Novo sistema vai ajudar a mapear áreas para evitar incêndios catastróficos
Após tragédia com fogo no Pantanal em 2020, produtores do bioma ganham ferramenta de prevenção
Um novo sistema de monitoramento foi lançado nesta terça-feira (14) para prevenir incêndios catastróficos no Pantanal, como o registrado em 2020. O Sifau (Sistema de Inteligência do Fogo em Áreas Úmidas) foi apresentado como aliado para tomadas de decisões dos produtores rurais com propriedade no bioma.
Após a tragédia, as queimadas acenderam o debate sobre pesquisas no bioma. O Pantanal, que era tema de dois artigos sobre fogo por ano, passou a ser estudado e resultou em 40 pesquisas anuais. Uma delas gerou a nova ferramenta divulgada hoje.
A Fazenda Vai Quem Quer, localizada em Miranda, a 201 km de Campo Grande, foi o ponto de estudo coordenado por Fabio Padilha Bolzan, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
Os pesquisadores analisaram histórico de área queimada, tipo de vegetação, acúmulo de material combustível e previsão de perigo de fogo. O intuito era encontrar melhores práticas de manejo em áreas úmidas sob proteção de pecuária em pastagens nativas, para melhorar práticas de manejo e indicadores de integridade ecológica.
O experimento foi realizado em um único dia e consistiu basicamente em uma queimada controlada de uma área de 50 hectares, sob supervisão de equipes de Prevfogo e Corpo de Bombeiros.
Desta forma, foram analisados os parâmetros e criadas camadas de informações por meio de mapas para analisar o comportamento da biomassa no local. Este material combustível é a maior preocupação durante o combate ao fogo, já que mantém as chamas acesas sobre a terra, formando o fogo de turfa, mantendo e espalhando o fogo de forma imperceptível.
“Esse sistema é muito importante que vai ajudar a mapear áreas que evitem incêndios catastróficos. As áreas que mais inundam, mais pegam fogo. Cheias e secas extremas. Ambientes de cheia carregam muita biomassa, e se o fogo chega em época de seca, o risco de incêndio é bastante grande. O Fogo no Pantanal deve ser utilizado de maneira sustentável para evitar catástrofes, em benefício de todos”, explicou o professor de pós-graduação em Biologia Vegetal da UFMS, Geraldo Damaceno.
A coordenadora do LASA/UFRJ (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro), Renata Libonati, destacou que a nova ferramenta é uma forma para que todos possam se basear em informações confiáveis para a tomada de decisão de forma a evitar grandes incêndios, qual técnica que deve ser utilizada anualmente para que se diminua o material combustível da região “para que quando cheguem os períodos de fogo, não haja material suficiente para incêndios, criando barreiras para evitar que o fogo se propague”.
O Sifau é um dos produtos do PCA (Programa Corredor Azul), da Wetlands International no Brasil, que tem como objetivo proteger a saúde e a conectividade do sistema de áreas úmidas Paraná-Paraguai.
A diretora executiva da Wetlands, Rafaela Danielli Nicola, explica que como em todas as tragédias, é possível sair renovado ou conseguir tirar boas lições. “Isso nos fez olhar com atenção como poderíamos reagir, também com ações estruturantes e parcerias. Conhecimento tanto acadêmico quanto o conhecimento humano, apoio do LASA/UFRJ. Desenvolver uma forma de aplicar o sistema. Plataforma para se trabalhar de forma bastante prática e ágil”.
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