Seca leva MS a decretar situação de emergência geral
“Essa medida ajuda muito o setor produtivo, que está tendo grande prejuízo”, diz Reinaldo
O governo decretou situação de emergência devido à estiagem nos 79 municípios de Mato Grosso do Sul. O documento será publicado amanhã no Diário Oficial, mas a medida foi antecipada hoje pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB), durante reunião na Governadoria.
Ele relatou que a seca já força produtores de aves e suínos a buscarem água com caminhão-pipa. Situação registrada, por exemplo, em Vicentina, a 248 km de Campo Grande.
“O volume de chuva foi muito pequeno. Essa medida ajuda muito o setor produtivo, que está tendo grande prejuízo. Parece que teremos um trimestre com chuva abaixo da média. O produtor poderá acionar o seguro, Proagro [Programa de Garantia da Atividade Agropecuária], buscar com as instituições financeiras a possibilidade de ampliação do pagamento da dívida. Abre a possibilidade de alguma renegociação”, afirma Azambuja.
Mato Grosso do Sul tem um verão com previsão de chuva abaixo da média, situação climática ditada pelo fenômeno La Niña (resfriamento das águas do Oceano Pacífico). “Infelizmente, as chuvas estão muito irregulares, por isso, essa abrangência dos 79 municípios”.
A seca persistente já levou o governo do Paraná a decretar situação de emergência e a questão também foi levada à ministra da Agricultura, Tereza Cristina. “Conversei com a ministra e, às 14h30, terá reunião com os secretários de Agricultura e Pecuária de MS, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, diz o governador.
Presidente da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de MS), Marcelo Bertoni calcula que a seca deve aumentar em 20% os custos de produção. “É um custo a mais para esse produtor que já tem uma margem de lucro menor, principalmente, o produtor de frango”.
Na pecuária, ainda não houve prejuízo, mas em breve, a estiagem também deve pesar no bolso do consumidor. “O que a gente não tem é essa safra de janeiro, fevereiro, que é a safra do boi gordo, que baixa preço no mercado. Provavelmente, vai ser prejudicada”.
Mato Grosso do Sul teve registro de áreas com perda de lavoura de soja devido à estiagem. O presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul), André Figueiredo Dobashi, afirma que será feito levantamento em todo o Estado para verificar os prejuízos. “Tivemos alguns registros [de queimadas por conta da seca] de perdas totais das lavouras, mas muito localizadas, e não é a realidade de todo o Estado”.
O normal para o mês de dezembro era 200 milímetros de chuva, mas foram registrados apenas 30 milímetros.