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Meio Ambiente

Corte de árvores para construção de casas provoca polêmica em bairro

No local, serão construídas casas populares que serão financiadas pelo programa Minha Casa, Minha Vida

Mayara Bueno | 19/04/2018 17:41
Árvore Sete Copas, à esquerda, na rua Globo de Ouro, no Jardim Aero Rancho. (Foto: Mayara Bueno).
Árvore Sete Copas, à esquerda, na rua Globo de Ouro, no Jardim Aero Rancho. (Foto: Mayara Bueno).
Arara na árvore, que os moradores dizem que será arrancada. (Foto: Direto das Ruas).
Arara na árvore, que os moradores dizem que será arrancada. (Foto: Direto das Ruas).

Acostumados a abrir o portão de casa e dar de 'cara' com araras na árvore Sete Copas, moradores do bairro Aero Rancho, na região Sul de Campo Grande, pedem que aquela vegetação não seja cortada, a exemplo do que aconteceu com pelo menos 50 árvores. É que na rua Globo de Ouro, que fica às margens da avenida Ernesto Geisel, serão erguidos 28 prédios por meio do programa Minha Casa, Minha Vida. Para isso, as árvores precisam ser cortadas.

Na tarde desta quinta-feira (dia 19), quando a reportagem esteve no local, foi possível ver inúmeras caídas no chão. A informação dos moradores ali é de que todas serão derrubadas ao longo da semana.

Para eles, não é problema a construção de um condomínio popular, pelo contrário, acreditam que o empreendimento vai valorizar e trazer mais segurança à região. Eles só pedem a manutenção de pelo menos uma árvore, a Sete Copas, que é 'casa' para pelo menos 10 araras que 'passam' por lá a cada dia.

"Sempre vem muitas araras, comem aqui. Tem dias que vem seis casais. Não vemos necessidade de retirar a árvore", afirma o morador Everton da Silva, 29 anos. A vegetação fica a poucos metros de sua residência e em um local que os moradores acreditam ser destinado à calçada do residencial.

Pelas contas de Everton, as equipes já devem ter retirado ao menos 25 árvores só em um determinado espaço.

O mesmo pensa a cabeleireira Elionai da Costa, 23 anos, que mora naquela rua desde que nasceu. "É o lugar onde os bichinhos se alimentam. É muito triste", comenta. "A hora que uma das árvores foram cortadas, eu até chorei", complementa Mislene de Assis, de 30 anos.

A moradora reconhece que o condomínio vai trazer mais segurança e também beneficiar quem receber as casas. "Mas que pelo menos deixe onde as araras ficam".

Máquina na área onde será erguido residencial. (Foto: Mayara Bueno).
Máquina na área onde será erguido residencial. (Foto: Mayara Bueno).

Positivo - Para Elessandra Soares, 37 anos, a construção das moradias e posterior ocupação é positiva. Isso porque, o local, hoje em dia, serve como ponto de uso de droga, segundo a moradora. "A gente fica com medo. Eu tenho três filhos adolescentes, quando eu saio e deixo eles, fico preocupada", afirmou, ressaltando que se a retirada de árvores está sendo feita de forma regular, não há problema.

Na área, serão construídos dois residenciais. Conforme o portal da prefeitura, são o Residencial Jardim Aero Rancho Ch7 e Residencial Jardim Aero Rancho Ch8, com 224 apartamentos cada.

As construções fazem parte do programa Minha Casa, Minha Vida - Fundo de Arrendamento Residencial. Os empreendimentos vão custar R$ 21,4 milhões e R$ 27,4 milhões.

Outro lado - Por meio de nota, a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) afirmou que fez uma vistoria técnica no local e autorizou os cortes baseando-se na Lei Complementar nº 84, que prevê, em caso de haver necessidade de supressão de árvores, o corte poderá ser adotado com compensação. "Cientificamos que serão tomadas as medidas compensatórias pertinentes, conforme estabelecido pela Legislação", encerra a nota.

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