Do ‘quebra torto’ ao jantar, chefs mostram riqueza de pratos regionais
Para colocar a gastronomia regional em outro patamar, chefs criam evento que mostra a cozinha pantaneira
A culinária sul-mato-grossense vai muito além da chipa e do arroz carreteiro. A cozinha regional é rica, criativa e formada por ingredientes que carregam simplicidade, sabor e a tradição de comitivas, famílias e o Estado como um todo.
A gastronomia regional foi a estrela da 2º edição do Sal Grosso que aconteceu no sábado (19), no Bairro Santa Luzia. O evento contou com a participação de chefs que dedicaram o dia para falar sobre a culinária que conquistou o paladar de pessoas além de Mato Grosso do Sul.
A edição ‘Juanita In Campo Grande’ trouxe como destaque principal Juanita Battilani. A chef veio direto de Bonito para falar sobre a cozinha regional afetiva, a cultura do peixe e os pratos que são sucesso no restaurante.
Ao Lado B, ela comenta sobre as principais refeições que iria apresentar no evento. “Eu vou fazer o pacu, a sinfonia do formoso e o pirão que é o prato que dentro do meu cardápio eu priorizo. O pirão tem que estar gostoso, carnudo, com peixe. Não adianta fazer um caldo engrossado com trigo. O pessoal ama todos os pratos, mas o pirão pedem à parte”, diz.
Além do pirão, Juanita cita que outro destaque é a sinfonia do formoso. “Eu criei através de um prato chamado ‘A sinfonia dos mares’ que é frutos do mar. Aí eu falei: ‘Por quê não sinfonia do formoso?’. Eu coloco pacu, filé de pacu, filé de pintado e mandioca. Particularmente eu amo esse prato”, afirma.
Em Bonito, a chef recebe clientes de diversas regiões do Brasil e também do exterior. O estabelecimento representa a gastronomia regional e para Juanita é gratificante saber que muitos aprovam a culinária de Mato Grosso do Sul.
“É uma honra saber que quem come indica, é uma rede de elogios. Eu fico muito honrada. A minha comida não mudou desde que comecei a cozinhar a la carte, o peixe que montei pela primeira vez até hoje é igual”, afirma.
Na segunda edição do Sal Grosso, o público teve a oportunidade de realizar uma jornada gastronômica através de diferentes temperos. Para abrir a programação, os chefs serviram o ‘quebra torto’, que é a refeição típica da região pantaneira. Arroz carreteiro, feijão gordo, chipa e a paçoca de carne seca integram o menu de boas-vindas.
Enquanto o ‘quebra torto’ era servido, porcos, cordeiros e peixes eram assados no estilo ‘fogo de chão’. Com open food e open bar, o evento teve a programação baseada na troca de experiências entre os chefs e profissionais da àrea Juanita Battilani, Paulo Machado, Bruno Xavier, Marcílio Galeano, Lucas Caslu, Theo Gomes, Sandro Boeck e Jonas Nascimento com o público.
A gastrônoma Dominique Palmieri, de 29 anos, é uma das pessoas que participou do evento com o objetivo de absorver um pouco da experiência dos chefs. “Eu atuo no ramo gastronômico, então pra mim é muito interessante vim aqui adquirir conhecimento com esses chefs. Vai agregar muito no meu cardápio, conhecimento e fortalecer na comida regional”, pontua.
O chef Bruno Xavier fala que o evento tem a proposta de valorizar os pratos tradicionais e mostrar para as pessoas o valor de cada um. “O Sal Grosso surgiu com o intuito de evidenciar a gastronomia, colocar ela no patamar que ela merece. Temos grandes chefs de cozinha, personalidades e acreditamos que nossa gastronomia deve estar em outra prateleira. Uma das coisas é também a gente trazer um pouco de informação da nossa gastronomia, é importante que as pessoas conheçam tudo”, frisa.
Na visão dele essa divulgação é importante, pois alguns sul-mato-grossenses ainda não vivenciaram esse contato com os sabores regionais. “Acredito que hoje a gente tá conseguindo mostrar um pouco mais da nossa história. Nós somos um estado novo, então nossa gastronomia também é nova, mas só que muito rica. Estamos buscando isso”, pontua.
O chef Paulo Machado é um dos profissionais que há anos desempenha o papel de levar para fora os pratos de Mato Grosso do Sul. No livro ‘Cozinha Pantaneira: Comitiva de Sabores’, os capítulos trazem esse registro da culinária do Pantanal com receitas, como macarrão de comitiva, paçoca de carne seca, arroz carreteiro e tantos outros.
Para ele, a culinária regional tem conquistado cada vez mais chefs e pessoas mundo afora. "É um efeito tsunami porque desde que comecei a falar sobre a nossa cozinha muita gente se uniu, as pessoas passaram a apreciar internamente aqui no Mato Grosso do Sul. Chefs hoje abraçaram a nossa cozinha. Às vezes chego em restaurantes de São Paulo e vejo o macarrão de comitiva, arroz carreteiro à moda pantaneira, caribéu e o doce de leite que a gente faz aqui. O bacana é que quem prova sente saudades daqui ou fica surpreso com nossos sabores, a simplicidade da nossa comida e a potência de sabor ”, destaca.
Outra qualidade, segundo o chef, é que as refeições podem ser apreciadas sem hora certa. "É uma cozinha mais singela, é um comida que você pode comer de manhã, no almoço e no jantar. É uma comida para todas as horas", frisa.
No sábado a enquete do Campo Grande News perguntou aos leitores se eles conhecem a gastronomia sul-mato-grossense. 74% afirmaram que sim, enquanto 26% escolheram o não.
Confira a galeria de imagens:
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