Lucinda teimou em fazer saltenha e hoje faz sucesso até em Londres
No Bairro Coophavila II, corumbaense vende na garagem de casa o salgado que aprendeu a fazer com a sogra
Lucinda Abadia Moraes, de 51 anos, não queria de jeito nenhum aprender a fazer saltenha, mas a insistência e paciência da sogra venceram. Ela tinha 14 anos quando dominou a receita da iguaria que faz sucesso no Bairro Coophavila II e já foi provada em Londres.
Corumbaense, Lucinda chegou em Campo Grande há 4 anos, mas até hoje a saudade da terra natal não passou. Na época, ela veio com o marido e o filho devido a uma oportunidade de trabalho na Capital.
“Meu marido trabalhava na Canarinho de Corumbá e a empresa fechou. Um colega falou que se ele não queria fazer um teste aqui, ele fez e passou. Só que em Corumbá eu mexia com salão, unha e cabelo. Eu amava, era uma coisa que gosto muito”, diz.
Os tempos no salão ficaram para trás, mas demorou um tempo para que Lucinda investisse na saltenharia. Quando fez uma encomenda do salgado para uma parente que Lucinda vislumbrou a possibilidade de vender saltenhas.
Para abrir o negócio, ela precisou acreditar no potencial da receita, pois algumas pessoas não a incentivaram. “Uma prima minha encomendou saltenha e meu filho publicou no Facebook e graças a Deus vendeu bastante nesse dia. Depois de muito tempo, porque aqui é difícil quando você chega de fora, perguntava: ‘Será que saltenha vai dar certo?’ Um monte de gente falava que não. Fiquei desanimada”, afirma.
Na garagem de casa, ela colocou a estufa que vive cheia de saltenhas. Por dia, Lucinda faz mais de uma fornada porque toda hora chega alguém para comer o salgado e tomar o famoso refrigerante de ‘Mate Chimarrão’. Sozinha, ela prepara cerca de 500 unidades, sendo que parte da produção é feita por encomenda.
A rotina é corrida e a corumbaense precisa iniciar os preparativos antes das 5h da manhã diariamente. Apesar do trabalho, Lucinda é feliz criando o recheio, a massa e assando as saltenhas. “Isso me distrai bastante”, fala.
Se hoje Lucinda faz as saltenhas sem dificuldade é porque décadas antes alguém passou adiante o conhecimento que tinha. Conversando sobre o início do negócio no Bairro, Lucinda lembra da sogra.
“Minha falecida sogra que me ensinou. Eu conheci meu marido tinha 14 pra 15 anos, ia muito na casa dela e ela falou: ‘Você tem que aprender’. Eu falava: ‘Ah, eu não quero aprender não’ e ela: ‘Você vai aprender’. O sistema da minha sogra era bem caseiro”, recorda.
Seguindo o sistema caseiro, ela faz muitas saltenhas a pedidos de clientes de fora da cidade. Nesta semana, Lucinda tem encomendas que chegarão à Aquidauna e ao Rio de Janeiro. A distância ainda é pouca, pois o salgado tradicional já cruzou fronteiras.
“Tem muita gente que pega pra viagem e vai para vários lugares. O pessoal que vem pra cá já me conhece. Mandei até pra Londres, a minha cliente levou dois centos pré-assados. Fiquei poxa, que emoção, o pessoal lá amou”, comenta.
Há 3 meses, a produção quase parou devido ao diagnóstico de fibromialgia que Lucinda recebeu. “Eu não estava conseguindo fechar elas, porque minha produção endureceu”, diz. Em fase de tratamento, ela está se recuperando, mas tem dias que a doença não alivia. “Semana passada por exemplo não trabalhei. A fibromialgia eu não imaginava que era assim, é insuportável as dores”, desabafa.
O assunto delicado passa e Lucinda, que é um mulher alegre, volta a sorrir ao falar sobre as saltenhas que a fizeram ficar conhecida no bairro. “Tem gente que vem aqui não me conhece e fala: ‘O pessoal fala de você Lucinda, vou experimentar sua saltenha’. Aí a pessoa já fica meu cliente”, destaca.
A saltenharia da Lucinda está localizada na Rua Lucia Martins Coelho, 878, Bairro Coophavila II. O horário de funcionamento é de segunda a sábado, das 7h às 18h.
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