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Meio Ambiente

Frio e cheia do rio Paraguai diminuem quantidade de peixe pintado

Renata Volpe Haddad | 22/07/2017 11:18
Comerciante mostra freezers vazios há um mês e sem nenhum pintado para vender. (Foto: Anderson Gallo/Diário Corumbaense)
Comerciante mostra freezers vazios há um mês e sem nenhum pintado para vender. (Foto: Anderson Gallo/Diário Corumbaense)

Pescadores estão assustados com a falta de um dos peixes mais tradicionais no Pantanal e um dos preferidos na culinária: o pintado. Quem estava acostumado com a pesca da espécie em abundância, estranha o fato da diminuição considerável do peixe no rio Paraguai. A explicação para o "sumiço" do peixe é devido a cheia no rio e ao inverno que este ano está mais rigoroso.

O site Diário Corumbaense conversou com pescadores e com comerciantes. Há sete anos como pescador profissional, Simão Marques de Souza, 27, diz que nos últimos dois anos a quantidade de pintado vem diminuindo consideravelmente, muito por causa dos predadores naturais e pela cheia do rio Paraguai. “A ariranha que é um animal que se alimenta do pintado e isso contribui para a diminuição. Como estamos em época de enchente, a profundidade do rio aumenta e fica muito mais complicado encontrar o pintado, só mais para cima”, explicou.

Ainda de acordo com Simão, o esforço para conseguir pescar o pintado nos últimos meses tem sido grande. “Não é fácil, é preciso sair às 04h para conseguir pegar o pintado e nem sempre consigo pescar o peixe”, disse.

Trabalhando há 20 anos no Porto Geral de Corumbá, Antônio Santana, 64, relata que não tem nenhum pintado para vender há um mês. Segundo ele, há uma grande dificuldade dos pescadores para encontrar o peixe no rio. “Nunca tive problema como esse, é a primeira vez. Estou há um mês sem esse peixe, e normalmente em dias bons tenho para venda cerca de mil e quinhentos quilos de pintado, mas atualmente estou sem nada no estoque”, contou.

Marinalva que tem restaurante conta que precisou substituir o pintado pelo pacu, na culinária.  (Foto: Anderson Gallo/Diário Corumbaense)
Marinalva que tem restaurante conta que precisou substituir o pintado pelo pacu, na culinária. (Foto: Anderson Gallo/Diário Corumbaense)

A proprietária da Cantina da Tia Mary, Marinalva de Pinho Costa, 53, informa que o pintado é um dos principais pratos do restaurante, há nove anos. Ela sempre trabalhava com aproximadamente 150 kg de pintado por dia, trazidos por três pescadores, mas por causa da falta do peixe, teve que começar a fazer mais pratos com pacu.

“Eu costumava ter três pessoas que têm embarcação para me ajudar com o estoque de peixe. Comprava o quilo por R$ 14, hoje o preço aumentou para R$ 18, mas já cheguei a comprar por R$ 23. Aqui em Corumbá, as pessoas não gostam muito de comer peixe de cativeiro, sempre perguntam qual é a origem, por isso a falta do pintado é enorme”, afirma.

Conforme o pesquisador da Embrapa Pantanal, Agostinho Catela, a cheia e o frio são as explicações para a diminuição do pintado no rio Paraguai. “Esse ano, tivemos uma cheia razoável, o rio chegou a 4,8 metros, então, é natural que os peixes fiquem dispersos, tornando a pesca menos produtiva. O outro aspecto é o inverno que está mais forte, à medida que passam alguns dias, a água esfria, ficando mais fria, diminui a movimentação dos peixes”, disse. Segundo Agostinho, como a pesca é realizada com anzol, é normal que o peixe fique mais disperso e diminua a movimentação. “Esse comportamento é próprio de espécies de sangue frio, como são os peixes”, esclarece.

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