Com formação rara de Mata Atlântica, reserva também abriga “mini Pantanal”
Área foi comprada há duas décadas pela Cesp como compensação ambiental
Com 3,8 mil hectares, a Reserva Cisalpina, no município de Brasilândia, abriga importante remanescente da floresta estacional decidual aluvial, uma formação vegetal da Mata Atlântica extremamente rara e, em contrapartida, bastante degradada, com apenas 1% remanescente em todo o Brasil.
A diversidade da reserva é destacada pelo professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Sérgio Roberto Posso. A área foi adquirida pela Cesp (Companhia Energética de São Paulo), há cerca de duas décadas, como compensação ambiental pela formação do reservatório da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta (Porto Primavera), em Brasilândia.
“O que temos na Cisalpina é algo bastante interessante. Por conta do rio Paraná, que foi depositando sedimento arenoso ao longo de milênios naquela região, formou-se um tipo especial de Mata Atlântica: as florestas estacionais deciduais aluviais são formações extremamente raras e que foram muito degradadas ao longo dos anos, cuja existência é de 1% hoje. E na Reserva Cisalpina e seu entorno podemos encontrar quase sete mil hectares desse tipo de vegetação, o que é extremamente importante”, afirma.
Também ocorre naquela região os chamados paleocanais, formados pelas inundações do rio Paraná ao longo dos períodos geológicos, o que faz com que, no período de chuvas, surja uma espécie de mini Pantanal, bioma localizado em Corumbá e Porto Murtinho.
A área da Cisalpina fica em RPPN (Reserva de Patrimônio Particular Natural) com cerca de 17 mil hectares. São quase 500 espécies de animais silvestres catalogadas na unidade de conservação, sendo 22 espécies de anfíbios, 12 de répteis, 310 de aves; 92 peixes e 54 de mamíferos.
Deste total, 21 espécies estão na lista de plantas e animais ameaçados de extinção de órgãos como o MMA (Ministério do Meio Ambiente) e a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza). Sendo a maioria delas de aves e mamíferos. Como a onça-parda, onça-pintada, cervo-do-pantanal, mutum-de-penacho e lobo-guará.
“A Reserva Cisalpina, assim como toda a área no seu entorno, é uma fonte valiosa para o estudo da fauna e da flora. Por isso, queremos buscar parcerias com instituições não governamentais e universidades para que possamos compartilhar dessa fonte de conhecimento”, afirma o gerente de Operações e Sustentabilidade da Cesp, André Rocha.