Engorda em confinamento traz vantagens à pecuária de corte, garante zootecnista
Boas práticas de manejo não acarretam em aumento de custo e são essenciais para o sucesso da atividade
A busca pela melhor produtividade do rebanho bovino faz parte do dia a dia do produtor agropecuário. Muitas vezes o desempenho mais eficaz pode ser feito em mudanças nas atividades do dia a dia. Um exemplo disso são as boas práticas de manejo no confinamento, que não acarretam no aumento de custos e nem do tempo necessário para realizar as rotinas do sistema, mas são essenciais para o sucesso da atividade.
A terminação de bovinos em confinamento apresenta uma série de vantagens para a cadeia produtiva da pecuária de corte ao longo do ano, como o maior equilíbrio na oferta de animais terminados; menor pressão de pastejo nas pastagens no período seco; e diminuição da idade de abate do rebanho.
Em Mato Grosso do Sul o gado confinado cresceu 7% em 2022, segundo dados da multinacional DSM. O Estado chegou a 830 mil animais terminados intensivamente, ocupava, então, a quarta colocação do ranking nacional atrás de Mato Grosso, Goiás e São Paulo.
Números do Boletim Casa Rural, elaborado pela Famasul (Federação da Agricultura e Pécuária de MS), mostram que foram identificados em agosto de 2022 a presença de 189 unidades de confinamento no Estado, sendo 117 confinamentos de até 2 mil cabeças de capacidade estática e outras 72 unidades com capacidade acima de 2 mil cabeças.
Apesar de bovinos serem animais herbívoros acostumados ao pastejo, eles conseguem viver em confinamento, quando adaptados corretamente. Para isso, é preciso respeitar algumas rotinas de manejo, como o tamanho e número de animais por lote; o espaço disponível por cabeça; mistura de lotes; condições climáticas adequadas; ausência de sons, pessoas e objetos desconhecidos, lama ou poeira nos currais de confinamento.
“A maioria dos bovinos se adapta facilmente e, quando isso não ocorre, o animal deve ser retornado à pastagem. Por isso, é de extrema importância que o bovino seja monitorado individualmente; observando-se o vazio fundo; se as narinas estão secas; ausência de ruminação; ou isolamento do resto do rebanho”, explica o zootecnista da Connan, Isaias Martim.
Recepção dos animais
O transporte é fonte de estresse para os bovinos, principalmente em viagens longas. Nesse caso, ao invés de fazer o processamento do rebanho logo após o desembarque, o recomendado é colocá-lo em um piquete com pastagem, para que se recupere mais rápido do estresse.
Na hora de separar os lotes, é preciso observar características dos animais como faixa de peso; raça; sexo; número de cabeças por lote e se todos estão em boas condições de saúde. Aqueles com dificuldade de locomoção ou sintomas clínicos de doenças devem ser apartados do lote e levados ao curral enfermaria. “Após a condução dos animais até o curral destino, a porteira é fechada, mas um vaqueiro precisa permanecer no local, observando o comportamento dos animais”, evidencia o zootecnista.
Na questão da alimentação no confinamento, pode-se adotar o programa de escadas, normalmente uma dieta com menos energia que a de terminação. Essa técnica é fornecida nas duas primeiras semanas, a partir daí tem início a transição à dieta de terminação.
Outra opção é a adaptação de restrição de quantidade de alimento, trabalhando desde o início com a dieta de terminação, porém começando com uma quantidade menor e aumentando aos poucos a quantidade a ser fornecida. “Qualquer uma das duas pode ser adotada, desde que haja um bom manejo de leitura de cocho e animais”, acrescenta Martim.
Rotinas de monitoramento
O monitoramento do rebanho deve ser feito por vaqueiros experientes, que possam identificar elementos do ambiente e sinais apresentados pelos animais que indiquem situações de risco para a saúde e desempenho. “Nas primeiras duas semanas de adaptação há maior risco de ocorrência de problemas. Nesse período o monitoramento deve ser feito duas vezes ao dia, reduzindo para uma visita diária a partir da terceira semana”, explica o zootecnista.
Ele ainda acrescenta que, no caso da alimentação, o monitoramento deve ser realizado diariamente. “A leitura de cocho precisa ser feita antes do primeiro trato da manhã atribuindo-se notas, que geralmente variam de 0 a 5, sendo 0 para cocho vazio e 5 para cocho cheio, para ajustar a quantidade de alimento a ser ofertada diariamente para cada curral do confinamento”.
Caso haja sobra de alimento, Martim indica que é importante avaliar a qualidade e também se houve mudança climática no dia anterior, “excesso de chuva, frio, calor, fatores que podem interferir no consumo dos animais. Bovinos gostam de rotina, por isso o alimento deve ser distribuído sempre nos mesmos horários e na mesma sequência, uniformemente por toda a linha de cocho. A equipe de tratadores deve anotar e repassar as quantidades reais ofertadas aos animais, mesmo que tenha sido diferente do previsto. Isso evita sobras ou falta do alimento para os animais”.