Operação contra tráfico de aves vai cumprir mandados de prisão em MS
A ação da PF é realizada em Campo Grande, Corumbá e Ponta Porã
A Operação Estalo, realizada pela PF (Polícia Federal) contra o tráfico de aves silvestres, vai cumprir mandados em três cidades de Mato Grosso do Sul. Em Corumbá, serão cumpridos dois mandados de prisão preventiva e um de busca e apreensão. Em Ponta Porã, há um mandado de prisão temporária e um de busca e apreensão. Em Campo Grande, também será cumprido um mandado de busca e apreensão.
Deflagrada nesta segunda-feira, a ação vai cumprir, ao todo, 20 mandados de prisão preventiva, 2 temporárias, 7 conduções coercitivas e 33 mandados de busca e apreensão em Pernambuco, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Ceará, Amazonas, Santa Catarina, Roraima e Distrito Federal.
Coordenada pela PF de Pernambuco, a ação é para desmantelar as organizações criminosas que atuam no tráfico de aves silvestres e exóticas no Brasil. Organizado em células, os traficantes trazem as aves do Peru, Equador e Venezuela. O esquema é fomentado pelos criadores de canários, que ganham a vida com a rinha.
De acordo com a Polícia Federal, as aves são adquiridas por valores entre R$12 e R$ 15. No mercado clandestino dos atacadistas, os valores vão de R$130 a R$ 220. Por fim, alcançam o mercado interno, onde são negociados por revendedores locais a preços que de R$ 200 a R$ 300. Já nas rinhas, um canário pode valer R$ 100 mil. Nesse mercado ilegal, as apostas podem chegar a R$ 50 mil.
No último ano, foram mais de 12 mil canários apreendidos nas rodovias e aeroportos dos estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás, Distrito Federal, Ceará, Pernambuco e Amazonas. No curso das investigações foram apreendidas duas mil aves. Na última sexta-feira, em Valparaíso (São Paulo), a PRF (Polícia Rodoviária Federal) apreendeu 280 canários que saíram de Mato Grosso do Sul.
Esquenta – Para legalizar as aves que entram de forma ilegal no Brasil, os suspeitos fraudavam sistemas federais de controle, com falsificações e adulterações de marcações, conhecidas como anilhas.
Dentre os envolvidos, ao menos oito possuem cadastro como criadores amadoristas, alguns com licença cancelada pelo Ibama, em face do envolvimento com o tráfico de aves, evidenciando uso do controle estatal para “esquentar” as aves de procedência ilícita.
Para introduzir as aves clandestinamente no País, a organização criminosa contava com o apoio de um policial civil, que chegava a receber R$ 3.000 por carregamento.
Também foi identificada a utilização de documentos judiciais e administrativos, como autos de depósito e termos de nomeação de fiel depositário, como para camuflar as aves mantidas nos planteis clandestinos.
Boletins de ocorrência policial também foram utilizados para justificar a comercialização irregular das aves pelos criadores amadoristas cadastrados.
Nos últimos dez anos, o Ibama aplicou multas de R$ 30 milhões relativas a transporte clandestino, comércio ilícito e manutenção em cativeiro desses animais.A condenação pelos crimes pode chegar a 50 anos de prisão.