Rodízio que transformou Casa do Peixe em ponto turístico completará 30 anos
Já foram tantas reportagens sobre a mais tradicional casa especializada em peixes de Campo Grande que os garçons já têm algumas respostas decoradas. Mas agora, o motivo da conversa é especial, falta pouco para o restaurante completar três décadas de um sistema de servir que até pouco tempo era único, sem concorrência na cidade, talvez no País.
Todos os dias, a Casa do Peixe abre lotada para o primeiro e mais famoso rodízio de Campo Grande. O vai e vem dos garçons, com pressa, garante o prato servido sem demora e assim o lugar virou ponto turístico. No começo não era nem parecido com a competência que vemos hoje, uma mostra de que persistir no comércio é tudo.
Quando abriu as portas, “os clientes viravam o nariz para o peixe, procuravam sempre carne”, preferência notória do campo-grandense, conta o garçom mais antigo do lugar.
Trabalhar com produto em uma época de congelamento difícil, também não era fácil. Reunir uma equipe competente e com experiência foi outro desafio, apesar dos proprietários já terem experimentado trabalho semelhante no Mercado Municipal.
Para agradar, a casa serviu churrasco, virou pizzaria, mas finalmente conquistou as pessoas com o pescado.
Nas paredes, as fotos mostram artistas que já experimentaram as versões de pacu, pintado, e recentemente salmão e camarão. Ivete Sangalo, por exemplo, aparece mocinha na fotografia.
Em quase todas as fotos, sempre uma figura está presente. Estevão Moura, de 51 anos, viveu os últimos 30 como garçom na Casa do Peixe e já abraçou Milton Nascimento, Ratinho, Maurício de Souza e Júlio Iglesias. A última celebridade a passar por lá foi o cantor Thiaguinho, no sábado passado.
“Tenho 1.250 fotos, de jogador de futebol, como o Ronaldinho Gaúcho, a cantor sertanejo. Todo mundo passa por aqui”, comenta.
Estevão parece o dono do lugar, cuida do restaurante como se fosse dele, com uma atenção aos clientes ao servir de dar exemplo para muito atendente mau humorado que a gente vê pelo comércio. Também, até o casamento dele tem a mesma duração do trabalho na Casa do Peixe. “Casei no mesmo ano que vim para cá. Criei os 3 filhos graças ao restaurante.”
O irmão do antigo garçom também foi parar na Casa do Peixe, há 28 anos. Henrique começou fazendo serviços gerais, “limpando o chão”, lembra Estevão. Depois, assumiu a cozinha e ainda hoje é o responsável pelo tempero.
O proprietário, Sérgio Oyadomari, agora só aparece nas fotos de pescarias memoráveis do empresário, também expostas nas paredes. Quase não vai ao restaurante e também não gosta de dar entrevistas. A esposa e as três filhas são presenças mais rotineiras no lugar.
Sérgio nunca pensou em abrir filiais, sempre disse que estava satisfeito com um único negócio, mas ampliou o pequeno restaurante rústico, atualmente com fachada moderna, ar condicionado e 156 lugares.
“Quando abriu, ia só até a mesa 17. Hoje estamos na 39”, diz o gerente Marcos Nakasato. Por muitos anos, a casa foi a única com rodízio e, apesar do preço alto de R$ 56,90 (o que também é uma das marcas do restaurante), a concorrência nunca vingou porque “ não tem condição de praticar preço igual ou menor”, avalia o gerente. “Pode parecer caro, mas para peixe, é um preço que só nós conseguimos praticar por conta da rotatividade”.
