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Meio Ambiente

Enquanto alguns jogam lixo, moradora transforma terreno com árvores frutíferas

Há 10 anos, Maeda recolhe lixo do espaço e tem o sonho de construir praça para a população

Por Izabela Cavalcanti e Antonio Bispo | 16/01/2024 13:33
Maeda cuidando de planta em terreno baldio que ela transformou, no Mário Covas (Foto: Henrique Kawaminami)
Maeda cuidando de planta em terreno baldio que ela transformou, no Mário Covas (Foto: Henrique Kawaminami)

Quem passa por um terreno baldio no Bairro Mário Covas, cheio de árvores e flores, nem imagina que ali, na verdade, era um local repleto de lixo e entulho. A responsável pela transformação é a assistente financeira Maeda Matsuoka, de 48 anos, atual presidente do bairro, que vai na contramão de quem prefere jogar qualquer tipo de sujeira.

Ela investiu na melhoria do espaço em 2013 e, hoje, quer ir mais além, construir uma pracinha, que já tem até projetado em sua mente. O terreno em "L" fica na Rua Javali, esquina com a Rua Leandro Salina.

“Meu objetivo é deixar o ambiente bonito, com flores, com árvores e ver se a gente consegue uma pracinha para as crianças brincarem. Ano passado, eu fiz ofício pedindo”, destacou.

Arquitetura de praça para o Mário Covas, projetada pela moradora Maeda (Foto: Arquivo pessoal)
Arquitetura de praça para o Mário Covas, projetada pela moradora Maeda (Foto: Arquivo pessoal)

A arborização da região iniciou em frente a sua própria casa, quando saiu no portão e viu que não tinha sequer uma sombra para descansar. A partir disso, Maeda comprou uma muda da dama-da-noite e começou a oferecer para os vizinhos e tirar dinheiro do próprio bolso para comprar. Depois, a ideia se estendeu para o canteiro da Avenida dos Cafezais.

“As pessoas começaram a me pedir muito e eu não tinha dinheiro. Todo mundo procura uma sombra para ficar embaixo, mas não planta uma árvore. Eu descobri que a Prefeitura tem um viveiro de mudas, no Itamaracá, eu comecei a ir lá, pegar as mudas e arborizar a Avenida dos Cafezais, porque não tinha árvore nenhuma”, lembrou.

Maeda pintando pneu que envolve árvore plantada na Avenida dos Cafezais (Foto: Arquivo pessoal)
Maeda pintando pneu que envolve árvore plantada na Avenida dos Cafezais (Foto: Arquivo pessoal)

Aos fins de semana, no fim da tarde e até à noite, aos poucos, o canteiro ia tomando forma com a ajuda de outros dois amigos.

Paralelo a isso, ela se deparou com a situação do terreno. “Fui na Sisep (Secretaria de Obras), expliquei a situação e mandaram um caminhão e patrola para retirar o lixo. Um lugar que só tinha mato, só tinha lixo, agora tem flores, tem plantas”, pontuou.

A paisagem fica por conta dos pneus coloridos, doados pelos vizinhos, e pelos pés frutíferos de goiaba, mamão, jaca e abacate.

Como ela mesma destaca, os pneus se tornaram uma forma de proteger as plantas dos animais e de preservar o meio ambiente para que não sejam jogados em qualquer lugar.

Maeda mostra árvores e flores plantadas dentro de pneus, no terreno baldio da Rua Javali, no Mário Covas(Foto: Henrique Kawaminami)
Maeda mostra árvores e flores plantadas dentro de pneus, no terreno baldio da Rua Javali, no Mário Covas(Foto: Henrique Kawaminami)

O problema no terreno tem sido a falta de iluminação e até mesmo o vandalismo com as plantas, que são arrancadas. Situação preocupante que já ocorreu foi atearem fogo em um dos pneus, mas que resultou no formato de um coração. “Tacaram fogo no pneu, o fogo fez uma marca que lembra um coração. É o amor sobrevivendo ao vandalismo”, finalizou.

Ajuda da população - Aos poucos, os moradores também têm se envolvido na ação e contribuem para a limpeza do terreno. Na manhã desta terça-feira (16), vizinhos estavam com um saco preto recolhendo lixos jogados.

O profissional de logística Matheus Vinícius, de 27 anos, leva a avó para admirar as plantas e preza pela atitude de Maeda.

Matheus junto com a avó debaixo de árvore plantada no terreno (Foto: Henrique Kawaminami)
Matheus junto com a avó debaixo de árvore plantada no terreno (Foto: Henrique Kawaminami)

“É importante ter esse tipo de ação aqui no bairro. Todo mundo quer poder sair de casa e ter um lugar tranquilo para ficar. Minha avó gosta bastante de ficar aqui na sombra, debaixo da árvore, então por que não investir em uma estrutura melhor para a população? Já pensou se aqui tivesse pista de caminhada, quadra e parquinho?”, questionou.

O lavrador Venício da Silva, de 74 anos, lembra de quando iniciou esse projeto no bairro. “É importante para nós, ter um lugar para ficar. Aqui no bairro não tem nada e ela [Maeda] está lutando para que a gente tenha alguma coisa. Aprovo 100% essa ação”, pontuou.

Doações de água, tinta e pneu têm sido os principais pedidos da idealizadora do projeto para manter o local limpo e florido para a população. Uma das ideias que Maeda dá é de puxar uma torneira do posto de saúde, que fica ao lado, para poder regar as plantas.

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