheiro e um emprego que durou três anos", lembra Basílio, com os olhos marejados, ao falar do endereço que o ensinou a ser padeiro e confeiteiro.
Aos 18 anos, mudou-se para Campo Grande em busca de novas oportunidades de trabalho e estudo. Sem um tostão no bolso dormiu na praça. Até que conseguiu emprego em uma nova padaria, cenário que o fez conhecer o amor de sua vida, Regina.
O pai de Regina costuma comprar pão na padaria Dom Bosco, que ficava na Rua 7 de Setembro, e foi assim que a conheceu e se encantou. "Me apaixonei e para conquistar, mandava junto a chipa" revelou.
Não deu outra, a chipa se transformou em paixão, casamento, 4 filhos, 8 netos e 45 anos de união, além de padaria própria na Avenida Manoel da Costa Lima. Foi preciso 20 anos de trabalho para Basílio finalmente falar que tinha sua própria "Padoca". Hoje, com seus 70 anos, o patriarca da família entregou o comando à filha, mas ele segue fazendo pães, doces e seu carro-chefe: pão italiano.
Porém, ao invés de vender, ele distribui para quem precisa. Quem ajuda na missão é a máquina de pão industrial, uma relíquia que ainda funciona. "Comprei na padaria em que eu trabalhava, junto com esse forno e esse cilindro", mostrou.
Basílio não conseguiu conter as lágrimas ao lembrar do seu passado. Foi preciso um copo d'água para se recompor. Ao lado da esposa, ele é feliz vivendo uma vida simples. "Aprendi que a pessoa tem que ter dignidade, determinação e honestidade na vida para conquistar alguma coisa", finaliza emocionado.
A padaria de Basílio fica na Avenida Manoel da Costa Lima, 934 - Vila Piratininga.
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