Mirtes deu sabor caseiro a prédio que há décadas parece esquecido
Há 30 anos, ela administra o lugar onde diariamente serve refeições caseiras por R$ 15
Às 10h40 o bar de esquina está cheio de clientes que tomam sozinhos ou em dupla um litrão. Mirtes Pereira de Oliveira, de 65 anos, surge da cozinha vestindo avental e não para um instante. O dia é um daqueles corridos do jeito que ela gosta.
Mirtes prefere a muvuca, porque a parte favorita do trabalho é lidar com gente. Há 30 anos, ela abriu o estabelecimento que leva o seu nome e é vizinho da Ceasa/MS (Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul).
Simpática, a senhora sabe tratar muito bem todos que chegam, mas não esconde que, às vezes, muda a postura conforme a situação. Esse outro lado dela vem à tona quando o cliente bebe muito e passa dos limites.
“Eu sou de boas, mas quando é para descer do salto eu também desço e não quero nem saber. Todo mundo me conhece há muito tempo, então graças a Deus não tem briga e essas coisas aqui. Mas, tem aqueles que chegam aqui para lá de Bagdá”, fala.
Em 1994, Mirtes veio de Londrina com a família e alugou o imóvel onde trabalha de domingo a domingo. “Eu não sei fazer outra coisa. Se tirar isso daqui eu fico perdida, porque é o que eu gosto de fazer”, diz ela que em seguida sai do balcão para atender mais uma mesa.
Ao retornar, a proprietária explica a razão pela qual fica perdida sem ter o bar. “É o que eu gosto de fazer. Eu gosto de lidar com gente. Tem dia que é difícil, mas a gente vai se acostumando. Eu gosto de muvuca, de atropelo, de movimento, de agito como dizem os jovens”, ri.
As ‘coisas paradas como tricô' não fazem o estilo de Mirtes que frisa preferir o ‘atropelo’. Apesar do forte ser à venda das bebidas, ela também ganha dinheiro com as refeições que saem a R$ 15.
O prato feito é bastante generoso, pois Mirtes é o tipo de pessoa que enche a colher de arroz três vezes e ainda fala que é pouco. “Tem vezes que sirvo muito mais”, garante. No cardápio de terça-feira, ela preparou arroz, feijão, bife acebolado, batata e salada de tomate.
A comida caseira é feita no fogão que foi presente de casamento. O eletrodoméstico da Continental ano 1980 nunca deixou Mirtes na mão, por isso, ela também não fez questão de o substituir. “Ele é uma relíquia", diz.
O Bar da Mirtes funciona no imóvel predominado pelo tom amarelo. Apesar de algumas paredes estarem com a tinta descascando, nada tira o charme do lugar que remete a outras décadas.
O espaço não foi escolhido por acaso por Mirtes. Quando veio para a Capital, o marido dela prestava serviço do outro lado da rua. “Meu marido trabalhava no Ceasa. Então, a gente sempre viveu em torno do Ceasa”, explica.
Através do ponto comercial, Mirtes conseguiu adquirir bens importantes. “Eu comprei minha casa graças a Deus e é um sonho que a gente realiza, é uma coisa boa pra gente”, conclui.
O Bar da Mirtes está localizado na Rua Elías Nachif, 20, Conjunto Residencial Mata do Jacinto. O horário de funcionamento é de domingo a domingo, das 7h às 18h.
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).
Confira a galeria de imagens: