Bernal resiste às especulações e diz: "vamos ganhar sem dinheiro"

O deputado estadual e candidato do PP à Prefeitura de Campo Grande, Alcides Bernal, contrariou as especulações de que não iria à disputa e teve homologado seu nome na convenção no último sábado. Agora falta a indicação do vice.

O próprio Bernal reconheceu que foi assediado pelos principais concorrentes na disputa para que abrisse mão do projeto para se aliar a eles. A persistência, segundo ele, tem como motivação as pesquisas que o apontam nas primeiras posições na preferência dos eleitores.

Nascido em Corumbá, Bernal tem 47 anos é casado e tem três filhos. Advogado, o progressista iniciou a carreira política por conta da popularidade propiciada pelo rádio, veículo em que começou a trabalhar em 1992.

Seu primeiro mandato como vereador em Campo Grande ocorre na eleição de 2004. Quatro anos mais tarde, conseguiu reeleição para o cargo com recorde: mais de 12 mil votos. Em 2010 é eleito deputado estadual com 26,1 mil votos.

Definindo-se como defensor da família, Bernal defende prioridade de investimento no jovem. Católico, define sua religiosidade como "acreditar em Deus". “Vou à igreja não por causa do padre, mas por causa de Deus”.

De olho na disputa que vai estrear, diz que “chegou a hora da mudança” e prega uma nova maneira de administrar.

Além disso, destaca que boa parte das obras que mudaram o visual da Capital tem participação do PP, que detém o comando do Ministério das Cidades em Brasília (DF). “Ninguém comenta”, critica.

Em relação à expectativa para a campanha eleitoral, Bernal diz que a sua será a “do tostão contra os milhões”.

“Aposto no eleitor de boa fé, consciente que não vende seu voto, que não aceita ser desrespeitado. Estou achando que vamos ganhar esta eleição sem dinheiro”, declarou sobre as informações de que não teria estrutura financeira para a empreitada.

A seguir, o deputado responde a oito tópicos perguntados a todos os candidatos.

Aborto

"Só em casos extremamente graves. Sou a favor da vida."

Pena de morte

"Sou contra. Ainda mais com esta Justiça que para os ricos são todas as benesses e para o pobre todo o rigor."

Eutanásia

"Só em casos definitivos. Sou defensor da vida, mas você deixar a pessoa vivendo, quando na verdade ela está vegetando, deve-se repensar".

Reforma política

"É uma necessidade deste País. Valorizar os partidos políticos. Estabelecer critérios como o Ficha Limpa, que na verdade é obrigação. Sou a favor do financiamento público de campanha para colocar os partidos em igualdade de condições. Mas tem que ser na teoria e na prática. Você veja: proibiram shows, brindes, mas por outro lado há a contratação de centenas de cabos eleitorais.

A reeleição pode até ter, mas desde que haja controle para que a máquina não seja usada na campanha. Do jeito que está sou a favor da reeleição, mas que haja fiscalização sobre o uso da máquina. Defendo a unificação das eleições para que o eleitor tenha uma escolha mais tranquila até para não ter que ficar votando de dois em dois anos.

Sistema de governo

"Acho que o ideal seria o parlamentarismo, mas é melhor aprimorar o presidencialismo."

Reforma administrativa

"É uma necessidade também. Enxugar a máquina pública para ser mais eficiente. E evitar o desperdício. Tem que estabelecer o critério de concursos e transparência total. O problema da estabilidade é que muito funcionário público acha que não precisa produzir. O critério que deve prevalecer é o da produtividade."

Trânsito e punição para condutores que provocam mortes:

"Em relação à Lei Seca, defendo que a interpretação seja a seguinte: se o cara sai e dirige embriagado não vale mais o direito individual, como se recusar a fazer o bafômetro, mas o interesse público. Se ele recusa reconheceu a culpa. No caso de cometer um atropelamento, estava em alta velocidade, participando de racha, este camarada tem que ser tratado como criminoso.

Temos que ter sinalização semafórica inteligente, onda verde. No cruzamento da Via Parque com a avenida Mato Grosso passou da hora de ter um viaduto. A Secretaria de Planejamento Urbano não funciona. As unidades habitacionais ficam cada vez mais longe do Centro e o transporte coletivo fica ruim, o que leva a compra de motos, aumentando, por consequência, o número de acidentes, sequelados e mortos."

Educação e saúde: o que fazer para fazer que estas áreas deixem de ser propostas prioritárias em campanhas e sejam efetivadas em qualidade durante os mandatos?

"Na Saúde, o que falta é uma boa gestão, porque dinheiro e profissionais não faltam. O grupo que está aí há 30 anos não conseguiu resolver. Constrói um monte de prédios, fazem propaganda danada e na hora do funcionamento não ocorre. Remédio é só dipirona e dicoflenaco. E tudo é virose. Tem médico que chega atrasado, não atende pacientes e se sente tão à vontade porque conta com a conivência da administração. Tem que fazer com quê o profissional atenda bem e o usuário saia satisfeito. E para mim o cara (médico) que quer trabalhar, tudo bem, mas quem não quer, fora.

Em relação à educação, evoluiu, mas precisa criar mais escola em tempo integral, unir à comunidade ao ambiente escolar. Educação é o grande caminho que leva à evolução do ser humano. Caso for prefeito vou colocar gente técnica para me ajudar."

Declaração de bens

"Não me lembro de cabeça. Mas eu trabalho muito. Eu trabalho porque gosto de trabalhar, porque preciso me sustentar e porque gosto de ganhar dinheiro. Não sou multimilionário, mas tenho o suficiente para tocar minha vida com tranquilidade. Eu ganho dinheiro, não posso reclamar. Sou grato a Deus, meus clientes, anunciantes."

(A prestação de contas de Alcides Bernal à Justiça Eleitoral em 2010 apontava patrimônio de R$ 287,3 mil. Entre os bens, saldo de R$ 180 mil em espécie, imóvel em Campo Grande e uma Nissan Frontier.)