Após crise, Alcides Bernal sugeriu "contrato de apoio" a vereadores
Uma reunião política tensa, marcada por pedido para assinar “papel em branco” e abandono de vereadores. Assim foi o encontro de quarta-feira (26) entre o prefeito eleito Alcides Bernal (PP) e vereadores eleitos de Campo Grande.
Em busca de apoio para os próximos quatro anos e de emplacar um candidato de sua escolha à presidência da Câmara de Vereadores, Bernal propôs que os vereadores presentes assinassem um papel em que havia apenas um cabeçalho, e a frase “Os vereadores que assinam abaixo seguem o prefeito”.
O clima da reunião ficou tenso quando alguns vereadores questionaram o conteúdo vago do papel e o prefeito eleito teria se sentido ofendido. A reportagem apurou que Bernal chegou a dizer que o documento a ser assinado não havia sido feito por ele.
Descontentes com a situação, os vereadores eleitos Eduardo Romero (PTdoB) e Elizeu Dionízio (PSL), que não fizeram parte da base aliada de Bernal nas eleições, se retiraram da reunião.
“Ele achou que pensávamos que ele agia de má fé, e se ofendeu. Mas não posso assinar algo que depois ele pode propor uma lei qualquer e apresentar o documento para dizer que nós concordamos”, declara Elizeu Dionízio.
Outros vereadores também se sentiram desconfortáveis e reclamaram, afirmando, em geral, que o documento amarrava os parlamentares a Bernal. Entre eles, a queixa comum é a de que Bernal precisa de "mais tranquilidade, além de mais transparência para conquistar respeito".
O episódio é mais um na relação tumultuada com a Câmara de Alcides Bernal, antes mesmo de tomar posse como prefeito. Ele foi derrotado em projetos que envolvem sua administração, com destaque para o projeto do Orçamento, que reduziu de 30% para 5% o percentual de suplementação aos investimentos municipais que pode fazer sem consultar o Legislativo.
A relação também ficou tensa depois de declarações de Bernal que foram consideradas ofensivas pelos vereadores.
Ele foi procurado pela reportagem nesta noite, mas não atendeu as ligações.