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Política

Alcides Bernal consultou vereadores sobre o risco de "impeachment"

Zemil Rocha | 16/03/2013 09:01
Bernal cumprimentando o presidente da Câmara na reunião de ontem (Foto: Vanderlei Aparecido)
Bernal cumprimentando o presidente da Câmara na reunião de ontem (Foto: Vanderlei Aparecido)

O prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), chegou a questionar os vereadores, na reunião de ontem, se os integrantes da oposição, que são maioria na Câmara (22 dos 29), estariam gestando um processo de “impeachment” contra ele. E avisou que não teme a cassação: “Não tenho medo, isso não existe”.

Em resposta, o ex-presidente da Câmara e atual 2º vice-presidente da Mesa Diretora, Paulo Siufi, lembrou que foi o vereador Zeca do PT, ex-governador do Estado, que usou a tribuna do Poder Legislativo Municipal para observar que Fernando Collor tentou governar sem apoio do Congresso Nacional e acabou sofrendo “impeachment”. Então, na opinião de Siufi, o prefeito Bernal não deveria tocar nesse assunto, até mesmo porque Zeca não estava na reunião para se defender. Zeca é um dos cinco vereadores que integram a base de apoio de Bernal na Câmara.

Bernal, segundo integrantes da Mesa Diretora da Câmara, voltou a demonstrar muita “arrogância” na reunião com os vereadores. “Chegou a dizer que ele venceu a eleição e que vai fazer a administração dele, com os vereadores ou sem os vereadores”, contou Delei Pinheiro (PSD), 1º secretário da Mesa Diretora.

Embora sem o mesmo pragmatismo que o ex-governador Zeca do PT, que conseguiu construir maioria na Assembleia Legislativa já no primeiro mês de governo, o prefeito Alcides Bernal usou, durante a reunião, o mesmo discurso sobre suas origens humildes e a ascenção política que conquistou nas urnas. “A gente não pode falar tudo que ele disse lá dentro, mas o prefeito chegou a dizer que saiu da barranca do Rio Paraguai e venceu todos os poderosos”, revelou Delei.

Reunião forçada – O primeiro secretário da Mesa Diretora da Câmara, Delei Pinheiro, saiu da sala de Alcides Bernal, no começo da noite de ontem, com a impressão de que a reunião só aconteceu por insistência do líder do prefeito, vereador Marcos Alex Azevedo de Melo, o Alex do PT. “Essa reunião só aconteceu porque o líder do prefeito forçou, senão não teria tido”, afirmou o dirigente da Câmara. “E o prefeito nem deixou o Alex falar”, emendou.

Sobre o tema principal da reunião, a definição de sede para a Câmara de Campo Grande em razão da ordem judicial de despejo dos vereadores, conforme Delei, “nada de concreto foi apresentado”. Bernal nem mesmo teria demonstrado preferência por algum prédio. “Só disse que está estudando, analisando”, informou.

Ao final da reunião, à imprensa, Bernal declarou que uma comissão da prefeitura vai avaliar a “relação custo-benefício” entre as três opções até agora apresentadas: a desapropriação do atual prédio da Câmara, no bairro Jatiuka Park, a mudança para a antiga Rodoviária, no bairro Amambaí, e a transferência para a sede anterior da Câmara, no Paço Municipal.

Os vereadores da Mesa Diretora tentaram tratar de outros temas, mas Bernal teria se recusado a falar sobre eles. “Tentamos falar de alguns temas, mas ele não quis falar mais nada”, reclamou Delei.

Durante o encontro, Bernal anunciou que enviará à Câmara um projeto em regime de urgência, mas não deu detalhes dessa sua primeira proposta a ser submetida aos vereadores da Capital. “Disse que é de grande relevância para o município de Campo Grande, mas não detalhou”, informou o dirigente. “Senti que ele quis sentir, avaliar o termômetro da Casa”, acrescentou.

A relação conflituosa de Bernal com a Câmara não melhorou em nada com a reunião de ontem, na avaliação de Delei. “Nem um centímetro”, disse o vereador do PSD.

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