Para quem não gosta de trabalho, Dalvina criou caribéu de 15 minutos
Adaptação de prato típico une inspiração de receitas da infância com importância da agricultura familiar
Unindo inspirações da infância e vontade de fazer algo diferente, Dalvina Elena da Silva de Souza criou uma adaptação do caribéu, prato pantaneiro, que fica pronta em 15 minutos. Sem precisar preparar desde a mandioca até a carne, a mistura feita pela agricultora familiar salva quem não gosta de ter trabalho na cozinha, mas gosta do alimento típico.
Em resumo, o caribéu consiste em um cozido de carne com mandioca de origem indígena e, para Dalvina, lembra muito uma receita que salvou a família durante muito tempo. “Minha família é de Alagoas e desde sempre minha mãe fazia um caldo de mandioca, a gente era muito pobrezinho e esse caldo ajudava demais. Depois, quando nos mudamos para Mato Grosso do Sul, ela continuou fazendo e ajudou a gente por muito tempo. Depois é que conheci o caribéu”.
Sobre o produto criado por ela, Dalvina narra que o principal objetivo foi desenvolver um novo método de usar a mandioca produzida em sua terra e facilitar a vida dos clientes. “Para que ter todo o trabalho de escolher e descascar a mandioca, cortar, selecionar a carne, fazer os temperos, enfim, passar um bom tempo preparando, se você pode só colocar na panela e adicionar água?”, sintetiza.
Com sua produção própria de mandioca e temperos como cebola, a agricultora encontrou um parceiro também de Terenos para fornecer a carne de sol. Assim, todos os ingredientes foram selecionados pensando na importância da agricultura familiar.
“Eu recebo a carne de sol, deixo a mandioca cortadinha, tempero e a pessoa recebe o caribéu com tudo artesanal. Na casa dela, ela coloca o preparo na panela, adiciona a água e espera 15 minutos na panela de pressão. Se for na panela normal, são 25 minutos. E é isso, o caribéu fica pronto”, comenta sobre o preparo.
Explicando melhor sobre sua relação com o prato, Dalvina conta que quando já morava por aqui, ela fez uma visita a aldeia indígena e, provando a culinária, encontrou o caldo similar ao da mãe. “Lá fizeram e falaram que era caribéu. Me lembro de pensar ‘nossa, parece o que sempre comi’, mas no caso deles era feito com carne de caça”.
De imediato, os pensamentos acabaram se limitando às memórias afetivas, mas anos depois nasceu o preparo prático. “Eu planto e vendo mandioca. Um dia, estava conversando com o senhor que compra para colocar no mercado e ele perguntou se eu não poderia entregar a mandioca em pedaços pequenos. Na hora, pensei que poderia fazer algo mais diferente”.
Conforme a agricultora explica, ao invés de vender os cubos de mandioca, ela sugeriu entregar um prato completo. “Quis oferecer o caldo e ele me questionou se a ideia era fazer como nossas mães faziam antigamente e pensei que era isso mesmo. Depois, pesquisando e pensando, pensei que o melhor mesmo era fazer o caribéu”, diz.
E, em relação à história da família, a agricultora explica que as inovações feitas hoje existem graças a muito trabalho feito nas áreas rurais com os pais e irmãos. “Nós fomos criados em sítio, fazenda. Até saímos um tempo, mas não teve jeito”.
Na receita da mãe, que inspirou sua versão do caribéu, o caldo era produzido com a mandioca plantada na lavoura em que a família toda trabalhava e a carne vinha muitas vezes de doações. “Meu pai era muito respeitado, querido. Então ele ganhava, por exemplo, cabeça de vaca e minha mãe separava a carne. Com isso, fazia aquele caldo”, detalha.
Indo desde o preparo da mãe até o sabor experimentado em uma das aldeias de MS, só faltava realmente a parte técnica. Sem saber lidar com a produção de rótulos e autorizações para vender o produto, Dalvina conta que recebeu o auxílio da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural).
“Eu tinha a ideia, consegui fazer o preparo, mas resolvi pedir ajuda para conseguir entender como poderia conseguir o que faltava. Na equipe da Agraer consegui ajuda para entender como precisava fazer desde o código de barras até rótulo, descrição dos alimentos e toda a ajuda foi sem custo”, explica.
Assim, há cerca de 8 meses o caribéu de Dalvina já está no mercado. Quem mora em Terenos consegue comprar o produto na cidade, já em Campo Grande há dois pontos de venda, sendo um na Alemão Conveniência e outro no Mercado do Produtor, de acordo com a agricultora.
Sobre os preços, ela explica que cabe aos revendedores, mas que o pacote custa, em média, R$ 20. Para mais informações sobre como comprar o produto e também sobre a produção, é necessário entrar em contato através do número (67) 99811-4363 ou através do perfil no Instagram @vege.e.tais
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