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Meio Ambiente

Para receber lanchonetes, empresa corta árvores e revolta moradores

Árvores foram cortadas para a construção de um food park

Richelieu de Carlo e Rafael Ribeiro | 19/12/2016 14:05
Local onde será construído o food Park, no bairro Tiradentes. (Foto: Richelieu de Carlo)
Local onde será construído o food Park, no bairro Tiradentes. (Foto: Richelieu de Carlo)

“É uma atrocidade o que fizeram”, reclama uma moradora do bairro Tiradentes ao ver mais de 10 árvores cortadas em um terreno no cruzamento da Avenida José Nogueira Vieira com a Rua Marquês de Pombal.

Ali será construído um food parque, com trailers e containers gastronômicos. Para a instalação do empreendimento, dentro da área algumas espécies foram arrancadas pela raiz. Fora, na calçada, foram cortadas no tronco.

Apesar de gostarem da ideia de uma nova opção de lazer, moradores de bairros próximos ao empreendimento reclamam da “destruição” em uma região que quase não é arborizada, por conta dos prédios construídos nas últimas décadas.

“É um crime isso. As árvores precisavam de uma poda, mas não isso que fizeram. Essa região é muito quente, é insuportável, e vai ficar pior”, diz uma moradora, de 41 anos, que não quis ser identificada, residente em um condomínio vizinho ao terreno. Segundo ela, a situação está tão complicada, que, quando leva o filho para passear, tem de atravessar a rua por causa do sol.

A empresária Rosimeire de Souza, 39 anos, tem comércio há 12 anos na região, diz que tudo começou há “uns 10 dias”. Ela comenta que ficou com “muita dó” ao ver as árvores “arrancadas”. “Eu costumava pegar abacate, tinha limão também, as pessoas passavam e pegavam fruta. Uma pena o que fizeram”, lamenta.

Apesar de achar que a criação do food parque pode levar desenvolvimento para a região com geração de empregos e opção de lazer, ela acha que o bairro perdeu. “Não precisavam ter tirado as árvores”.

A comerciante Marilene França, 41 anos, mora em frente ao terreno no bairro Tiradentes há 15 anos e considera o que fizeram somo “erradíssimo”. “Acabaram com a natureza”. Ela comenta que a região é “muito quente” e quando havia as árvores a brisa fresca ajudava a refrescar. “Agora não tem nem mais isso”, lastima.

O marido de Marilene se mostra bem mais inconformado com a situação. “Nós queremos que embarguem isso aí”, disse, com raiva, sem querer se identificar. “Se é a gente [comerciantes do bairro] que faz isso aí, vem a polícia na hora. Mas como é para gente rica, eles podem fazer isso aí. Se nós cortarmos as árvores, vamos presos”.

Ele acredita que a região valorizou muito nos últimos anos com a construção de condomínios e um residencial Villa Damha, na Rua Marquês de Pombal, saída para Três Lagoas. Mesmo assim, faz coro ao lamento, “não precisavam ter tirado as árvores”.

Moradora de um condomínio vizinho ao terreno reclama da 'atrocidade' cometida com as árvores. (Foto: Richelieu de Carlo)
Moradora de um condomínio vizinho ao terreno reclama da 'atrocidade' cometida com as árvores. (Foto: Richelieu de Carlo)
Marilene França mora em frente ao terreno no bairro Tiradentes há 15 anos. (Foto: Richelieu de Carlo)
Marilene França mora em frente ao terreno no bairro Tiradentes há 15 anos. (Foto: Richelieu de Carlo)

Prefeitura – Segundo a Divisão de Fiscalização de Áreas Verdes e Posturas Ambientais da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), a remoção das árvores do local “foi autorizada”.

Em nota enviada ao Campo Grande News, a secretaria de Meio Ambiente garante que novas árvores serão replantadas.“Como as árvores estão embaixo de redes de alta tensão foram removidas e serão replantadas árvores de pequeno porte”, informa a nota.

Segundo a prefeitura, novas árvores serão plantadas no local. (Foto: Richelieu de Carlo)
Segundo a prefeitura, novas árvores serão plantadas no local. (Foto: Richelieu de Carlo)

Food Park – Na esquina do terreno, próximo à rotatória na esquina da Avenida José Nogueira Vieira com a Rua Marquês de Pombal, há um cartaz informando sobre o empreendimento que será construído.

Com o nome de Villa Gourmet, serão instalados food trucks, food bikes, containers, espaço kids, além de estacionamento fechado. São 8.500 metros, sendo que quatro mil vão ser destinados aos trucks e o restante estacionamento. 

Segundo trabalhadores que faziam a retirada das árvores, a empresa responsável pela construção é a Progemix Programas Gerais. A reportagem tentou entrar em contato, mas não atenderam nem retornaram às ligações.

Confira a galeria de imagens:

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