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Lado Rural

Castigado pela seca, MS inicia colheita do milho com perdas em todo o Estado

Queda na produtividade calculada pela Aprosoja-MS é de 14,2%; pela Conab produção deve cair 31,4%

Por José Roberto dos Santos | 18/06/2024 16:00
Colheitadeira avança sobre plantação de milho no município de Terenos. (Foto: Divulgação/Aprosoja-MS)
Colheitadeira avança sobre plantação de milho no município de Terenos. (Foto: Divulgação/Aprosoja-MS)

A colheita do milho segunda safra 2023-2024 iniciou em Mato Grosso do Sul e os resultados preliminares já revelam o efeito da falta de chuvas sobre a produtividade do grão. Até a data de 14 de junho, segundo Boletim Casa Rural, elaborado pelo Projeto Siga-MS (Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio) o Estado colheu 4,2% das 2,218 milhões de hectares previstas.

A porcentagem de área colhida na 2ª safra 2023/2024, encontra-se superior 4,16 pontos percentuais em relação à 2ª safra 2022/2023, para a data de 14 de junho. A estimativa da Aprosoja-MS (Associação dos Produtores de Soja) é que a safra seja 5,82% menor em relação ao ciclo passado (2022/2023), atingindo a área de 2,218 milhões de hectares. A produção é estimada em 11,485 milhões de toneladas, uma queda de 19,23%, e a produtividade é prevista em 86,3 sacas por hectare, uma retração de 14,25%.

A colheita está mais avançada na região sul do Estado, com uma média de 5,1%. Na região central, a média é de 3,1%, enquanto na região norte é de 0,5%. A área colhida até o momento, conforme estimativa do Projeto Siga-MS, é de aproximadamente 92 mil hectares.

A região sul, que engloba os municípios de Itaporã, Douradina, Dourados, Deodápolis, Angélica, Ivinhema, Glória de Dourados, Fátima do Sul, Vicentina, Caarapó e Juti é a mais castigada pela estiagem. Nessa região as lavouras consideradas em condições "ruim" ficam entre 40% e 65%. Os municípios de Glória de Dourados e Juti, por exemplo, têm classificação "ruim" de 65% e 60%, respectivamente. Nesta região, as lavouras consideradas como "bom" são só 14%.

Por outro lado, a região nordeste do Estado, que inclui os municípios de Alcinópolis, Costa Rica, Chapadão do Sul, Cassilândia, Paranaíba, Aparecida do Taboado, Selvíria, Três Lagoas, Inocência, Água Clara, Paraíso das Águas e Figueirão, tem 85% das lavouras de milho em condições consideradas como "bom" e apenas 6% e 9% como "ruim" e "regular".

Infográfico mostra as condições das lavouras de milho em Mato Grosso do Sul
Infográfico mostra as condições das lavouras de milho em Mato Grosso do Sul

Critérios de avaliação

Para uma lavoura ser classificada como "ruim", ela deve apresentar diversos critérios negativos, tais como alta infestação de pragas (plantas daninhas, pragas e doenças) ou falhas no estande de plantas, desfolhamento excessivo, enrolamento de folhas, amarelamento precoce das plantas, entre outros defeitos que causem perdas significativas de produtividade.

Uma classificação "regular" é atribuída a lavouras que apresentam poucos problemas relacionados a pragas, estande de plantas razoável e pequeno amarelamento das plantas em desenvolvimento.

Já uma classificação "bom" é dada a lavouras que não possuem nenhuma das características anteriores, com plantas saudáveis e que garantem uma boa produtividade.

Estado geral das lavouras é preocupante

Conforme tabela e gráfico do Boletim Casa Rural, o Mato Grosso do Sul tem 784,6 mil hectares em condições consideradas "ruins". Isso equivale a 35,4% das 2,218 milhões de hectares plantadas de milho. Se considerarmos que o Estado tem outras 458,6 mil hectares em condições "regulares", tem-se que a maioria das lavouras (1,243 milhão de hectares) estão sofrendo riscos reais de perdas de potencial produtivo. As lavouras consideradas em boas condições são representadas por 974,6 mil hectares.

Agricultor avalia qualidade do milho produzido em colheita no município de Sidrolândia. (Foto: Divulgação/Aprosoja-MS)
Agricultor avalia qualidade do milho produzido em colheita no município de Sidrolândia. (Foto: Divulgação/Aprosoja-MS)

Risco climático

O boletim do Siga-MS alerta para alguns fatores que devem ser observados, entre eles o fato de  que na segunda safra de milho de 2023/2024, já foram observadas perdas significativas no potencial produtivo devido à falta de chuvas. Essa situação adversa afetou uma área de quase 785 mil hectares em Mato Grosso do Sul.

Os períodos de seca ocorreram entre março e abril (10 a 30 dias de estresse hídrico) e mais recentemente, entre abril e junho (mais de 60 dias sem chuva). Ao avaliar o ciclo de plantio da 2ª safra de milho, constata-se que 60% da área total foi semeada até 10 de março, período que se enquadra na janela ideal de semeadura. Até essa data, a distribuição regional da semeadura era de 60% no sul, 38,4% no centro e 92,7% no norte. É de se considerar também que o atraso na colheita da soja afetou a janela de semeadura do milho.

O estresse hídrico impactou fortemente o sul, causando perdas significativas na produção. Esse milho sofreu com quase 60 dias de seca e chuvas esparsas, enfrentando uma situação desafiadora, conforme indicam as tendências climáticas.

Por fim, na madrugada do dia 13 de maio de 2024 ocorreu geada em locais específicos do Estado.

Semanalmente a Aprosoja-MS (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul), juntamente com o Governo do Estado de MS e a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária), divulgam dados ligados à agricultura local. As informações são coletadas pelos técnicos do Siga-MS (Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio), enriquecidas com informações apresentadas por satélite e posteriormente divulgadas.

Conab confirma perdas em MS

Na conta da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), conforme 9º Levantamento da Safra 2023-24, divulgado na quinta-feira passada, 13, a área plantada de milho segunda safra em Mato Grosso do Sul neste ciclo 2023-24 é 7,4% menor que a cultivada no ciclo anterior. O Estado caiu de 2,245 milhões de hectares para 2,079 milhões.

Em função das adversidades climáticas, a perda na produtividade calculada entre os dois ciclos é de quase 26%, saindo de 5.758 quilos por hectare para 4.265 kg/ha. O resultado disso reflete na produção, cuja queda estimada pela Companhia de Abastecimento é de 31,4%.

Significa que o Mato Grosso do Sul vai produzir 4 milhões de toneladas a menos de milho neste atual ciclo.

Clique no link e confira a produtividade estimada em cada município de MS.

564 - BOLETIM SEMANAL CASA RURAL - AGRICULTURA - CIRCULAR 564 18.06.2024.pdf

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