Apesar de crise no Pantanal, bioma que mais queimou no semestre foi a Amazônia
Com 2,97 milhões de hectares queimados, Amazônia foi responsável por 66% da vegetação queimada no 1° semestre
Mesmo com os números alarmantes no Pantanal, dados mais recentes do Monitor do Fogo do MapBiomas mostram que a Amazônia foi o bioma que mais queimou no primeiro semestre deste ano. Foram consumidos 2,97 milhões de hectares da Amazônia, o que representa 66% do total atingido pelo fogo no país.
Em todo o Brasil, a área atingida pelo fogo no primeiro semestre deste ano foi de 4,48 milhões de hectares, sendo que 78% desse total ocorreu em vegetação nativa – a maioria em vegetação campestre (40%).
O Cerrado foi o segundo bioma mais atingido pelas chamas, com 947 mil hectares queimados nos seis primeiros meses de 2024, número que representa um aumento de 48% (307 mil hectares) em comparação ao mesmo período de 2023. A maior parte do fogo ocorreu em áreas de vegetação natural (72%). Em junho, o Cerrado foi o bioma que mais registrou áreas queimadas, com 534 mil hectares.
No Pantanal, 468 mil hectares queimaram no primeiro semestre deste ano, sendo 370 mil hectares em junho – o equivalente a 79% do total. Essa foi a maior área queimada no bioma no primeiro semestre já observada pelo Monitor do Fogo.
O MapBiomas aponta que uma das áreas mais afetadas pelo fogo no Pantanal em 2024 foi nas proximidades da cidade de Corumbá, com 299 mil hectares queimados apenas em junho. Nos seis primeiros meses do ano, a área queimada no bioma aumentou 529%, com 394 mil hectares a mais em comparação à média histórica dos cinco anos anteriores.
Levantamento também mostra que no primeiro semestre deste ano, os Estados com mais áreas queimadas no país foram Roraima, com 2 milhões de hectares (44% do total queimado no Brasil), Pará, com 535 mil hectares, e Mato Grosso do Sul, com 470 mil hectares. Esses três estados representaram 67% do total da área afetada pelas chamas no semestre.
“Esse fenômeno foi intensificado pelas condições climáticas mais secas resultantes do El Niño, criando um ambiente propício para o alastramento do fogo, com desafios adicionais de controle e mitigação”, afirma Felipe Martenexen, pesquisador do IPAM responsável pelo mapeamento da Amazônia no Monitor do Fogo.
Em Junho - De acordo com a pesquisadora no IPAM e coordenadora técnica do Monitor do Fogo, Vera Arruda, em junho, o fogo se concentrou mais no Cerrado e no Pantanal, regiões que enfrentam sua temporada de fogo devido à redução das chuvas e ao aumento das temperaturas. “No Cerrado, é comum queimar mais durante esta época por causa da estiagem, porém a área queimada no primeiro semestre no bioma foi a maior dos últimos seis anos monitorados. Já no Pantanal, a temporada de fogo começou mais cedo do que o esperado, intensificando os desafios para a gestão do fogo”.
Em junho, 1,1 milhão de hectares foram queimados no país – um aumento de 103% em relação ao mesmo período do ano passado (560 mil hectares a mais). Desse total, 81% da área queimada foi em vegetação nativa – a maioria em formação campestre (46%).
Nas áreas de uso agropecuário, 11% das áreas atingidas pelas chamas em junho foram em pastagens. Os Estados que mais queimaram nesse mês foram Mato Grosso do Sul (369 mil hectares), Tocantins (229 mil hectares) e Mato Grosso (202 mil hectares), com destaque para os municípios de Corumbá (MS), Tangará da Serra (MT), e Porto Murtinho (MS).
Seca extrema - Relatório do MapBiomas mostra que a relação entre água e fogo no Pantanal é inegável. A redução drástica da superfície de água associada a eventos extremos de seca cria condições propícias para a ocorrência e propagação de incêndios.
O Pantanal, proporcionalmente, foi também o bioma que mais secou ao longo dos últimos 39 anos. A superfície de água em 2023 foi de 382 mil hectares – 61% abaixo da média histórica. O ano de 2023 foi 50% mais seco do que 2018, quando ocorreu a última grande cheia no bioma. As equipes do MapBiomas elaboraram uma nota técnica que detalha a relação entre seca e fogo no bioma.
Nos últimos meses de 2023, o Pantanal já registrava uma superfície de água inferior à média dos últimos seis anos e equivalente aos anos de 2020 e 2021, que foram os anos mais secos já observados desde 1985. Em 2024, a situação se agravou, com a precipitação acumulada de janeiro a maio atingindo o menor nível desde 2020, indicando um retorno às condições de seca extrema.
“Não tivemos o esperado pico de cheia. Pelo contrário, estamos enfrentando um período de seca que deve se estender até setembro, facilitando a incidência e propagação do fogo”, ressalta Eduardo Rosa, do MapBiomas.
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