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Meio Ambiente

Ipês tomam conta da cidade e compensam calor em Campo Grande

Elverson Cardozo | 13/09/2012 16:45
Raquel de Paula, aluna do colégio Evangélico. Na quadra da escola, um pé de ipê chama a atenção de quem passa. (Foto: Minamar Junior)
Raquel de Paula, aluna do colégio Evangélico. Na quadra da escola, um pé de ipê chama a atenção de quem passa. (Foto: Minamar Junior)
Ipê tem aproximadamente 50 anos. (Foto: Minamar Junior)
Ipê tem aproximadamente 50 anos. (Foto: Minamar Junior)

Eles estão por toda parte, colorindo a cidade e encantando os moradores. Há quem diga que os ipês é uma das características mais marcantes de Campo Grande e deveriam até encabeçar a lista de patrimônios regionais tombados, tamanha beleza.

Exagero ou não, o fato é que é que eles dão um novo aspecto à cidade, viram pontos turísticos e acabam compensando o dias de agosto/setembro, que são marcados pelo tempo seco, época em que costumam florescer.

A natureza, generosa, fez com que alguns nascessem em locais pouco prováveis, mas, no final das contas eles acabaram decorando a fachada de uma casa, servindo de arranjo gigante no comércio, emoldurando canteiros, avenidas e até embelezando um bairro inteiro.

Quem tem um em casa cuida para não perder porque sabe o poder que ele têm em dar destaque ao imóvel. Na Vila Espanhola, para achar a residência do militar aposentado José Guilherme Colombo, de 63 anos, basta seguir o rastro das flores que tomam conta de um trecho da rua dos Andradas.

Dois dos três pés de ipês plantados em frente à residência estão em sua “plenitude”, com define o morador. Há 1 semana, ele tem o prazer de avistar enormes cachos de flores nas cores rosa e branco. “Acho que é um hibridismo”, arrisca.

De tanto que encanta teve gente que queria cortar o galho para fazer arranjo de casamento, comenta o aposentado. “Aí não, né?”, brinca, ao afirmar que já perdeu as contas de quantos admiradores pararam para tirar foto ao lado da árvore que ele viu crescer, desde que se mudou de Minas Gerais para Campo Grande.

Na Vila Progresso, um pé da mesma espécie serve de decoração tanto para um conjunto de salas comerciais que estão para alugar na rua Antônio Correa, quanto para o Motel Ipacaraí, que fica na rua de baixo.

Ipê da rua Antônio Correa, na Vila Progresso. (Foto: Elverson Cardozo)
Ipê da rua Antônio Correa, na Vila Progresso. (Foto: Elverson Cardozo)
Ipês localizados na rua dos Andradas, na Vila Espanhola. (Foto: Elverson Cardozo)
Ipês localizados na rua dos Andradas, na Vila Espanhola. (Foto: Elverson Cardozo)

Já o Rita Vieira parece ser o bairro dos ipês amarelos. Só na rua Ana Brasília há três deles, em casas, terrenos baldios e até no meio do mato. Um dos maiores fica dentro de uma área que comporta mais de cinco apartamentos, na rua Olinda Alves.

A árvore, de tão grande, chega a ultrapassar o telhado do imóvel. Proprietário de um mercado localizado na esquina, Marco Antonio de Silveira, de 55 anos, não perde a oportunidade de registrar tudo com a câmera fotográfica. “É o ipê mais bonito de Campo Grande”, comenta.

Mas a vivacidade do amarelo também está presente no centro da cidade. De longe dá para ver o gigante que sauda, há anos, funcionários, professores e alunos do Colégio Evangélico, localizado na rua das Garças, nos fundos de uma igreja instalada na avenida Mato Grosso.

A árvore, que tem cerca de 30 metros e aproximadamente 50 anos, fica na quadra da escola. “Eu vi esse pé de ipê crescer”, comenta a diretora Maria Madalena Messias, de 74 anos, que já se acostumou a receber visitas de biólogos, curiosos e de jornalistas.

Lourdes Ferreira Veira, de 55 anos, secretária do colégio, conta que há 24 anos tem o prazer de ver o ipê florescer. “Primeiro cai as folhas, depois começam as flores, mas é rápido, dura uns 15 dias, no máximo”, explica.

Na rua Olinda Alves, no Rita Vieira, ipê ultrapassa conjunto de apartamentos. (Foto: Minamar Junior)
Na rua Olinda Alves, no Rita Vieira, ipê ultrapassa conjunto de apartamentos. (Foto: Minamar Junior)

Do lado de fora da escola, o que mais se vê é gente registrando o “espetáculo temporário”. Alguns não se contentam e pedem para entrar no pátio da escola. João Carlos Soares da Silva, de 41 anos, mais conhecido como professor Joca, levou a mãe para uma sessão de fotos. “Isso aqui é o espetáculo do ano”, comenta.

A pequena Raquel de Paula, de 10 anos, aluna do colégio, também se rendeu aos flashes e pousou para o Lado B. Se pudesse, contou a garota, teria um em casa. “Mas tem que ver se meu pai vai deixar”, disse.

O que preocupa a diretora da escola é saber que terá de deixar o terreno daqui um tempo porque a área, alugada, será entregue ao proprietário. “Mas eu também vou plantar lá onde a gente for”, finalizou.

Segundo a bióloga Fernanda Scolari, de 29 anos, a vegetação de Campo Grande é secundária, mas na maior parte de Mato Grosso do Sul predomina o cerrado, por isso é comum encontrar ipês no Estado.

Um pé geralmente atinge entre 20 a 25 metros e pode durar anos. “Tem estudo científico de ipê que durou mais de 100 anos”, explicou. “Se tem figueiras centenárias na Afonso Pena porque não pode ter ipês centenários na cidade?”, completou.

Os ipês, antes de florescerem, derrubam as folhas. É a principal diferença com relação às outras espécies, como o Jacarandá. Mas a beleza, além de rara – porque acontece uma vez ao ano -, dura pouco, no máximo 15 dias e depende, acima de tudo, de fatores externos como o clima e o vento. Uma muda de ipê pode variar de R$ 18,00 a R$ 30,00.

Confira a galeria de imagens preparada pelo Lado B

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