Jane faz cuca que é “memória viva” de mãe que partiu após acidente
Antes de falecer, Maria ensinou receita para Jane que hoje vende cuca em feiras da cidade
Toda vez que Jane Basseto, de 57 anos, vai para a cozinha fazer cuca ela volta no tempo. A receita foi ensinada há décadas pela mãe, Maria, que faleceu em 2019. Quando está com as mãos na massa ou fazendo o recheio, Jane lembra da mulher que a vida toda preparou o prato que fazia parte de toda refeição da família.
O prato afetivo é carregado de saudade e memórias que são revisitadas semanalmente quando produz as cucas. Jane relata uma das recordações que guarda com carinho. “Na época não tinha fogão a gás, lembro dela fazendo no forno de barro com pedra. Lembro nitidamente dela”, afirma.
Jane cresceu na região sul do País numa cidade 'pequenininha'. “Primeiro moramos bastante tempo em Itajubá, depois fomos pro interior, não era nem cidade, era roça”, conta. Como de costume, as reuniões em família eram adoçadas pela cuca.
A empreendedora fala sobre essa tradição e como ela sempre estava presente em casa. “No Sul o churrasco se come com a cuca, não é igual aqui com a mandioca. Lá eles usam muito junto com a comida salgada. Na minha, no almoço, tinha cuca na mesa”, fala.
Em 1985, Jane veio para Mato Grosso do Sul em busca de novos ares. “Eu era muito aventureira”, afirma. Rio Verde foi a primeira cidade que morou no Estado e também o primeiro lugar onde começou a fazer cucas para vender.
A produção artesanal veio para complementar a renda, pois na época Jane criava a filha sozinha e já trabalhava numa clínica. “Eu fazia pão e cuca, mas a cuca sempre se destaca mais”, explica. Após mudar novamente de estado, ela interrompeu a produção que só foi retomada em 2018.
Há cinco anos, Jane começou a fazer cucas para vender nas feiras de Campo Grande. Semanalmente, ela produz as receitas nos sabores de banana, uva, goiabada, morango e doce de leite. A cuca grande custa R$ 25 e a ‘baby’ por R$ 5.
A empreendedora passou a fazer sucesso nos eventos, mas em 2019 perdeu a mulher que ensinou a receita. Jane comenta que após o falecimento da mãe se empenhou ainda mais para continuar a produção.
O motivo da dedicação, ela explica. “Toda vez que eu sinto ela viva, dá a impressão que tô ali com ela. É uma memória viva dela e isso me alegra em fazer as cucas sempre”, ressalta.
Quem quiser conhecer o trabalho, o perfil no Instagram é @jane_caseirinhos_
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