Câmara diverge sobre CPI dos tapa-buracos e cobra secretário
Os vereadores de Campo Grande ainda divergem sobre abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar operações irregulares de tapa-buracos. Evidências frágeis e “pressão” do Executivo são apontadas como empecilhos para o início do processo, tendo por contrapartida a necessidade de se ouvir “uma boa explicação” do secretário de Infraestrutura, Valtermir Brito.
Conversa prévia é defendida pelo presidente da Casa de Leis, Mario Cesar (PMDB), ao entender que falta planejamento e fiscalização dos serviços executados com anuência da Seintrah (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação). “As ordens de serviço não saem da cabeça das empresas, mas por direcionamento”, pontuou ao reforçar necessidade de explicações mais detalhadas do secretário.
Tal diálogo, conforme Chiquinho Telles (PSD), encontraria guarida na realização de audiência pública convocada pela Comissão Permanente de Obras e Serviços Públicos. Se adotada, a alternativa pode sepultar requerimento, a ser apresentado amanhã (3), pelos opositores Paulo Pedra (PDT) e Luiza Ribeiro (PPS).
A estratégia da oposição consiste em justificar abertura de CPI diante de vídeo flagrando tapa-buraco sem necessidade, gastos mensais de R$ 16 milhões e ausência de fiscalização sobre os serviços executados. Neste contexto, estima que conseguirá 12 de 10 assinaturas necessárias para abertura da investigação que pretende avaliar contratos dos últimos cinco anos.
Paulo Siufi (PMDB) e Waldecy Chocolate (PP), por sua vez, preferem aguardar posicionamento de sindicância interna da Prefeitura de Campo Grande e do MPE (Ministério Público Estadual) sobre irregularidades em operações tapa-buraco, ao entender que CPI só deve ocorrer quando esgotadas todas as ferramentas parlamentares para obter explicações.
Tapa-buraco fantasma – Na semana passada, vídeo flagrou funcionário da empresa Selco Engenharia realizando recapeamento na Rua Jornalista Marcos Fernandes Hugo Rodrigues, no Parque dos Poderes.
O porteiro Eder Palermo, 39 anos, gravou com seu celular imagens do circuito interno de um condomínio de luxo sobre a ação e divulgou na internet. Com isso, o caso ganhou repercussão nacional.
Conforme a empresa, o funcionário flagrado foi demitido por ter agido com “dolo e má fé”. Esta também ressaltou, em nota divulgada a imprensa, que “nunca orientou o funcionário a agir da referida maneira e que condena a prática, estando tomando todas as medidas ao seu alcance para a correta punição e assegurar que fatos lamentáveis como esse não voltem a ocorrer”.
A Prefeitura suspendeu o contrato com a empresa e o funcionário assumiu a responsabilidade pelo erro.