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Meio Ambiente

Pesquisador da UFMS participa de estudo sobre extinção de 40% dos anfíbios

Levantamento aponta que a cada grupo de 5 anfíbios, dois correm o risco iminente de desaparecer do Planeta

Por Gabriela Couto | 15/10/2023 14:53
A rã 'Nyctimantis pomba' foi uma das espécies analisadas no estudo. Esse anfíbio ocorre no Brasil e está ameaçado de extinção (Foto: Diego Santana)
A rã 'Nyctimantis pomba' foi uma das espécies analisadas no estudo. Esse anfíbio ocorre no Brasil e está ameaçado de extinção (Foto: Diego Santana)

A UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) integra um estudo produzido por mais de mil cientistas do mundo que comprovou que mais de 40% dos anfíbios do Planeta estão ameaçados de extinção.

A conclusão do extenso trabalho que revelou uma crise na fauna foi divulgada na Revista Nature. O levantamento apontou que o colapso climático, a destruição de ecossistemas causada pelo homem e as doenças potencializadas pelos dois fatores anteriores levaram 2 entre 5 anfíbios ao risco iminente de desaparecer.

O trabalho reúne dados científicos produzidos nos últimos 20 anos sobre o status de conservação de cerca de 8 mil espécies de anfíbios, considerados os animais mais ameaçados da Terra.

Destas, 41% são classificadas como extintas, criticamente ameaçadas, em perigo ou vulneráveis. A avaliação também conclui que, desde 1980, 120 espécies de anfíbios tiveram melhoria nos status de conservação devido a medidas de proteção.

A partir do trabalho, o intuito é priorizar ações de conservação a nível global e promover políticas de conservação para reverter o grave cenário. Para o co-autor do estudo e professor do Instituto de Biociências da UFMS, Diego Santana, reunir dados para além de fronteiras é fundamental nesta busca por soluções.

“Fazer conservação de espécies a nível regional é super importante, mas existem espécies que estão espalhadas em mais de um país e com ameaças em comum. Então juntar esse time de pesquisadores do mundo todo é uma forma extremamente eficiente de planejar como conservá-los”, enfatiza.

A avaliação anterior produzida a nível global foi divulgada em 2004 e já elencava diversas ameaças estabelecidas a esses animais, como doenças e destruição dos seus habitats. Segundo o professor Diego, a principal novidade do estudo atual é a avaliação do impacto das mudanças climáticas, que constituem a principal ameaça para 39% dos anfíbios.

“Pela primeira vez, a gente está provando que as mudanças climáticas estão causando extinção de anfíbios agora, no presente. Infelizmente, muitas espécies ainda podem ser extintas pelo mesmo motivo”, alerta.

Melanophryniscus klappenbachi, encontrado na região de Porto Murtinho (Foto: Diego Santana)
Melanophryniscus klappenbachi, encontrado na região de Porto Murtinho (Foto: Diego Santana)

O Brasil concentra a maior biodiversidade de anfíbios do mundo, sendo lar de mais de 1,2 mil espécies de sapos, rãs, salamandras, entre outros. No estudo divulgado em 2004, 37 espécies encontradas no Brasil foram classificadas em algum grau de ameaça.

Já de acordo com a publicação atual, 189 espécies se encontram criticamente ameaçadas, em perigo ou vulneráveis. Além disso, 26 espécies foram definidas como possivelmente extintas, já que não foram avistadas em ambientes naturais desde a década de 1980 ou antes.

Os anfíbios são animais que estão tanto no ambiente aquático quanto no ambiente terrestre e, quando encontrados em um determinado ecossistema, são importantes indicadores da saúde ambiental.

Segundo Diego Santana, a extinção dessas espécies implica em um grave desequilíbrio para os ecossistemas. “Eles são predadores de vetores de doenças, de pragas de plantações. Se forem extintos, perdemos esses serviços e a saúde dos ecossistemas. Mas precisamos pensar além da importância de um animal para o ser humano para conservá-lo. Se aqueles animais existem é porque tem todo um histórico evolutivo, toda uma carga genética importante do ecossistema que a gente tem que proteger. A gente não pode perder toda essa diversidade”, conclui.

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