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Lado Rural

Engorda em confinamento traz vantagens à pecuária de corte, garante zootecnista

Boas práticas de manejo não acarretam em aumento de custo e são essenciais para o sucesso da atividade

Por José Roberto dos Santos | 31/05/2024 12:38
Rebanho é tratado em regime de confinamento; uma das vantagens é a redução na idade de abate. (Fotos: Divulgação)
Rebanho é tratado em regime de confinamento; uma das vantagens é a redução na idade de abate. (Fotos: Divulgação)

A busca pela melhor produtividade do rebanho bovino faz parte do dia a dia do produtor agropecuário. Muitas vezes o desempenho mais eficaz pode ser feito em mudanças nas atividades do dia a dia. Um exemplo disso são as boas práticas de manejo no confinamento, que não acarretam no aumento de custos e nem do tempo necessário para realizar as rotinas do sistema, mas são essenciais para o sucesso da atividade.

A terminação de bovinos em confinamento apresenta uma série de vantagens para a cadeia produtiva da pecuária de corte ao longo do ano, como o maior equilíbrio na oferta de animais terminados; menor pressão de pastejo nas pastagens no período seco; e diminuição da idade de abate do rebanho.

Em Mato Grosso do Sul o gado confinado cresceu 7% em 2022, segundo dados da multinacional DSM. O Estado chegou a 830 mil animais terminados intensivamente, ocupava, então, a quarta colocação do ranking nacional atrás de Mato Grosso, Goiás e São Paulo.

Números do Boletim Casa Rural, elaborado pela Famasul (Federação da Agricultura e Pécuária de MS), mostram que foram identificados em agosto de 2022 a presença de 189 unidades de confinamento no Estado, sendo 117 confinamentos de até 2 mil cabeças de capacidade estática e outras 72 unidades com capacidade acima de 2 mil cabeças.

Apesar de bovinos serem animais herbívoros acostumados ao pastejo, eles conseguem viver em confinamento, quando adaptados corretamente. Para isso, é preciso respeitar algumas rotinas de manejo, como o tamanho e número de animais por lote; o espaço disponível por cabeça; mistura de lotes; condições climáticas adequadas; ausência de sons, pessoas e objetos desconhecidos, lama ou poeira nos currais de confinamento.

“A maioria dos bovinos se adapta facilmente e, quando isso não ocorre, o animal deve ser retornado à pastagem. Por isso, é de extrema importância que o bovino seja monitorado individualmente; observando-se o vazio fundo; se as narinas estão secas; ausência de ruminação; ou isolamento do resto do rebanho”, explica o zootecnista da Connan, Isaias Martim.

Recepção dos animais

O transporte é fonte de estresse para os bovinos, principalmente em viagens longas. Nesse caso, ao invés de fazer o processamento do rebanho logo após o desembarque, o recomendado é colocá-lo em um piquete com pastagem, para que se recupere mais rápido do estresse.

Na hora de separar os lotes, é preciso observar características dos animais como faixa de peso; raça; sexo; número de cabeças por lote e se todos estão em boas condições de saúde. Aqueles com dificuldade de locomoção ou sintomas clínicos de doenças devem ser apartados do lote e levados ao curral enfermaria. “Após a condução dos animais até o curral destino, a porteira é fechada, mas um vaqueiro precisa permanecer no local, observando o comportamento dos animais”, evidencia o zootecnista.

Gado em confinamento precisa ser adaptado ao novo regime de engorda, observa zootecnista
Gado em confinamento precisa ser adaptado ao novo regime de engorda, observa zootecnista

Na questão da alimentação no confinamento, pode-se adotar o programa de escadas, normalmente uma dieta com menos energia que a de terminação. Essa técnica é fornecida nas duas primeiras semanas, a partir daí tem início a transição à dieta de terminação.

Outra opção é a adaptação de restrição de quantidade de alimento, trabalhando desde o início com a dieta de terminação, porém começando com uma quantidade menor e aumentando aos poucos a quantidade a ser fornecida. “Qualquer uma das duas pode ser adotada, desde que haja um bom manejo de leitura de cocho e animais”, acrescenta Martim.

Rotinas de monitoramento

O monitoramento do rebanho deve ser feito por vaqueiros experientes, que possam identificar elementos do ambiente e sinais apresentados pelos animais que indiquem situações de risco para a saúde e desempenho. “Nas primeiras duas semanas de adaptação há maior risco de ocorrência de problemas. Nesse período o monitoramento deve ser feito duas vezes ao dia, reduzindo para uma visita diária a partir da terceira semana”, explica o zootecnista.

Ele ainda acrescenta que, no caso da alimentação, o monitoramento deve ser realizado diariamente. “A leitura de cocho precisa ser feita antes do primeiro trato da manhã atribuindo-se notas, que geralmente variam de 0 a 5, sendo 0 para cocho vazio e 5 para cocho cheio, para ajustar a quantidade de alimento a ser ofertada diariamente para cada curral do confinamento”.

Caso haja sobra de alimento, Martim indica que é importante avaliar a qualidade e também se houve mudança climática no dia anterior, “excesso de chuva, frio, calor, fatores que podem interferir no consumo dos animais. Bovinos gostam de rotina, por isso o alimento deve ser distribuído sempre nos mesmos horários e na mesma sequência, uniformemente por toda a linha de cocho. A equipe de tratadores deve anotar e repassar as quantidades reais ofertadas aos animais, mesmo que tenha sido diferente do previsto. Isso evita sobras ou falta do alimento para os animais”.

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