No ‘branti’, casa serve de cuscuz a tapioca ao som de vinis da família
Restaurante une culinária de MS e Rio Grande Norte em espaço com decoração cheia de memórias afetivas
O encontro da culinária de Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte termina em pratos bem elaborados na Aipê Cozinha Raiz. Apesar de ser na Euclides da Cunha, um dos endereços mais caros da cidade, o espaço novo preza pela simplicidade, da decoração afetiva cheio de itens de família até uma brincadeira com o tradicional brunch, que no cardápio foi apelidado de "branti", do jeito que muito brasileiro prefere falar.
O menu da casa também é resultado do encontro de dois chefs de cozinha: Arthur Soares de Lucena, de 28 anos, e Rodrigo Medeiros de Alvarenga, de 48 anos. A experiência do potiguar e do sul-mato-grossense pode ser conferida nas refeições que tm um pouquinho de tudo, desde cuscuz a pastel de guariroba.
Antes de ter como base ingredientes típicos das duas vertentes gastronômicas, o estabelecimento funcionava como empório e servia durante alguns dias da semana refeições italianas. Neste mês, os sócios reabriram com o novo conceito e menu autoral regional resultado de muitas experimentações na cozinha.
Arthur fala sobre a proposta e o que o público pode esperar do lugar. “É um regional diferente. Eu trouxe a influência do Rio Grande do Norte, misturei com Mato Grosso do Sul e estamos fazendo essa brincadeira. No Rio Grande do Norte se usa camarão, tapioca e no Mato Grosso do Sul carne seca, mandioca, então tentamos trazer um pouquinho de tudo”, diz.
As refeições mostram como funciona na prática a fusão de ingredientes. Um dos carros-chefes é o ‘Carbonara Raiz’, que é o espaguete ao creme de abóbora cabotiã, carne de sol, crispy de carne seca e queijo coalho. Outro destaque é o ‘Potiguara’ de espetinho de camarão com arroz cremoso de coco e vinagrete de coentro.
O chef de cozinha traz mais detalhes de outros pratos principais. “A gente tem também o carretilha de pintado com camarão e molho cítrico que está sendo bem pedido. Angicos lá no Rio Grande do Norte é uma cidade onde se come muito milho e carneiro”, explica.
Mas, antes de chegar aos pratos principais, o público pode se aventurar nas entradas. São 15 opções que promovem uma explosão de sabores começando por um dos salgados que é sensação no Brasil: a coxinha. Batizada de ‘Galizé’, a coxinha é recheada com frango picante e leva molho de iogurte. A fruta guariroba é o ingrediente principal do ‘Pastel de Cerrado’ que também leva no recheio banana da terra e aioli de páprica defumada.
Outro prato em homenagem ao Estado é o ‘Comitiva’. A opção de entrada é caracterizada pelo macarrão frito em formato de ninho com carne soleada e geleia de laranja. É claro que no menu não poderia faltar a tapioca, que é servida em dadinhos com carne de sol, melado de caju e pimenta bodinho.
Além do jantar, os sócios elaboraram um cardápio ideal para a hora do brunch, que no estabelecimento foi batizado como ‘Branti’. Arthur fala sobre as outras refeições servidas nesse dia, das 9h às 14h.
“Tem cuscuz, tapioca, saladinha de feijão fradinho. O branti são pratos a partir de R$ 14, mas fazemos o combo de R$ 50 em que você escolhe tapioca ou cuscuz, uma proteína e a sobremesa”, afirma. A sobremesa é bem representada por uma tapioca com doce de leite ou queijo e goiabada. Outra opção bem típica do Rio Grande do Norte é a ‘Cartola’, que é a banana caramelizada com creme de queijo.
Com área interna e externa para as refeições, o ambiente tem como decoração marcante a presença de madeira. Bancadas, cristaleiras, prateleiras, mesas e cadeiras são todas feitas com esse material, sendo que alguns trazem aquele toque rústico. Dois destaques da decoração são os bancos de madeira assinados pelo arquiteto Jamil Paroschi, que ficam no jardim.
Outro detalhe que dá um toque especial ao ambiente são as coleções de vinis e CDs que Rodrigo herdou da família. São mais de 100 vinis que passeiam por diferentes estilos musicais, como MPB, rock nacional, polca paraguaia, jazz e samba. Belchior, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Blitz, Vinicius de Moraes, Cartola, Toquinho, Elis, Julio Iglesias, Elvis Presley e Frank Sinatra são algumas das vozes que ecoam através da vitrola do estabelecimento.
A decoração tem ainda outras das relíquias passadas de geração a geração até chegar nas mãos de Rodrigo, como o vinil raro do cantor francês Charles Aznavour e o gaveteiro do avô que que guarda alguns dos vários CDs da coleção. No alto das paredes estão panelas de ferro, moedor, leiteira, ferros de passar e um violão.
Devido a esse toque pessoal, o restaurante é um lugar bastante singular que surpreende no nível de olhar para uma das paredes e ver nela dois quadros de Ilton Silva. A surpresa se estende para além dos olhos e chega até o paladar graças a mistura bem equilibrada dos sabores que formam a culinária do Brasil. O espaço administrado pelos sócios é um dos poucos, e talvez único, da cidade onde é possível apreciar um cuscuz enquanto se escuta o vinil de Belchior.
A Aipê Cozinha Raiz está localizada na Rua. Euclides da Cunha, 2223, Bairro Vivenda do Bosque. O horário de funcionamento é de terça-feira a sábado, das 17h às 22h. O 'Branti' é servido no sábado, das 9h às 14h.
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