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Meio Ambiente

Trânsito matou 4 onças, loba prenha e mais 15 animais silvestres

Se dividido entre 5 primeiros meses do ano, a média é de 5,2 ocorrências por mês, nas rodovias de MS

Geniffer Valeriano | 02/06/2023 15:36
Anta caída na rodovia onde aconteceu acidente com morte no dia 5 de maio. (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Anta caída na rodovia onde aconteceu acidente com morte no dia 5 de maio. (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Faltando um mês para encerrar o primeiro semestre deste ano, as polícias rodoviárias já registraram 26 acidentes envolvendo animais silvestres nas rodovias de Mato Grosso do Sul, 12 só em maio. Se dividido entre os cinco primeiros meses de 2023, teríamos uma média de 5,2 ocorrências por mês.

Conforme levantado através das matérias divulgadas pelo Campo Grande News, além dos prejuízos materiais, feridos e perdas de duas vidas humanas, de janeiro e maio, os acidentes também foram fatais para 15 animais silvestres – 3 onças-pintadas e 1 onça-parda; 2 lobos-guarás, sendo uma fêmea estava grávida, que foram atropelados, resgatados com vida, mas não resistiram; 1 lobinho do mato, encontrado morto; 9 capivaras morreram após serem atropeladas de uma vez só; 5 antas se envolveram em acidentes (apenas uma foi resgatada com vida).

Para a reportagem, Stéfanie Amaral, do Núcleo de Comunicação Social da PRF (Polícia Rodoviária Federal), pontuou que os acidentes ocorrem durante a travessia dos animais na pista. Por termos no Estado do Pantanal e de uma fauna muito rica em espécies, se torna comum que eles trafeguem ou atravessem as rodovias e também encontrá-los mortos às margens das estradas.

Os animais mais comuns a serem encontrados, conforme informado pela policial, são as antas e tamanduás, mas capivaras e jacarés também podem ser vistos, principalmente próximo a Corumbá. Os acidentes acontecem com maior frequência nas BRs 163, nas proximidades da Capital e Anhanduí, e na 262, próximo a Miranda.

Mapa mostra locais onde acidentes noticiados pelo Campo Grande News aconteceram. (Arte: Lennon Almeida)
Mapa mostra locais onde acidentes noticiados pelo Campo Grande News aconteceram. (Arte: Lennon Almeida)

Não há época específica com maior incidência desses acidentes e registros da PRF mostram que durante o ano de 2022 foram registrados 75 ocorrências envolvendo atropelamento de animais nas rodovias federais do Mato Grosso do Sul. Neste ano, até o começo do mês de maio, a polícia rodoviária havia registrado 18 ocorrências da mesma categoria.

Conforme informado pela BPMRv (Batalhão de Polícia Militar Rodoviária), este ano, foram registradas 8 ocorrências de janeiro até maio nas rodovias estaduais. Apesar de parecer pouco, o número representa o dobro dos acidentes que aconteceram no ano anterior.

Terror noturno - Essas ocorrências costumam acontecer durante a noite.  “A visibilidade é prejudicada, o que dificulta com que os condutores antecipem os riscos e reajam a eles em tempo hábil”, disse Stéfanie Amaral.

A capitã da PMA (Polícia Militar Ambiental), Thamara de Britto, explica que por conta da pouca luz no período noturno, os faróis dos veículos fazem com que os animais parem no meio da pista, pois sua visão acaba sendo ofuscada. “O que a gente tem reparado no dia a dia nosso, é que nos períodos do entardecer e do anoitecer, e ao amanhecer, é o período em que vemos mais trânsito de animais silvestres. E até pela questão da luminosidade é onde acontecem mais acidentes, porque os motoristas não conseguem visualizar o animal com antecedência, porque quando eles vêm já estão muito em cima”.

Fatais para os homens - Dois dos acidentes envolvendo antas terminaram com morte dos condutores dos veículos, sendo que um deles aconteceu no fim da manhã de uma sexta-feira, dia 5 de maio.

Thamara de Britto, diz que a gravidade dos acidentes com esses animais está relacionada ao seu porte físico. “Elas [antas] são animais grandes, que têm o peso de um bovino, mas são mais baixos. Então, acabam causando um impacto maior neles”.

A capitã da PMA explica que os trechos próximos ao Pantanal possuem um maior deslocamentos desses animais. As travessias ocorrem principalmente durante o período da cheia, pois nesta época os alimentos e o território em que eles habitam diminuem. “O Pantanal é uma planície e ele demora mais para secar. A gente vai entrar em um período de seca, assim vai diminuir a chuva, mas a gente não consegue falar que o Pantanal vai secar em tanto tempo. Enquanto estiver cheio a tendência é que a movimentação desses animais na BRs seja maior”.

Animal foi encontrado morto ás margens da rodovia MS-379 (Foto: Polícia Militar Ambiental)
Animal foi encontrado morto ás margens da rodovia MS-379 (Foto: Polícia Militar Ambiental)

A PMA não possui um banco de dados com números de atropelamento de animais nas estradas, pois, segundo a capitã, grande parte dos motoristas não notificam nenhuma autoridade quando não há danos físicos ou materiais. Também há casos do animal correr para mata logo após ser atropelado e ser encontrado morto posteriormente.

Para evitar outros acidentes, Thamara de Britto orienta os motoristas a realizarem uma breve pesquisa para que conheçam o histórico das rodovias por onde irão passar.

Já a PRF diz: “Os condutores devem estar atentos às placas que sinalizam a presença de animais na pista e manter velocidade adequada, conforme sinalizado, que permita a reação em tempo hábil. Geralmente, o orientado é uma velocidade entre 60 e 80 km/h”.

Outras ações medidas como a instalação de telas de proteção e túneis ou viadutos para a travessia dos animais podem diminuir as ocorrências desses acidentes, informou a PRF. Porém, cabe ao poder públicou ou concessionárias realizarem esses serviços.

Pegada de animais em túnel "passa fauna" na MS-345, que liga Anastácio a Bonito. (Foto: Àlvaro Rezende)
Pegada de animais em túnel "passa fauna" na MS-345, que liga Anastácio a Bonito. (Foto: Àlvaro Rezende)

Estrada viva - O Estado tem o projeto “Estrada Viva – a fauna pede passagem” em 10 vias, mas apenas uma rodovia foi construída considerando as normas do programa. São seis túneis “passa fauna” para a travessia dos animais ao longo da MS-345, que têm pouco mais de 100 quilômetros. Por lá, circulam antas, capivaras, cachorro do mato, onça.

Conforme o governo do Estado, as ações para reduzir atropelamentos de animais silvestres e proteger a fauna também abrangem as seguintes rodovias: MS-040 (Campo Grande a Santa Rita do Pardo), MS-339 (Miranda a Bodoquena), MS-178 (acesso a Bonito), MS-382 (Guia Lopes a Jardim), MS-180 (Juti a Iguatemi), MS-473 (Nova Andradina a Taquarussu), MS-450 (Estrada Parque de Piraputanga), MS-258 (Sidrolândia e Distrito de Anhanduí) e a Estrada do Turismo de Bonito (que é municipal e dá acesso ao Rio Formoso).

O “Estrada Viva” é um programa ligado à Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos). Três rodovias em obras no Estado, todas em Bonito, utilizam as diretrizes do manual de orientações técnicas: MS-345 (Estrada do 21), MS-382 (Baía das Garças) e a Rodovia do Turismo.

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