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Meio Ambiente

Municípios do Pantanal tiveram maior perda de áreas naturais em 16 anos

Superfície de água no bioma teve redução drástica, de 21% para 4%, mostra estudo do MapBiomas

Por Cassia Modena | 21/08/2024 08:58
Vegetação seca à frente de morrarias no Pantanal de Corumbá (Foto: Alex Machado/Arquivo)
Vegetação seca à frente de morrarias no Pantanal de Corumbá (Foto: Alex Machado/Arquivo)

Os 16 municípios de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso cobertos pelo Pantanal foram os que mais perderam áreas naturais do bioma entre 2008 e 2023. Estudo feito pelo MapBiomas, divulgado hoje (21), identificou perda de 82% nessas localidades.

Em Mato Grosso do Sul são nove cidades pantaneiras: Aquidauana, Bodoquena, Corumbá, Coxim, Ladário, Miranda, Sonora, Porto Murtinho e Rio de Verde de Mato Grosso. Em Mato Grosso são sete: Barão de Melgaço, Cáceres, Itiquira, Lambari D'Oeste, Nossa Senhora do Livramento, Poconé e Santo Antônio do Leverger.

As áreas naturais consideradas no estudo são vegetação nativa, superfície de água e áreas naturais não vegetadas, como praias  e dunas.

Corixo formado após o período de cheia, no Pantanal de Corumbá (Foto: Alex Machado/Arquivo)
Corixo formado após o período de cheia, no Pantanal de Corumbá (Foto: Alex Machado/Arquivo)

No recorte de 16 anos, destacado pelo MapBiomas, foi instituído o Fundo Amazônia e dada efetividade ao Código Florestal então vigente, ao estabelecer multas aos crimes ambientais previstos.

Quase metade dos municípios brasileiros (45%) perdeu vegetação nativa no mesmo período. Os que tiveram maior proporção de cidades perdendo foram Rondônia (96%), Tocantins (96%) e Maranhão (93%).

Estável e ganho - Ainda na análise referente a 2008 e 2023, o MapBiomas encontrou estabilidade em 18% dos municípios quanto ao nível de vegetação nativa.

Em outros 37%, houve ganho. O bioma com maior percentual de municípios com aumento da vegetação nativa foi a Mata Atlântica: 56%. Os estados com maior proporção de cidades com crescimento registrado foram o Paraná (76%), Rio de Janeiro (76%) e São Paulo (72%).

Há mais tempo - A perda na superfície de água, mesmo na planície alagável que é o Pantanal, foi classificada como acentuada numa análise com intervalo de tempo ainda maior, de 1985 a 2023. Ela era 21% e caiu para 4% em 2023.

Também analisando as perdas nos biomas a partir da metade da década de 1980, o MapBiomas encontrou na Amazônia a maior, historicamente: 55 milhões de hectares de áreas naturais foram alteradas pela ocupação humana. Isso representa 14% de sua cobertura total.

O Cerrado vem atrás da Amazônia. Foram suprimidos 38 milhões de hectares em vegetação nativa entre 1985 e 2023 – uma queda de 27%. Proporcionalmente em relação ao próprio tamanho, esse bioma e o Pampa são os que mais perderam área de vegetação nativa.

Nos mesmos 39 anos de análise, 20% de todo o território nacional perderam áreas nativas. Na avaliação dos pesquisadores da entidade, isso provoca elevação do risco climático – eventos extremos, como as enchentes no Rio Grande do Sul e incêndios que devastam o próprio Pantanal este ano, são alguns dos exemplos que vêm sendo associados.

“A perda da vegetação nativa nos biomas brasileiros tende a impactar negativamente a dinâmica do clima regional e diminui o efeito protetor durante eventos climáticos extremos. Em síntese, representa aumento dos riscos climáticos. Uma parte significativa dos municípios brasileiros ainda perde vegetação nativa; mas, por outro lado, os últimos quase um terço dos municípios brasileiros estão recuperando áreas de vegetação nativa”, comenta o coordenador geral do MapBiomas, Tasso Azevedo.

MS - Na comparação por Estado, Mato Grosso do Sul aparece em 2023 como o 19º com maior proporção de vegetação nativa, no ano mais atual. Era de 51% a cobertura verde em 1985. Ela caiu para mais do que a metade: 29%.

Amapá (1º), Amazonas (2º) e Roraima (3º) são os estados com maior proporção de vegetação nativa.

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