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Meio Ambiente

Nascente do Salobra seca e ameaça turismo na Serra da Bodoquena

Com o problema, chuvas carregam sedimentos para o curso d'água e podem assorear e aumentar turbidez do rio

Jones Mário | 27/06/2019 06:31
Nascente do Salobra seca e ameaça turismo na Serra da Bodoquena
Erosão após nascente secar, problema pode ter sido causado por desvio para irrigar fazendas próximas (Foto: Divulgação/IHP)

Apenas pedras e capim pairam no leito seco onde deveria correr água até o Rio Salobra. Além do desastre ambiental, o problema na nascente de um dos principais afluentes do Miranda ameaça o desenvolvimento do turismo em uma região ainda pouco explorada da Serra da Bodoquena.

O problema foi identificado pelo IHP (Instituto Homem Pantaneiro), primeiro via satélite e depois com equipe no local, situado em Bodoquena, próximo aos limites com Bonito e Porto Murtinho. O biólogo Sérgio Eduardo Barreto, coordenador de monitoramento da ONG (Organização Não-Governamental), desconfia que foi feito desvio em ponto mais alto da nascente para utilização da água em fazendas próximas.

“Se encontra seca por motivos que serão averiguados. É necessária uma perícia. A água não desce mais. A gente desconfia que tenha sido desviado para utilização dessa nascente, seja para irrigação ou outra coisa”, conta.

A nascente fica em área de morraria e é conhecida como Salobrão, que junto com a Salobrinha forma o Salobra. Segundo o biólogo, o leito seco oferece perigo ao rio, já que serve de canal para carreamento de sedimentos pela força da água das chuvas.

Nascente do Salobra seca e ameaça turismo na Serra da Bodoquena
Chamada de Salobrão, nascente está localizada em área de morraria na Serra da Bodoquena (Foto: Divulgação/IHP)

“As margens já não têm mata ciliar nenhuma. Qualquer chuva vai carregando sedimentos para o fundo do leito do Salobra sem nenhum tipo de filtração. Vai com agrotóxico, tudo. Esse barro vermelho vai deixando o rio cada vez mais turvo, com águas escuras, e vai assoreando o leito”, detalha Barreto.

Próximo das nascentes, o Salobra percorre terrenos de origem caucárea, o que deixa a coloração de suas águas parda, leitosa e esverdeada. Na planície, as águas tornam-se quase cristalinas ao serem filtradas nos aguapés dos corixos e baías.

De acordo com o biólogo, há esperança de recuperação da nascente, mas a intervenção deve ser imediata. A reportagem procurou o Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), que não retornou até a publicação da matéria.

Nascente do Salobra seca e ameaça turismo na Serra da Bodoquena
Apenas capim e pedras ocupam leito seco do Salobrão (Foto: Divulgação/IHP)

A região do Salobra ameaçada tem potencial turístico que passou a ser melhor explorado recentemente, com parques e refúgios às margens do rio. As cachoeiras são as grandes atrações, das quais a Boca da Onça é a principal, com 156 metros de altura. O local ainda é propício para prática de trilhas e rapel.

Os danos aos cursos d’água são enquadrados como crimes contra a fauna pela lei 9.605/1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais.

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