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Meio Ambiente

Ataques de abelhas e vespas: saiba por que aumentam em época de seca

Somente neste ano, Corpo de Bombeiros registrou cerca de 1,3 mil atendimentos em todo o estado.

Anahi Gurgel | 02/09/2017 10:31
Vespas Polistes sp construindo ninho em árvore do cerrado. "Só atacam quando se sentem ameaçadas". (Foto: Rodrigo Aranda)
Vespas Polistes sp construindo ninho em árvore do cerrado. "Só atacam quando se sentem ameaçadas". (Foto: Rodrigo Aranda)

Além dos chamados para combater queimadas e socorrer pessoas com mal súbito, por causa do forte calor, no período de seca aumenta consideravelmente a procura pelo Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul para atender ocorrências de ataques de abelhas, marimbondos e escorpiões.

De janeiro até o dia 30 de agosto deste ano, foram registradas 1.309 ocorrências, entre vistorias em imóveis e combate a ataques de insetos em todo o estado, com 10 vítimas em Campo Grande e no interior. Um aumento de 76% em relação ao mesmo período de 2016, quando foram registradas 941 vistorias e 62 ataques, com 6 pessoas feridas.

Mas por que os insetos atacam mais no período de estiagem?

O ambientalista Rodrigo Aranda, coordenador do Cinelab (Laboratório de Ecologia de Comunidade de Insetos), da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) explica que os insetos aproveitam a época que antecede a primavera para construir novos ninhos.

“Nesse período, as abelhas começam a fazer o chamado enxameamento, para formar uma nova colônia de indivíduos. Elas saem da colméia de origem em busca de um local seguro para construir um novo lar. Nessa migração, é que, geralmente, ocorrem os ataques", diz.

Abelha Apis mellifera, conhecida como européia, espécie mais comum. (Foto: Rodrigo Aranda)
Abelha Apis mellifera, conhecida como européia, espécie mais comum. (Foto: Rodrigo Aranda)
Abelhas mamagava (Bombus sp), em busca de alimento no campo. (Foto: Rodrigo Aranda)
Abelhas mamagava (Bombus sp), em busca de alimento no campo. (Foto: Rodrigo Aranda)

Nessa "expedição", os insetos carregam a rainha virgem e parte da colméia de origem. São verdadeiras colmeias itinerantes em busca de um local protegido, geralmente em ambientes onde há grande oferta de alimentos e árvores com florada adequada para produção do mel, para já estarem abrigadas quando a primavera chegar.

"Esses insetos estão preocupados em proteger a rainha e construir o ninho, portanto, os ataques a seres humanos só acontecem quando eles se sentem ameaçados", garante Rodrigo, acrescentando que a maioria dos casos envolve a espécie Apis mellifera, conhecida como abelha européia.

De acordo com o especialista, muita gente acredita que os ataques são mais comuns nessa época por causa das queimadas, porque a fumaça atiçaria a agressividade das abelhas.

"É justamente o oposto. No caso das europeias, a fumaça é muito utilizada para contenção e retirada de colmeias, porque as deixa mais calmas. Quando há fogo, o foco delas é salvar o ninho e o alimento", afirma.

Quem também aproveita a época para aumentar as colônias são os marimbondos. Com o final da estação seca e aproximação da estação chuvosa, eles buscam novos locais para montar ninhos e aumentam a procura por alimento.

“Muitas vespas acabam procurando áreas urbanas para fazer os ninhos, pois apresentam refúgio contra as intempéries. Beirais de telhados e locais fechados são os preferidos”, conta.

Bombeiro usa fumaça para acalmar abelhas após ataque na CoophaVilla II, neste mês. (Foto: André Bittar)
Bombeiro usa fumaça para acalmar abelhas após ataque na CoophaVilla II, neste mês. (Foto: André Bittar)

Como evitar e o que fazer em caso de ataque? Prevenir é o melhor remédio. Para não ser atacado por abelhas e vespas, o segredo é não perturbar o ninho.

O Corpo de Bombeiros faz uma série de recomendações: roupas claras, pois as escuras atraem os insetos; não fazer movimentos bruscos e excessivos se estiver próximo a colmeias; evitar gritos e sons altos, como máquinas barulhentas, já que as abelhas são atraídas por ruídos, principalmente os agudos.

Em caso de ataque, o ideal é se distanciar ao máximo do local, pois os insetos dificilmente voam para muito longe do ninho para atacar um intruso. Ao ficar diante de um enxame de abelhas, a pessoa deve correr em zigue-zague, pois elas deslocam-se juntas em linha reta, e sempre proteger o pescoço e o rosto das picadas.

Ataques “em massa” acontecem quando uma abelha se sente ameaçada, ferroa a pessoa e libera ferormônios que atraem um exército para defender a colmeia. A abelha morre depois de liberar o ferrão.

Diferentemente da espécie europeia, as vespas, como marimbondos, possuem o ferrão liso, o que permite que um único indivíduo ferroe várias vezes.

Em casos de formação de colméias em residências, o Corpo de Bombeiros orienta que o proprietário acione uma empresa de apicultura especializada para a remoção. Dessa forma, é possível retirar o ninho e preservar os indivíduos, sem risco aos moradores.

Em situação de ataque, as pessoas devem entrar em contato com a corporação por meio do 193.

De janeiro a dezembro de 2016, foram realizadas 1565 vistorias em imóveis e controlados 102 ataques de insetos, com 7 vítimas no interior e 3 em Campo Grande.

Escorpiões - No caso de escorpiões, é também nessa época que eles se reproduzem. Eles tendem a se esconder nos cantos das casas e dentro de sapatos, casacos e roupas de cama.

Por isso, é importante sempre deixar a casa arejada, ter cuidado com peças do vestuário pouco usadas e não deixar telhas e tijolos empilhados no quintal. O contato do Civitox (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica) é 0800 722 6001 ou 150. 

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