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Interior

Estudo quer deixar hidrovia do rio Paraguai navegável o ano inteiro

Renata Volpe Haddad | 18/05/2017 14:27
Produção de dois milhões de toneladas de grão de MS,
pode ser transportado pela hidrovia, no rio Paraguai.
(Foto: Divulgação)
Produção de dois milhões de toneladas de grão de MS, pode ser transportado pela hidrovia, no rio Paraguai. (Foto: Divulgação)

Transportar a produção de grãos pelas hidrovias representa apenas 20% do valor pago pela utilização das rodovias. Os dois portos existentes em Mato Grosso do Sul, um em Porto Murtinho e outro em Corumbá, são suficientes para que o carregamento de 2 milhões de toneladas de grãos seja feito pelo rio Paraguai. Mas o que falta para que isso seja colocado em prática, é manter a hidrovia navegável, mesmo em época de estiagem.

O Governo Federal solicitou, há dois anos, um Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental da Hidrovia do Rio Paraguai, para a UFPR (Universidade Federal do Paraná).

De acordo com o coordenador do ITTI (Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura e professor, Eduardo Ratton, o estudo comprovou que o custo do transporte é mais barato pela hidrovia. "A carga que hoje é transportada pela rodovia de caminhão até o porto de Santos ou Paranaguá, pode ser levada de navio. Hoje, um carregamento de soja sai do Mato Grosso até Paranaguá e o transporte é de 1.800 quilômetros. O custo pela hidrovia é 20% do custo rodoviário", explica.

Pela hidrovia, a produção será escoada para os portos da Argentina e Uruguai, onde têm processamento de grãos. Mato Grosso do Sul, segundo Ratton, tem capacidade de transportar 2 milhões de toneladas pela hidrovia no rio Paraguai. "Os dois portos existentes no Estado, são suficientes para o transporte, mas o que falta é os portos se adaptarem para essas cargas diferenciadas, falta capacidade de armazenagem", comenta.

Estudos foram feitos ao longo de dois anos em parceria entre a Marinha de Ladário e Universidade do Paraná. (Foto: Divulgação)
Estudos foram feitos ao longo de dois anos em parceria entre a Marinha de Ladário e Universidade do Paraná. (Foto: Divulgação)

Além disso, o que precisa para que a hidrovia seja de fato utilizada é manter o rio Paraguai navegável até mesmo em período de estiagem. "O Governo Federal tem que manter a hidrovia operacional em todos os anos até na época da estiagem. Para isso, temos que garantir um custo não tão alto para a realização da dragagem, para manter a hidrovia navegável em toda época do ano", diz.

Ratton explica que a dragagem é um serviço de desassoreamento, alargamento ou escavação de material do fundo de rios e canais de acesso a portos. O principal objetivo é realizar a manutenção ou aumentar a profundidade para a navegabilidade.

O coordenador do estudo diz ainda que se a hidrovia fosse utilizada, o preço dos produtos para o consumidor final seria mais barato. "O produtor paga 126 dólares pelo transporte pela rodovia. Pela hidrovia, o custo seria de 30 dólares. Isso impacta os preços até chegar no consumidor final".

Por fim, Ratton alega que os grãos produzidos no país, não são transportados pelos rios também por um erro de cultura. "Hoje não há embarcações adaptadas para o transportes. As companhias de navegação que transportam minério de ferro reconhecem que têm capacidade de transportar outras cargas pela a hidrovia", finaliza.

Corumbá - O Estudo de Viabilidade será apresentado amanhã (19) em Corumbá, distante 419 km de Campo Grande. O Estudo foi produzido por uma equipe multidisciplinar formada por dezenas de professores doutores, acadêmicos de graduação, mestrado e doutorado do ITTI da UFPR no trecho brasileiro da Hidrovia, que corresponde a 1270 km, entre Cáceres e Porto Murtinho.

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