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Lado Rural

Cuidado com o estado corporal das vacas determina estação de monta bem-sucedida

Atenção deve ser constante, para que a vaca esteja em sua plenitude na hora do parto

Por José Roberto dos Santos | 21/11/2024 16:00
Trabalhador conduz boiada em meio a pasto abundante; vacas se alimentam de pastos verdes e nutritivos e assim consegue nutrir bem o feto. (Foto: Divulgação/Connan)
Trabalhador conduz boiada em meio a pasto abundante; vacas se alimentam de pastos verdes e nutritivos e assim consegue nutrir bem o feto. (Foto: Divulgação/Connan)

O período das águas é a época ideal para os pecuaristas iniciarem a estação de monta, uma fase importante do calendário reprodutivo do rebanho. Porém, para o sucesso da reprodução, é importante que as vacas estejam com um bom escore corporal, que deve ser conseguido com o cuidado constante dos animais.

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A estação de monta é um período crucial para os pecuaristas, pois a sincronização entre a demanda nutricional das vacas e a disponibilidade de forragens é essencial para garantir um bom escore corporal e, consequentemente, a saúde dos bezerros. O manejo planejado permite que os produtores maximizem o potencial de ganho de peso dos bezerros, evitando perdas significativas na produção. Além disso, a atenção ao cuidado com os touros, incluindo exames de qualidade do sêmen, é fundamental para o sucesso da reprodução. A calendarização da estação de monta não apenas melhora a rentabilidade do negócio, mas também otimiza o uso da equipe de manejo e promove ganhos genéticos através da inseminação artificial de qualidade.

Por isso, a fase de monta requer uma atenção especial dos produtores, uma vez que é nesse período que eles conseguem sincronizar o período de maior demanda nutricional das vacas, durante a lactação, com a época do ano de maior disponibilidade de forragens, ou seja, a época das chuvas.

“Para o melhor desempenho durante a estação, as vacas precisam estar em um escore corporal bom. Esse cuidado com os animais precisa ser constante, para que a vaca esteja em sua plenitude no momento do parto”, destaca o zootecnista Bruno Marson.

A importância do escore corporal tem relação direta com as taxas de desmame e de quantos quilos serão desmamados por vaca exposta, que são critérios para se determinar o sucesso da fase de cria. Marson explica que vacas com escore corporal mais baixo normalmente desmamam bezerros mais leves, porque tendem a emprenhar mais tarde na estação de monta, por isso a importância de a propriedade otimizar a programação fetal durante a gestação.

“O animal que emprenha em novembro, por exemplo, gerará um bezerro com potencial de ganho de peso maior do que aquele concebido em fevereiro. Isso ocorre porque no terço médio de gestação a vaca se alimenta de pastos verdes e nutritivos e assim consegue nutrir bem o feto, que se desenvolve melhor e com um bom número de fibras musculares. Já no caso do bezerro concebido em fevereiro, o terço médio da gestação será quando o pasto está seco, por isso, ele já nasce programado para ganhar menos peso”, detalha.

Para chegar à época da monta com o escore corporal satisfatório, o ideal é que as vacas deem crias durante a seca com bom escore corporal, que significa entre 3 e 4 em uma escala de 1 a 5. O zootecnista observa que é comum a vaca chegar à época de monta sem estar no perfil totalmente ideal para a gestação e que, para isso, uma solução é fornecer ao animal um suplemento mineral aditivado, que manipula a fermentação no rúmen, promovendo mais energia para ela ganhar mais peso.

Calendário da propriedade

Marson comenta que a preparação para a estação de monta, seguindo o calendário, ainda não é adotada por todas as fazendas, porque alguns fazendeiros preferem ter bezerros o ano todo para a venda, e observa que essa falta de planejamento pode acabar sendo mais custosa para o produtor.

“Quando não se faz a estação de monta, há bezerros de várias idades dentro do rebanho. Quando se faz a estação, a propriedade fica ‘calibrada’, porque todos os animais vão nascer e desmamar em períodos próximos. Com isso, o manejo fica mais planejado e o pecuarista preparado para tudo que acontece na propriedade. Quando o produtor "calendariza" a fazenda numa estação de monta, ele cria uma estratégia para emprenhar as vacas no momento mais favorável, o que faz com que esse rebanho tenha um potencial de ganho maior. A diferença entre um bezerro que nasce numa época menos favorável pode chegar a 30 quilos, ou seja, esse produtor está perdendo um potencial grande de produção de carne e de faturamento”, alerta.

Além disso, com a calendarização e previsão da estação de monta, é possível entender melhor os índices produtivos e zootécnicos da fazenda, o que ajuda na rentabilidade do negócio. Essa programação também permite um melhor aproveitamento da equipe de manejo e um ganho genético, uma vez que é possível comprar um sêmen melhor e inseminar todas as vacas com aquele material.

Cuidado com os touros

Outro ponto a se considerar para a estação de monta, de acordo com Marson, é o cuidado com os touros. Ele explica que, a despeito de haver a inseminação artificial em tempo fixo (IATF), a monta com o touro também é adotada pelos produtores, caso o primeiro método reprodutivo falhe. Por isso, o cuidado com os machos não pode ser negligenciado.

“O ideal é que o reprodutor passe por um exame andrológico antes da estação de monta, para ver se seu sêmen está sendo produzido e se é de boa qualidade. Como em geral um touro é usado para fertilizar 40 vacas, ele acaba perdendo peso, por isso precisa começar a estação com uma boa condição corporal também, ou seja, o animal precisa ser cuidado ao longo do ano inteiro. Na época da seca ele também precisa de suplementação. Se ele estiver mal nutrido, o sêmen vai ser de baixa qualidade. Além disso, o número de espermatozoides viáveis em cada monta será menor, o que significa menos chance de emprenhar. Assim, o mesmo cuidado que o pecuarista tem com a vaca, ele precisa ter com o touro”, finaliza.

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