Mari perdeu a visão, mas vontade de viver a transformou em doceira
Há cinco anos, ela perdeu a visão e hoje vende bolos caseiros, cocadas e curau na faculdade
O descolamento de retina comprometeu a visão de Mariana Rodrigues Correia, de 50 anos, mas não a vontade que ela tem de aprender todos os dias. Acadêmica de matemática, ela faz bolos para vender na faculdade e no ISMAC (Instituto Sul-mato-grossense para Cegos Florivaldo Vargas).
De acordo com a confeiteira, a perda da visão ocorreu há cinco anos. “Não contente meu olho me trai”, brinca. Desde que adotou o uso da prótese no olho direito e só vê ‘vultos’ com o esquerdo, Mariana se tornou aluna do instituto onde afirma que aprende muito.
“O Ismac dá treinamento, reabilita a gente pro mercado. Foi tudo através deles, eles incentivam a gente ao máximo. Eu já sabia fazer (bolos), mas o incentivo maior veio pelo Ismac”, fala.
Além de aprender mais sobre culinária, Mariana relata que todo dia é uma vivência diferente. “Todo dia você tem que aprender, porque você fica à mercê do olho e da bengala”, conta. Em relação aos dotes na cozinha, a confeiteira relata que faz de tudo. "Faço bolo de milho, laranja, cocada, curau e doce de leite, mas é demorado. Só não faço dinheiro, porque não tenho a máquina”, brinca.
Atualmente, ela produz somente mediante encomendas e trabalha com entregas. “Faço sob encomenda, porque se eu tivesse um ponto eu faria todo o dia e se não fosse a visão iria de porta em porta”, explica.
O valor dos bolos varia de R$ 8 a R$50, sendo que o tamanho médio sai a R$ 12, que é o mesmo cobrado em cinco unidades da cocada. Além das encomendas dos doces, ela também faz salgados. “Eu não fico parada, não tenho tempo ruim”, frisa.
Com a renda, ela cita quais são as contas que consegue quitar. "Pago água, luz, telefone e a casa que tô que não é minha”, afirma. Outra forma de conseguir dinheiro extra é através da venda de latinhas, porém isso tem outra finalidade.
Mariana esclarece que com o produto reciclável consegue juntar dinheiro para investir no projeto da filha mais velha. “Faço coletas de latinha de cerveja pra vender. Essas latinhas que estou juntando tem um objetivo. A minha filha tem o projeto da prótese inferior que foi o tcc do curso de mecânica dela. Estamos juntando para comprar os insumos e a máquina 3D”, conclui.
Quem quiser encomendar os bolos e outros doces feitos por ela, o contato no WhatsApp é (67) 99951-4370.
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