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Meio Ambiente

Moradores de condomínio convivem com morcegos e CCZ faz alertas

Renata Volpe Haddad e Viviane Oliveira | 10/05/2015 12:21
Morcegos estão aparecendo qualquer hora do dia em condomínio de luxo.(Foto: Marcelo Calazans)
Morcegos estão aparecendo qualquer hora do dia em condomínio de luxo.(Foto: Marcelo Calazans)

Moradores de um condomínio de luxo localizado no bairro Monte Castelo, em Campo Grande, sofrem com aparição de morcegos desde que o prédio foi construído, há 14 anos. De lá para cá, eles já encontraram mais de 20 animais nas sacadas e dentro dos apartamentos. Diante do susto e falta de conhecimento, muitos moradores matavam os animais e não informavam ao CCZ (Centro de Controle de Zoonoses).

De acordo com o zelador do condomínio, Osiel José de Lima, 41, este ano o número de morcegos encontrados dentro dos apartamentos já é um recorde. “Isso quando os moradores ligam nos comunicando. Segunda-feira (4), chamamos o CCZ a tarde para retirar dois morcegos, quando foi a noite uma moradora achou um animal dentro da sala, mas como estava tarde, ela mesma matou”, comenta.

O zelador afirma que sempre acha morcegos nas lixeiras do prédio e que alguns moradores não querem ligar para o centro de zoonoses. “Tem que protocolar nome, falar se tem cachorro ou gato dentro do apartamento e os moradores não querem passar por toda essa burocracia, eles acabam matando por conta própria”, ressalta.

Desde quando comprou o apartamento, a funcionária pública Elizabeth Haralampidies diz ter problemas com os morcegos. Moradora do nono andar, ela comenta que nem a tela nas janelas e sacada resolveram o problema. “Quando eu me mudei, tinham muitos pés de manga ao redor do prédio e era por isso que aqui vivia infestado desses bichos. Sempre que achava um dentro de casa ligava para o Corpo de Bombeiros, agora para não ter mais esse tipo de problema, eu não abro mais as janelas”, afirma.

Moradora encontrou morcego pendurado na janela do quarto da filha logo pela manhã. (Foto: Fernando Antunes)
Moradora encontrou morcego pendurado na janela do quarto da filha logo pela manhã. (Foto: Fernando Antunes)

Preocupação - A surpresa aconteceu também para a recente moradora do prédio, Elen Costa, 33. A desenhista que mora em Campo Grande há oito meses conta que encontrou morcegos duas vezes no quarto da filha de cinco anos, na parte da manhã. “Eu abri a janela do quarto logo pela manhã e quando voltei, o bicho estava pendurado de cabeça para baixo fazendo aquele barulho estranho”, explica.

Elen ligou para o CCZ que foi retirar o animal vivo, mas deixou recomendações. “Eles pediram para que eu limpasse tudo com luva e álcool. Agora eu não abro mais as janelas e minha filha não dorme mais no quarto dela”, finaliza.

Moradora relata que morcegos continuaram invadindo o apartamento mesmo depois de ter colocado tela nas janelas e sacada. (Foto: Fernando Antunes)
Moradora relata que morcegos continuaram invadindo o apartamento mesmo depois de ter colocado tela nas janelas e sacada. (Foto: Fernando Antunes)

Não pode matar - A responsável pelo CCZ em Campo Grande, Júlia Cristina Maksoud, alerta que mesmo sendo um dos portadores do vírus da raiva é proibido o extermínio da espécie, considerada essencial para o controle da população de insetos, como o mosquito da dengue. Os morcegos são animais silvestres da fauna brasileira protegidos por lei federal.

Júlia diz ainda que em caso de encontrar o animal vivo ou morto, o órgão deve ser acionado. “A gente orienta o solicitante a colocar um balde ou uma caixa em cima do animal e aguardar a chegada do CCZ", destaca.

Não se deve colocar o bicho em vidro com álcool e muito menos matar e jogar fora, porque depois não tem como fazer o exame para saber se o morcego estava com a doença. Como a espécie tem hábitos noturnos, todo morcego encontrado de dia pode estar doente ou desorientado e que a possibilidade de estar contaminado pelo vírus da raiva é grande. "Na primavera é mais comum encontrar os animais, por ser período de reprodução. No inverno, a possibilidade de encontra-los em área urbana diminuí", destaca Júlia.

Em 2014, foram recolhidos 319 morcegos, enquanto esse ano já são 159 animais da espécie contabilizados pela Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal). Até agora, cinco bichos encontrados no Centro de Campo Grande foram detectados com o vírus da raiva.

O CCZ deve ser acionado toda vez que um morcego for localizado em residências pelo telefones 3313-5000 e 3313-5012. No entanto, observar os morcegos em situação normal, na natureza, não é motivo de alarde.

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