Estiagem leva 33 cidades de MS à emergência federal
Estado emitiu decreto válido para todos os 79 municípios em janeiro
A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, reconheceu situação de emergência em 33 municípios de Mato Grosso do Sul por conta da estiagem. A portaria foi publicada na edição desta quinta-feira (10) do Diário Oficial da União.
A medida abrange Amambai, Angélica, Antônio João, Aral Moreira, Bataguassu, Batayporã, Bela Vista, Bodoquena, Bonito, Brasilândia, Caarapó, Caracol, Coronel Sapucaia, Deodápolis, Dois Irmãos do Buriti, Dourados, Eldorado, Iguatemi, Itaporã, Itaquiraí, Ivinhema, Japorã, Laguna Carapã, Maracaju, Miranda, Mundo Novo, Naviraí, Nioaque, Nova Andradina, Novo Horizonte do Sul, Porto Murtinho, Sete Quedas e Taquarussu.
Prejuízos – A forte onda de calor e a seca que afetam as lavouras já deixaram um prejuízo de aproximadamente R$ 3 bilhões na safra de soja. A estimativa é da Aprosoja-MS (Associação dos Produtores de Soja e Milho) e Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária), que divulgaram relatório sobre as condições das lavouras de soja.
Os dados apontam que a estiagem provocou perdas de pelo menos 1 milhão de toneladas de grãos na safra 2021/2022. A área plantada deve ficar em 3,7 milhões de hectares e a produção total 11,4 milhões de toneladas, com média de rendimento passando de 56 sacas para 50 sacas por hectare.
A projeção inicial era colher acima de 12 milhões de toneladas neste ciclo, mas com o novo levantamento apontando a perda de 1 milhão de toneladas, a redução estimada deve gerar prejuízos acima de R$ 3 bilhões, levando em consideração que a saca de soja de 60 quilos está cotada em R$ 180 em Mato Grosso do Sul.
Decreto – Em janeiro, o governo do Estado decretou situação de emergência devido à estiagem nos 79 municípios de Mato Grosso do Sul. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) relatou que a seca já força produtores de aves e suínos a buscarem água com caminhão-pipa. Situação registrada, por exemplo, em Vicentina, a 248 km de Campo Grande.
“O volume de chuva foi muito pequeno. Essa medida ajuda muito o setor produtivo, que está tendo grande prejuízo. Parece que teremos um trimestre com chuva abaixo da média. O produtor poderá acionar o seguro, Proagro [Programa de Garantia da Atividade Agropecuária], buscar com as instituições financeiras a possibilidade de ampliação do pagamento da dívida. Abre a possibilidade de alguma renegociação”, disse em 3 de janeiro.
A medida auxilia os produtores rurais a reduzirem prejuízos nas lavouras e granjas, pois serve de ferramenta para que possam acionar o seguro agrícola e renegociar parcelas de financiamento. A iniciativa do governo foi comemorada pelos produtores.
O presidente da Aprosoja-MS, André Dobashi, destacou que a safra de soja do Estado está em período de enchimento de grãos, e que já se percebe que nos municípios de solo arenoso, onde a semeadura foi feita de forma antecipada, já tem uma produtividade prejudicada. “Alguns até já tem produtividade zero. Vamos a campo fazer este levantamento in loco, para apresentar a real situação deste impacto da seca na produção.”