Sabatina de desmatamento de 12,3 mil hectares é marcada por críticas
População participou da audiência pública e por muitas vezes ficou sem defesa nas respostas de divergências
Dezenas de perguntas foram feitas após a apresentação do projeto do EIA (Estudo e Impacto Ambiental) e Rima (Relatório de Impacto Ambiental) para supressão da mata nativa da Fazenda Santa Maria, localizada em Corumbá, próxima à vazante do Corixão, no Pantanal. A medida visa a implantação de brachiaria para alimentar o gado.
A audiência pública durou 2h30 na noite desta quarta-feira (15) e contou com a participação virtual de pessoas do Estado e do restante do País, preocupadas com o pedido.
Conforme apresentação do documento de 2017, a previsão do investimento de quase R$ 6 milhões é dobrar o número de cabeças de gado nos próximos quatro anos. Com 11.030 animais nas áreas já ocupadas na propriedade, a estimativa é chegar a 22.230 após a conclusão da troca de pastagem.
Dos 24,6 mil hectares da fazenda, apenas 35% da mata nativa será preservada, caso o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) autorize o desmatamento. De acordo com legislação estadual, o instituto terá 60 dias para se posicionar após a audiência pública.
Todas as perguntas direcionadas ao órgão estadual que irá dar ou não a licença para a supressão vegetal não foram respondidas. Os questionamentos de pessoas que defendem o Pantanal também ficaram sem defesa ou argumentação de quem apresentou o relatório encomendado pelos donos da fazenda.
Apenas pontos técnicos foram ressaltados, como detalhes da retirada de 44,87% da propriedade. Dentre os pontos, vale ressaltar que se autorizado o projeto realizado há seis anos, serão cortadas todas as 601 árvores do local, com exceção das espécies protegidas como o babaçu, que alimentam animais ameaçados de extinção como a arara-azul.
Os responsáveis pelo estudo asseguraram que as árvores serão demarcadas e também servirão para garantir a sombra e proteção térmica do rebanho de cria, recria e engorda que irá ocupar o local.
Nos três primeiros anos serão retirados 3 mil hectares, a cada 12 meses, e no quarto e último ano de conclusão do projeto, o restante dos mais de 12 mil hectares de vegetação típica do Pantanal e do Cerrado. Além disso, o documento apresentado afirmou que em três dias de análise in loco na região, naquele ano de 2017, foram identificadas 1.293 espécies de animais silvestres diferentes na área a ser suprimida.