Bruna faz geleia, biscoitos e cachaça com 'gostinho' do Cerrado
A bióloga desenvolveu produtos artesanais que levam na preparação jatobá, bocaiúva e guavira
Geleia de guavira, biscoitos feitos com farinha de jatobá e baru torrado. Há dois anos, a bióloga Bruna Oliveira, de 32 anos, fez o Cerrado e o Pantanal virarem protagonistas no negócio que mantém com o marido Rodrigo Borghezan, de 35 anos. Dono do Cerrado em Pé, eles desenvolvem produtos que trazem o sabor das frutas típicas do Estado.
Natural de São Paulo, a empreendedora chegou na cidade em 2015. Na época, ela veio para trabalhar no projeto de conservação do tatu-canastra onde começou a ter contato com apicultores da região. Ela explica que para ajudar esses produtores passou a vender na cidade o mel produzido .
“Eles não tinham acesso ao consumidor final e começamos a trazer e vender o mel. O mesmo aconteceu com os extrativistas que, assim como os apicultores estavam desistindo da atividade deles, porque o produto ficava ‘encalhado”, diz.
Esse contato com os produtores locais e seus produtos a inspirou a ter um negócio que valorizasse a biodiversidade do Estado. A bióloga fala sobre o objetivo do projeto. “A gente vê proprietários de terra tirando árvores e plantas nativas para colocar o pasto. Até o nome Cerrado em Pé vem disso. Eu queria mostrar que o Cerrado em Pé tem valor e inclusive financeiro”, destaca.
A guavira foi o primeiro ingrediente que Bruna trouxe para compor os produtos. Hoje, ela e o marido vendem geleia, cachaça e sal com especiarias da fruta. A empreendedora fala que foi desenvolvido um método para aproveitar todo o potencial da fruta.
“Desenvolvemos uma técnica que não deixa a guavira amargar. Desenvolvemos essa técnica inovadora de extrair a polpa em grande quantidade sem amargar e agora a guavira é nosso carro-chefe”, afirma.
A técnica rendeu um prêmio da startup do sistema Fiems ((Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul). Segundo ela, o reconhecimento foi essencial para o próximo passo do projeto. “Estamos montando nossa cozinha industrial, porque fazemos tudo de forma artesanal”, fala.
Além da guavira, outras frutas são aproveitadas, por exemplo, o jatobá e a bocaiuva vendidos como farinha. Como alguns clientes não conhecem ou não sabem como utilizar a farinha, a bióloga conta vender biscoitos feitos com esse ingrediente natural. "A gente tentava vender, mas as pessoas não conheciam, então começamos a fazer esses biscoitos”, justifica.
A empreendedora também vende castanha de baru, bocaiúva e baru torrado. As embalagens de 100 a 250 gramas custam entre R$ 12 a R$ 25. Já os biscoitos são R$ 10 e a geleia R$ 20.
Por meio da loja, ela comenta que o principal objetivo é mostrar o valor dessas frutas para quem vive na zona rural e urbana.
“A gente quer mostrar pro produtor que vale a pena manter o Cerrado em pé e trazer para a pessoa da cidade essa conexão com o campo. Queremos que as pessoas da cidade conheçam o bioma em que ela vive. Às vezes a gente conhece mais a castanha que vem do Pará do que a que está no nosso quintal”, conclui.
Quem quiser adquirir os produtos feitos com as frutas nativas, o perfil no Instagram é @cerrado.em.pe
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