Gerson trocou volante por garaparia para manter carinho em praça
Morando no Santo Amaro há 40 anos, ele decidiu unir trabalho com a “obra” do pai
Ao perceber as consequências da idade do pai estar avançando, Gerson Azambuja decidiu abandonar sua história com volantes de caminhão, ônibus e carro para abrir uma garaparia. Agora, ele assume a “herança” que será deixada pelo pai em formato de praça no Coophatrabalho e divide os dias com o seu Tiburcio.
Acostumado com a fama que o pai ganhou, sendo até matéria no Lado B em 2018, Gerson notou que seu momento de dividir o carinho pela praça havia chegado. Brincando que aceitou a responsabilidade do pai, que construiu a praça do bairro, ele tentou fazer algo temporário, mas acabou criando sua própria estrutura fixa.
Sem nunca ter lidado com vendas, o vendedor conta que durante toda a vida trabalhou como motorista, mas há menos de um ano precisou alterar a rotina. “Fui vendo que meu pai já está ficando mais de idade, tem 83 anos, e eu quis passar mais tempo com ele, cuidar mais de perto. Aí é que surgiu a ideia da garaparia”.
Por não ter experiência com o ramo, ele relata que a ideia era levar a garaparia para locais mais movimentados. Mas, assim como o pai, ele foi acolhido pelo bairro e decidiu permanecer na praça de Tiburcio.
“As pessoas começaram a vir porque aqui na região não tem muita opção de garaparia e começaram a chamar outras também. O movimento foi aumentando até que a gente decidiu criar uma estrutura com bambu e deixar mais isso na praça”, detalha Gerson.
Assim como desde o jardim até os bancos feitos pelo pai, a garaparia também conquistou os moradores. Tanto é que, de acordo com Gerson, tem gente que atravessa os bairros para aproveitar o espaço construído em família.
Tendo crescido na região, o filho narra que ele, o pai e a mãe chegam a ficar cansados com os cuidados, mas no fim não abandonam o espaço. Além disso, se antes já era difícil deixar a manutenção do local de lado, com a garaparia a responsabilidade aumentou.
“A gente que cuida da limpeza porque a Solurb vem uma vez por mês e roça a grama. Então a gente é que cuida da limpeza e realmente dá trabalho. Como estou vivendo da garaparia, a gente cuida ainda mais”, diz o filho.
E, aproveitando o espaço, até algumas artes de Tiburcio começaram a integrar o local, como conta Gerson. “Meu pai faz algumas aves como araras e decidimos colocar para decorar e vender também. Combinamos o trabalho de nós dois e o pessoal gostou”.
Outro ponto é que por morar logo em frente da praça, o trabalho acabou redobrando. “Fico aqui de segunda a segunda, só paro mesmo se chove muito ou se acontece alguma coisa assim. Logo a partir das 15h já tem garapa e chipa que eu asso aqui também, dá para todo mundo aproveitar”.
Localizada entre a Rua Extremosa e Avenida José Barbosa Rodrigues, a praça abriga tanto a garaparia quanto os cuidados feitos por Tiburcio. Então, quem ainda não conhece o espaço agora ainda pode garantir até caldo de cana do dia.
Confira a galeria de imagens:
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