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Sabor

Mari perdeu a visão, mas vontade de viver a transformou em doceira

Há cinco anos, ela perdeu a visão e hoje vende bolos caseiros, cocadas e curau na faculdade

Jéssica Fernandes | 16/08/2022 06:45
Mariana Rodrigues faz cocadas e bolos para vender. (Foto: Arquivo pessoal)
Mariana Rodrigues faz cocadas e bolos para vender. (Foto: Arquivo pessoal)

O descolamento de retina comprometeu a visão de Mariana Rodrigues Correia, de 50 anos, mas não a vontade que ela tem de aprender todos os dias. Acadêmica de matemática, ela faz bolos para vender na faculdade e no ISMAC (Instituto Sul-mato-grossense para Cegos Florivaldo Vargas).

De acordo com a confeiteira, a perda da visão ocorreu há cinco anos. “Não contente meu olho me trai”, brinca. Desde que adotou o uso da prótese no olho direito e só vê ‘vultos’ com o esquerdo, Mariana se tornou aluna do instituto onde afirma que aprende muito.

“O Ismac dá treinamento, reabilita a gente pro mercado. Foi tudo através deles, eles incentivam a gente ao máximo. Eu já sabia fazer (bolos), mas o incentivo maior veio pelo Ismac”, fala.

Preço do bolo caseiro varia de R$ 8 a R$ 50. (Foto: Arquivo pessoal)
Preço do bolo caseiro varia de R$ 8 a R$ 50. (Foto: Arquivo pessoal)

Além de aprender mais sobre culinária, Mariana relata que todo dia é uma vivência diferente. “Todo dia você tem que aprender, porque você fica à mercê do olho e da bengala”, conta. Em relação aos dotes na cozinha, a confeiteira relata que faz de tudo. "Faço bolo de milho, laranja, cocada, curau e doce de leite, mas é demorado. Só não faço dinheiro, porque não tenho a máquina”, brinca.

Atualmente, ela produz somente mediante encomendas e trabalha com entregas. “Faço sob encomenda, porque se eu tivesse um ponto eu faria todo o dia e se não fosse a visão iria de porta em porta”, explica.

O valor dos bolos varia de R$ 8 a R$50, sendo que o tamanho médio sai a R$ 12, que é o mesmo cobrado em cinco unidades da cocada. Além das encomendas dos doces, ela também faz salgados. “Eu não fico parada, não tenho tempo ruim”, frisa.

Confeiteira também produz cocadas para complementar a renda. (Foto: Arquivo pessoal)
Confeiteira também produz cocadas para complementar a renda. (Foto: Arquivo pessoal)

Com a renda, ela cita quais são as contas que consegue quitar. "Pago água, luz, telefone e a casa que tô que não é minha”, afirma. Outra forma de conseguir dinheiro extra é através da venda de latinhas, porém isso tem outra finalidade.

Mariana esclarece que com o produto reciclável consegue juntar dinheiro para investir no projeto da filha mais velha. “Faço coletas de latinha de cerveja pra vender. Essas latinhas que estou juntando tem um objetivo. A minha filha tem o projeto da prótese inferior que foi o tcc do curso de mecânica dela. Estamos juntando para comprar os insumos e a máquina 3D”, conclui.

Quem quiser encomendar os bolos e outros doces feitos por ela, o contato no WhatsApp é (67) 99951-4370.

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