"Mar de jacarés” fugindo de trator gera polêmica nas redes sociais
Vídeo divulgado em instagram da deputada Joice Hasselmann (PSL) gerou muita crítica de quem viu maus tratos na cena
“Agora vou mostrar para vocês o que é o pantanal sul-mato-grossense”. É assim que começa um vídeo que tem gerado muita discussão no instagram – rede social baseada em imagens – da deputada federal Joice Hasselmann (PSL). As imagens mostram um trator passando em região alagada no que parece ser um “mar de jacarés” e muitos viram nas imagens maus tratos a esses bichos pantaneiros.
“Gente, alguém faz alguma coisa, crime bárbaro”, comentou um dos perfis. Esse comentário recebeu, ainda assim, diversas respostas de quem defendeu serem as imagens a “pureza” da cultura rústica do bioma alagado. Mas as críticas negativas na postagem com quase 56 mil visualizações continuaram.
Confira o vídeo:
“Você está certo em se preocupar. Vai que passou em cima duns 10”, diz outo seguidor. Teve quem também comentou que não há perigo aos jacarés, que são rápidos ao fugirem da roda enorme do veículo, mas admitiu o desconforto ao ver tanto jacaré tentando sair do caminho do trator.
As imagens do pantanal sul-mato-grossense que a deputada natural do sul do país divulgou, sem identificar local específico, chamam a atenção para quem não conhece a região. É o que afirma o Coronel da reserva da Polícia Militar, fundador do Instituto Homem Pantaneiro, Ângelo Rabelo.
“Posso falar com o conhecimento, a lida do pantanal, desde a sua história, de 300 anos, nunca foi de agressão a nenhuma espécie, aquela imagem é assustadora para quem vive nas áreas urbanas. Nas áreas de baías, nesse período que está entrando em seca, essa cena se repete em muitas fazendas, de ter que passar ao lado, é um impacto de convivência”, comentou.
Para o coronel, a impressão de maus tratos “é uma impressão equivocada”. Ele afirma que o volume de animais se deve ao período da seca. Muitas espécies buscam refúgio nas poucas áreas alagadas que sobram pelo caminho. “Não é uma atitude de agressão, as áreas que vão ficando isoladas, essas espécies se refugiam nelas, são rotas de caminhos de fazenda. O fator decisivo de sobrevivência é água, a pouca água que sobra exposta é refúgio de muitas espécies”.
“Os jacarés ficam nessas baías dois meses, às vezes mais, hibernados, consumindo a própria gordura, na lama, e o mais impressionante é que o jacaré, quando acaba o peixe, começa o canibalismo”, explicou Rabelo.
A reportagem tentou contato com a deputada, por meio da assessoria de imprensa, mas não obteve resposta.