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Meio Ambiente

Vizinhos de reserva na Capital dizem que animais estão desaparecendo

Viviane Oliveira | 05/06/2014 08:41
Icremilda mandou fazer um cocho para os animais se alimentarem. Na foto, o quati come pão. (Fotos: Marcelo Victor)
Icremilda mandou fazer um cocho para os animais se alimentarem. Na foto, o quati come pão. (Fotos: Marcelo Victor)
Ave também aproveita para se alimentar. (Fotos: Marcelo Victor)
Ave também aproveita para se alimentar. (Fotos: Marcelo Victor)

No dia dedicado ao meio ambiente, sobram preocupações relacionadas à proteção da natureza. Em Campo Grande, onde a população convive com bichos e vegetação o tempo todo, vizinhos de uma reserva ambiental no bairro Zé Pereira, em Campo Grande, estão preocupados com o desaparecimento de algumas espécies de animais silvestres que viviam no local.

“O jacaré que tinha aqui desapareceu”, lamenta Icremilda Assis dos Santos, 52 anos, que mora no bairro há 23 anos.  O espaço faz parte do Parque Linear que acompanha o córrego Imbirussu. No total, são 100 hectares de área verde, que começa na saída para Rochedo e vai até a saída para Aquidauana. No local há macacos bugios, tamanduás-bandeira, capivaras, peixes, araras, periquitos, tucanos, cobras, mutum, gambá, cutia, mas a grande população é de quatis.

Privilegiada por morar em frente à reserva, na rua Alexadrino Marques, Icremilda é muito conhecida na região por cuidar e dar comida para os animais silvestres que vivem no local. A moradora relembra que quando chegou ao bairro era comum ver os bichos, principalmente os quatis, nas lixeiras das casas em busca de comida.

Com o desenvolvimento urbano e o movimento intenso de veículos, os animais começaram a morrer atropelados na via. Para evitar a saída deles da reserva, Icremilda passou a alimentá-los. Ela fez um cocho onde coloca comida três vezes ao dia para os bichos. O macaco, também ganhou uma cesta na árvore e todos os dias recebe pão, banana e frutas. Depois de várias reivindicações da moradora, o espaço foi cercado e Icremilda colocou um portão, que dá de frente para a casa dela. Assim, tem livre acesso ao local.

Mesmo com todos esses cuidados, os moradores afirmam que os animais estão desaparecendo aos poucos. Segundo eles, o problema se intensificou depois que a Prefeitura desassoriou um lago, que fica na reserva, em março deste ano. “Não foi só o jacaré que desapareceu, outros bichos também estão sumindo”, afirma Icremilda.

Compartilha da mesma opinião o motorista Manásseis Ferreira dos Santos, 57 anos. Ele mora há pouco mais de um ano no bairro e de uns tempo para cá tem percebido que houve redução de animais na reserva. “A gente tem que preservar e cuidar para não deixar os bichos desaparecerem”, destaca. Apesar de o espaço ficar em área urbana, a região tem uma extensa área verde.

Centenas de aves embelezam as árvores do parque. (Fotos: Marcelo Victor)
Centenas de aves embelezam as árvores do parque. (Fotos: Marcelo Victor)
Cutia circulando na mata. (Fotos: Marcelo Victor)
Cutia circulando na mata. (Fotos: Marcelo Victor)

Gestor do Centro de Educação Ambiental Imbirussu, Antônio Carlos Silva Sampaio, diz que os animais estão migrando e não desaparecendo. “Eles se assustam com o barulho de carro, máquinas e é normal procurarem lugar no meio da mata para se protegerem”, diz. Quanto à questão da alimentação, afirma que a reserva tem capacidade de oferecer comida para todos os animais que vivem no espaço. Segundo ele, o ambiente natural cria, regula e equilibra a população.

No caso de animais que vivem em áreas urbanas, a alimentação indevida pode aumentar a reprodução de espécies. “O número de quatis aumentou muito, desta forma, acabam comendo em excesso e deixando sem comida outros bichos que estão em menor quantidade”, explica. Além de desequilibrar a natureza, alimentá-los prejudica a saúde animal.

Icremilda, que conhece quase todos os animais da reserva, inclusive deu nome para cada um deles, não economiza na hora de colocar comida aos bichos. Ela dá pão, melancia, arroz, macarrão cozido e até bolo. “A minha intenção não é que eles percam o instinto, só quero protegê-los”, justifica.

Antônio diz que várias ações serão desenvolvidas, para evitar que os bichos sejam alimentados, como por exemplo, formar um pomar na área. “Os animais silvestres quando são alimentados eles se tornam dependentes do ser humano e deixam de ir atrás do próprio sustento”, destaca. Para evitar queimadas na reserva em época de seca, também há projeto para a construção de um aceiro.

De acordo com a diretora executiva do instituto SOS Pantanal, Lucila Egydio, a urbanização causa a redução e pressiona as condições naturais onde esses animais silvestres vivem. “Algumas espécies se adaptam, mas tem situações que são vitais e cruciais para sobrevivência”, explica.

O Campo Grande News procurou a Prefeitura para saber que tipo de intervenção foi feita no local, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta.

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