ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, QUINTA  21    CAMPO GRANDE 29º

Meio Ambiente

Assolado pela seca, Rio da Prata tinha barragem perto de “sumidouro”

Parecer de pesquisador aponta que material contribuía para diminuir ainda mais o fluxo de água

Por Aline dos Santos | 23/07/2024 11:28
Sacos com terra foram colocados para barragem improvisada no leito do Rio da Prata, aponta parecer. (Foto: Direto das Ruas)
Sacos com terra foram colocados para barragem improvisada no leito do Rio da Prata, aponta parecer. (Foto: Direto das Ruas)

O Rio da Prata, curso de água com leito seco por seis quilômetros, tinha uma barragem improvisada com sacos de ráfia e terra perto de “sumidouro”, ponto em que passa a correr de forma subterrânea. A reportagem apurou que os invólucros estavam a dois quilômetros acima da Ponte do Curê, na MS-178, em Jardim, a 236 km de Campo Grande.

A escassez hídrica assola a Região Hidrográfica do Paraguai, onde fica o Prata. A situação é causada pela falta de chuvas regulares em Mato Grosso do Sul, mas a provável violação da legislação ambiental que acomete o rio foi destacada em parecer encaminhado ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul): a barragem estava contribuindo para diminuir ainda mais o fluxo do corpo hídrico.

O parecer é do pesquisador Tiago Karas, que tem doutorado pela UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e leciona na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) de Jardim.

“Outro exemplo de provável violação das legislações ambientais, constatado in loco e reflexo da ausência de gestão da micro bacia do Rio Prata e irresponsabilidade dos respectivos proprietários privados, fazendas, que abarcam esta área monitorada, foi quando deparou-se (...) com uma pequena barragens feita com "sacos ráfia" e cheios de terra”.

Trecho do leito seco do Rio da Prata, em Jardim, no dia 3 de julho. (Foto: Paulo Francis)
Trecho do leito seco do Rio da Prata, em Jardim, no dia 3 de julho. (Foto: Paulo Francis)

Conforme o parecer, alguns dos invólucros ainda estavam fechados. “E contendo terra vermelha, comprovando que o material utilizado para encher os sacos não são de origem deste rio e que foram ali colocados de forma intencional no único veio de água do leito existente. Outra observação é que a existência dessa barragem foi encontrada muito próxima da localidade onde o fluxo hídrico e superficial do Rio Prata se interrompe, ou seja, local onde havia drástica redução e a barragem estava contribuindo para diminuir ainda mais o seu fluxo”.

Conhecido pelas águas cristalinas, o Rio da Prata corre por Bonito e Jardim. Ele nasce na região da Serra da Bodoquena e deságua no Miranda, que é tributário do Rio Paraguai, o principal do Pantanal.

A saúde hídrica do Prata também está ligada aos banhados, também chamados de brejão, onde drenos secam as áreas úmidas para aumentar a lavoura. Uma solução é transformar o banhado em unidade de conservação.

Desolador – Em 3 de julho, a reportagem do Campo Grande News não encontrou uma gota de água onde deveria ter rio com até quatro metros de profundidade.  Com a chuva neste mês, a água voltou a correr em trecho de 500 metros, mas em pouca quantidade.

No dia 12 de julho, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) abriu inquérito civil para apurar as causas da sujeira e da seca do Rio da Prata.

Entre os dias 26, 29 de junho e 3 de julho, o Instituto Guarda Mirim Ambiental de Jardim percorreu trecho de 6,9 quilômetros do rio. No documento, foi constatada a fragilidade da mata ciliar, proximidade de área de pastagem e da estrada, além da barragem.

Na semana passada, água voltou a pequeno trecho do Rio da Prata. (Foto: Direto das Ruas)
Na semana passada, água voltou a pequeno trecho do Rio da Prata. (Foto: Direto das Ruas)

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias