Rentabilidade dos produtores de carnes seguirá reduzida em 2023

Os elevados custos de produção de carnes, principalmente de aves e suínos, por causa da valorização dos preços do milho apontam para possibilidade de produtores de carnes terem menor margem de rentabilidade em 2023, de acordo com projeções da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgadas nesta quarta-feira (24).

Suínos - No caso da suinocultura, a recuperação dos rebanhos chineses, atingidos fortemente pela PSA (Peste Suína Africana) a partir de 2018, também vem impactando nas cotações internas de suíno vivo, além de influenciar na redução das exportações para a China.

No entanto, a abertura de novos mercados, como outros países do Sudeste Asiático e do Canadá, oferecem perspectiva de amenização nessa queda de rentabilidade, segundo Allan Silveira, superintendente de Estudos de Mercado e Gestão da Oferta da Conab.

Dessa forma, há estimativa de aumento de 6,7% nos abates em 2023 que não deve se converter em aumento na produção da proteína por causa do menor peso médio esperado em função dos elevados custos na alimentação dos plantéis.

Aves - Os abates de aves podem ter crescimento de 3,2% em 2023 na comparação com 2022, sendo estimados em 6,29 bilhões de frangos. As exportações devem apresentar queda de 1,7%, podendo chegar a 4,5 milhões de toneladas. Essa combinação de fatores resulta em um provável aumento da oferta interna na ordem de 4,2%, elevando a disponibilidade per capita acima dos 51 kg/hab/ano.

Bois - A pecuária de corte tem sofrido com o aumento de custos, principalmente o aumento dos preços dos bezerros nos últimos anos. Sendo assim, apesar do bom momento vivido em relação à demanda externa, os ganhos dos produtores de carne bovina podem ser afetados.

Em função da alta no preço dos bezerros, nos últimos anos os criadores passaram a reter fêmeas estrategicamente, o que explica o aumento do rebanho projetado para 2022 e 2023. Isso também deve refletir na projeção de alta nos abates no próximo ano em torno de 2,7% quando comparado com 2022, sendo estimado em 30,1 milhões de cabeças.

“Apesar de haver previsão de queda do preço médio do bezerro, tal movimento não é suficiente para motivar uma queda geral nos custos, uma vez que a suplementação animal também tem sofrido com recentes altas”, pondera o gerente de Produtos Pecuários da Conab, Gabriel Correa.

Ainda segundo a Companhia, o incremento nos abates ainda indica aumento na produção de carne bovina na ordem de 2,9%. Há possibilidade de que em 2023 haja o início do processo de descarte de vacas, característico do atual momento do ciclo pecuário, o que também possibilita um acréscimo na ordem de 5% nas vendas ao mercado externo e ligeira elevação na disponibilidade per capita em 2023, se aproximando dos 26 kg/habitante/ano.

Veja aqui as apresentações e tabelas completas relacionadas às Perspectivas para a Agropecuária Safra 2022/23.