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Política

Acirrando racha, aliados de Camila reagem aos veteranos Zeca e Vander

Antes queridinha dos caciques, Camila Jara é "queimada" em nome do "eleitorado conservador"

Por Caroline Maldonado e Ângela Kempfer | 19/02/2024 13:14
Zeca, Camila e Vander, hoje com placar de dois contra um sobre candidatura própria em Campo Grande.
Zeca, Camila e Vander, hoje com placar de dois contra um sobre candidatura própria em Campo Grande.

A pré-candidata do PT (Partido dos Trabalhadores) à prefeitura de Campo Grande, Camila Jara, dá nesta segunda-feira mais um passo de resistência contra velhos caciques do partido. Os diretórios estadual e municipal marcaram coletiva de imprensa, mas estão confirmadas presenças apenas da ala que defende a sua candidatura.

A dupla José Orcírio Miranda (deputado estadual) e o sobrinho dele, Vander Loubet (deputado federal), não participam. Hoje, os dois são as principais pedras no caminho da candidatura própria do PT em Campo Grande.

A relação de Vander e Camila era até próxima no início do mandato da estreante em Brasília, onde os dois parlamentares atuam. Até a novata ser apontada como pré-candidata à prefeitura, ele era um dos grandes defensores da necessidade da renovação política e candidatura própria.

Nos bastidores, a conversa é que o discurso mudou depois que Vander sentiu o poder emplacando a nomeação de aliados em todos os cargos federais disponibilizados pelo governo Lula no Estado. Ele e Zeca, inclusive, apadrinharam Rose Modesto como superintendente da Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste), hoje nome defendido pelos dois como nome para a prefeitura da Capital.

As posições ideológicas também foram se distanciando. Vander e Camila protagonizaram, inclusive, bate-boca nos corredores do Congresso no ano passado, por suposta articulação de Vander a favor do Marco Temporal, uma das bandeiras importantes da esquerda.

Hoje minoria dentro do partido na Capital, a dupla Zeca e Vander recorre ao nome de Lula para tirar Camila de cena.  Zeca afirma que não é contra a candidatura da deputada federal, mas acredita que o partido tem que fazer aliança com representantes do Centro para dar conta de competir no futuro com os candidatos da direita, pois Campo Grande tem uma “base política eleitoral muito conservadora”.

Sobre Rose, Zeca diz que não há uma confirmação se ela quer se unir ao PT, "mas foram iniciadas conversas"e ele espera que ela se manifeste sobre a possibilidade de coligação. Zeca já pensa até em chapa e aponta o deputado estadual Pedro Kemp - hoje apoiador da candidatura própria - como um possível vice de Rose.

“Nós temos que ampliar o leque de alianças para o Centro e a pré-candidatura da Rose, na nossa humilde opinião, simboliza isso. Acho que uma chapa com Rose e Pedro Kemp, por exemplo, seria uma chapa para ter uma envergadura muito maior com as possibilidades portanto de segundo turno. Não tem briga nenhuma, ao contrário tem um bom entendimento que a boa conversa resolve”, argumenta Zeca.

O deputado prefere não fazer previsões de como será o desfecho até o dia do lançamento da candidatura, mas adianta que vai insistir no diálogo em plenária para que os membros do partido se manifestem sobre as possibilidades.

O grupo contrário a uma chapa pura não coloca em dúvida o apoio de Lula a Camila, mas insiste que a estratégia do próprio PT nacional é fazer alianças para conseguir bons resultados nas eleições deste ano.

“Até o último momento, nós vamos buscar o entendimento, a conversa para fazer um amplo diálogo interno no PT, chamar uma plenária municipal de todos os filiados que se interessarem pelo debate do PT em Campo Grande e discutir as duas propostas: vamos partir isoladamente ou vamos tentar construir um arco de alianças com um partido e candidatura como da Rose, que já está no governo Lula, inclusive o partido dela tem três ministérios. O resto é hipótese e não é legal”, diz Zeca.

A assessoria de Camila Jara disse que ela falará sobre o assunto somente na coletiva.

Presidente estadual do União Brasil, Rose disse, recentemente, que esperava o resultado de pesquisas que seriam feitas após o Carnaval para avaliar junto ao partido se seria pré-candidata, mas destacou que o comando nacional do partido quer ter candidaturas em todas as capitais do Brasil.

Ao Campo Grande News, Rose afirmou que nada está definido. "Primeiro, quero dizer que eu respeito a pré-candidatura que o PT já tem hoje. Agora, assim que o União Brasil bater martelo no meu nome, vou buscar dialogar com todas as lideranças dos partidos e tenho ótimo diálogo com as lideranças políticas do PT também. Hoje, todo mundo é pré, tem que ver quem realmente será candidato a prefeito pra depois ver as composições", explicou.

Disputa - Até agora, a "corrida" tem oficialmente seis pré-candidatos a prefeitura de Campo Grande. Além da prefeita Adriane Lopes (PP) e de Camila Jara, já são pré-candidatos o vereador Carlos Augusto Borges, o "Carlão" (PSB), que também é convidado para ser vice em outras chapas.

São pré-candidatos o deputado federal Humberto Pereira, o “Beto Pereira” (PSDB), o vereador André Luís Soares da Fonseca, o “Prof. André” (Rede) e o deputado estadual Pedro Pedrossian Neto (PSD).

O nome da superintendente de Desenvolvimento do Centro-Oeste, Rose Modesto (União), também aparece nas pesquisas internas dos partidos, por isso ela tem recebido convites.

O ex-governador André Puccinelli (MDB) já disse que tem interesses em participar de alguma forma das eleições e "tem conversas e um compromisso com Rose de não tomar nenhuma decisão sem definirem juntos".

O PP também busca apoio do procurador do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), Sérgio Harfouche, que teve 48.094 votos defendendo bandeiras conservadoras, muito semelhantes a da prefeita, na disputa pela prefeitura em 2020.

O PDT (Partido Democrático Trabalhista) prevê colocar o deputado estadual Lucas de Lima (PDT) na concorrência.

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