Com receita original de doce, Cláudia tem lista longa de clientes fiéis
Fazer o doce para vender deu nova profissão à confeiteira, que é ex-assessora
Uma mulher conhecida pela irmã deu à Cláudia Gonçalves, numa igreja, a receita que a faz ser chamada hoje de "Claudinha do pão de mel". A lista de ingredientes e instruções de preparo escritas num papel que “parece que caiu do céu” mudaram sua vida para melhor.
Acostumada à rotina regrada de assessora executiva de um órgão público de Mato Grosso do Sul, vivia o dilema de amar o trabalho e querer mais tempo para si. Já eram quase 15 anos se dedicando inteiramente àquilo.
Ter mais horas livres era o que desejava até então. Mas, primeiro, veio a necessidade financeira. Claudinha via as contas chegando e o salário não dando conta de vencê-las. Aí é que entrou a receita.
“Como eu trabalhava no Parque dos Poderes, em Campo Grande, e conhecia muita gente lá, decidi levar o docinho e vender para complementar o salário. Foi dando tão certo, eu mal acreditava”, lembra. As cestinhas com o pão de mel embalado em plástico decorado e fitilha retorcida, voltavam todas vazias para casa.
Quem provava, dizia que era diferente e especial. Cada vez mais clientes foram chegando. “Além das pessoas que trabalhavam diretamente comigo, secretários estaduais, colegas de outros órgãos, o pessoal da portaria e até deputado”, diz ela, orgulhosa por tanta gente diversa gostar do doce.
Mesmo tendo feito clientes de classes sociais mais altas, ela não pensou em subir o preço. Cobrava o que considerava justo, conforme o que gastava produzindo e o que precisava ter de lucro. O bônus, para ela, era fazer novas amizades e ver pessoas ficando mais alegres com o docinho nas mãos.
Simplicidade - O negócio prosperou e ela abandonou a carreira de assessora para viver exclusivamente da venda do pão de mel. Como era antes, tudo segue sendo feito na casa dela hoje em dia.
Atenta a cada detalhe e fazendo sem pressa é que Cláudia gosta de trabalhar. "Adoro ficar na cozinha ouvindo psicólogos, pastores e músicas enquanto faço. Essas coisas me deixam tranquila e, ao mesmo tempo, me ensinam a viver a vida da melhor forma", acrescenta.
Ela é a faz-tudo do próprio negócio, inclusive a própria entregadora. “Nos lugares aonde vou, não preciso nem ser anunciada. Chego e todos me conhecem”, fala.
O segredo para tanta gente ter virado fã do doce, Cláudia não esconde, é a simplicidade. Não há nada de sofisticado na receita, tudo é caseiro mesmo.
A massa do pão de mel dispensa leite, que a maioria das outras receitas leva. O ingrediente feito pela abelha reina na confecção de uma massa leve, aerada e provavelmente mais próxima à da receita original do docinho. Cravo e canela dão um toque especial, como era nas receitas mais antigas, e fazem o doce ter um cheiro bom.
Os recheios clássicos de brigadeiro, beijinho e doce de leite são criação da confeiteira. Ela domina as medidas que os deixam equilibrados. “Não é nada muito doce, enjoativo e gorduroso. É bem agradável”, garante.
A produção segue pequena, mesmo com algumas pessoas sugerindo que ela aumente a escala. “Já me falaram: você está perdendo de ganhar muito mais dinheiro com isso contratando funcionários, alugando um espaço. Mas, não é meu objetivo. Por enquanto, eu vou fazendo a quantidade que consigo e do meu jeito”, defende.
Cláudia ama a rotina de se desdobrar para atender demanda para ocasiões especiais ou consumo próprio dos clientes. “O pão de mel pode melhorar o dia de alguém. Ir até um local e ver tantas pessoas querendo um, dois, três, vários... me deixa imensamente realizada”, suspira.
Um outro segredo que ela também revela é o da própria receita do sucesso, após a virada profissional do setor público para a confeitaria. "Me concentro no que estou fazendo e me programo para sair da melhor forma. Amo todo o processo e amo ver como as pessoas gostam do resultado", diz Claudinha.
Sonhos - Com os pães de mel, Cláudia realizou o sonho de poder trabalhar em casa, cuidar mais de si e de estar mais com os amigos. Mas ela agora tem outro para realizar.
Um dia, gostaria de construir uma cozinha e ensinar o pão de mel a mulheres que queiram ser independentes financeiramente, assim como ela é hoje. Outro público para o qual ela quer dar aulas é o de crianças. “Cozinha é afeto, qualidade de vida e isso pode ser ensinado desde cedo”, conclui.
Olhando para o espaço no quintal de casa, onde tem um manacá-da-serra, ela imagina: "Quem sabe, será aqui essa cozinha?".
Para provar o pão de mel da Claudinha, é preciso encomendar pelo (67) 99115-0767.
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