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Meio Ambiente

ONG volta atrás sobre Formoso, mas agrotóxicos estão em três afluentes do rio

No Córrego Anhumas, tributário do rio, foram detectados oito tipos de defensivos

Por Aline dos Santos | 29/07/2024 12:36
Agrotóxicos foram encontrados em três corpos hídricos que desaguam no Rio Formoso. (Foto: Paulo Francis)
Agrotóxicos foram encontrados em três corpos hídricos que desaguam no Rio Formoso. (Foto: Paulo Francis)

Na reunião extraordinária do Comdema (Conselho Municipal de Meio Ambiente), realizada na tarde da última sexta-feira (dia 26), em Bonito, a Fundação Neotrópica do Brasil corrigiu informação sobre a presença de agrotóxico no Rio Formoso.

Ao contrário dos dados e relatórios repassado ao Campo Grande News, que citavam agrotóxico no rio, os defensivos estavam em três tributários: o Rio Mimoso e os córregos Anhumas e Bonito. Ou seja, águas que alimentam o Formoso, rio cênico azul-esverdeado que corre por Bonito.

O esclarecimento foi feito após pergunta do secretário-executivo de Meio Ambiente, Artur Falcette, que estava com todas as reportagens do Campo Grande News sobre o tema impressas.

Documento repasado ao Campo Grande News citava agrotóxico no Rio Formoso, mas dado foi revisado por ONG. (Foto: Reprodução)
Documento repasado ao Campo Grande News citava agrotóxico no Rio Formoso, mas dado foi revisado por ONG. (Foto: Reprodução)

 Representante da Neotrópica no Comdema, o biólogo Guilherme Dalponti apresentou resultados de levantamentos em 2023 e 2024, com dados mais atualizados do que os divulgados no começo do mês pela reportagem. Em vez de quatro tipos de agrotóxicos, já são oito nos cursos de água do município.

A conversão do uso do solo (sai o pasto e entra a lavoura) rende milhões, mas a adoção da monocultura (soja e milho) também deixa preocupação pelos impactos com uso de agrotóxico e pelas características diferenciadas da Serra da Bodoquena, que tem o chamado ambiente cárstico: cavernas, dolinas (depressão no terreno) e abismos. Desta forma, o solo se mostra frágil do que em outras regiões de MS.

Na Bacia Hidrográfica do Formoso, há agrotóxico em três corpos hídricos. No Córrego Anhumas, foram detectados oito tipos de defensivos: simazina, atrazina, carbendazim, fipronil, imidacloprido, propoxur, quincloraque e tiametoxam.

De acordo com Guilherme, esse afluente do Formoso é enquadrado como classe especial. “Resolução do Conama [Conselho Nacional do Meio Ambiente] não permite que se tenha nenhum tipo dessas substâncias. A classificação de um rio leva em conta vários fatores, como a principal forma de uso, características naturais”, afirma.

Já os outros dois afluentes do Formoso com agrotóxicos – Mimoso e Córrego Bonito - são enquadrados como classe 2, ou seja, é permitido agrotóxico, mas com limite para as substâncias. Em ambos os casos, os defensivos estavam dentro do limite de 2 microgramas por litro.

Na Bacia do Rio do Peixe, o levantamento da Neotrópica detectou quatro substâncias no Córrego Pitangueiras, que é classe especial e não tem nenhum limite de quantidade de agrotóxico aceitável. Os achados foram tiametoxam, atrazina, fipronil e imidacloprido.

Na Bacia do Rio da Prata, as substâncias estavam no Rio Verde, que também é classe dois. A simazina e a atrazina estavam dentro do aceitável, enquanto que para imidacloprido e tiametoxam não há “nível previsto”.

Reunião do Conselho de Meio Ambiente foi realizada na tarde de 6ª feira. (Foto: Reprodução)
Reunião do Conselho de Meio Ambiente foi realizada na tarde de 6ª feira. (Foto: Reprodução)

Deliberação - Na reunião, Falcette questionou a divulgação de informações para a mídia, antes de os dados serem levados ao Comdema e ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). O representante da Semadesc ainda disse que, em tese, laboratório que fez as análises não poderia ter realizado os exames.

De acordo com a presidente do Comdema, Marla Diniz Brandão Dias, o conselho deliberou pela criação de um programa de monitoramento de agrotóxicos nas águas da bacia hidrográfica do Rio Formoso.

O serviço será mediante contratação de empresa ou entidade parceira, com metodologia científica, considerando os diferentes usos e ocupações do solo e impactos climatológicos. Também terá a participação dos conselheiros no acompanhamento de coletas e análises, para nortear as políticas públicas de meio ambiente na região.

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